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Queda de laje tem ação de prevenção

Campanha foi motivada pelo alto índice de vítimas desse tipo de acidente no Grande ABC

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
15/11/2014 | 07:00
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Divulgação


Local para estender roupa, empinar pipa e confraternizar, as lajes das residências, principalmente na periferia das cidades, são cenários de muitas tragédias, ocasionadas pela queda de pessoas de todas as idades. Para conscientizar a população sobre o perigo dessas áreas, a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, em parceria com a APM (Associação Paulista de Medicina) – Regional São Bernardo e Diadema – lançou ontem, na sede da entidade, uma campanha de prevenção de quedas de laje. A iniciativa tem o apoio da Sociedade Brasileira de Coluna e da Rede de Reabilitação Lucy Montoro.

Há tempos o neurocirurgião especialista em coluna e presidente da APM regional, Marcelo Ferraz de Campos, vê a necessidade de uma ação que alerte sobre a questão. Em estudo desenvolvido pelo médico para uma tese de mestrado, ele constatou que, das 100 pessoas que chegaram ao Hospital Heliópolis (a maioria residente no Grande ABC), com lesão medular, entre 2000 a 2006, 23% tinham sofrido queda da laje. “É uma fatalidade que pode ser prevenida com custo zero e resultados imediatos”, fala Campos. “Nos trabalhos de epidemiologia, o Grande ABC se assemelha à região da periferia da Capital. Nosso objetivo é levar essa campanha à APM da Capital, para que tenha abrangência maior”, acrescentou.

PERFIL

De acordo com a pesquisa, 80% das vítimas são homens entre 18 e 45 anos. No levantamento foi constatado que em 2011, no Estado de São Paulo, foram registradas mais de 2.500 internações causadas por quedas acidentais de estruturas como lajes, balcões, sacadas, muros e telhados. A média de permanência de pacientes com lesão medular no hospital é de três meses. No total, as internações custaram R$ 3,2 milhões ao SUS (Sistema Único de Saúde) paulista.

A secretária estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Linamara Rizzo Battistella, presente ao lançamento da campanha, citou um exemplo de como a iniciativa de prevenção auxilia na economia do dinheiro público, podendo ser destinado à ampliação da rede de atendimento de Saúde. “Com as campanhas sobre os riscos de ingerir álcool e dirigir, o que se poupou de recurso de atendimento à emergência comprou-se um hospital no valor de R$ 50 milhões, resultado de seis meses de economia, mostrando como a prevenção é capaz de provocar mudança para o gestor público e fazer diferença na vida das famílias.”

Ocorrências não são registradas no momento do atendimento

Ao fazer uma busca no sistema público de Saúde, é difícil encontrar o número de atendimentos referentes a vítimas de quedas de laje. Isso porque quando o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) é acionado, os registros dos casos referem-se como “queda de altura”, que pode ser de um andaime, muro, prédios, árvores, entre outros. No DataSUS – banco de dados do Ministério da Saúde –, as internações são registradas como “queda de/ou para fora de edifícios ou outras estruturas”. No Grande ABC, de janeiro a setembro, 77 pessoas foram internadas com esse perfil e três morreram. Os dados, porém, não são necessariamente relacionados a indivíduos que caíram da laje.

A secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Linamara Rizzo Battistella, ressalta a importância de o motivo da queda ser registrado. “É fundamental que haja a documentação da causa do acidente, pois não é possível evitá-lo sem conhecer a origem do problema.”

Ação precisa de reforço das prefeituras

O lançamento da campanha de prevenção de quedas de laje, ontem, na sede da APM (Associação Paulista de Medicina) – Regional São Bernardo e Diadema – , não contou com a participação de nenhum representante das prefeituras de ambas as cidades.

A secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Linamara Rizzo Battistella, lamentou a ausência dos gestores e dos integrantes da equipe de governo e ressaltou a importância da participação das administrações municipais na ação. “Sinto falta dos representantes da esfera municipal, foram todos convidados. Precisamos e esperamos ter o apoio da rede municipal de São Bernardo e Diadema porque necessitamos ter acesso às escolas para mostrar os riscos às crianças. Mas, para isso, precisamos que o agente público municipal esteja tão envolvido na ação quanto estão os médicos das duas cidades e o governo do Estado, por meio da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Queremos contar com todos nessa mudança de hábito”, garantiu.

Para o neurocirurgião especialista em coluna e presidente da APM Regional, Marcelo Ferraz de Campos, os executivos municipais precisam desenvolver ações para evitar os acidentes por quedas de laje. “O objetivo dessa campanha é orientar, principalmente, os órgãos públicos para fiscalizar a criação de muros ou cercas nas casas que não tenham segurança, além de orientar os professores para que façam prevenção direta nas escolas.”

Carreta chegará a Diadema em dezembro

Embora estivesse prevista para chegar a Diadema entre a segunda e a terceira semana de outubro, a carreta de atendimento da Rede Lucy Montoro só desembarcará no município no início do próximo mês, segundo a secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Linamara Rizzo Battistella. A data, porém, continua indefinida.

A titular da Pasta não informou o motivo do atraso, mas afirmou que a demanda de pacientes com deficiência ou mobilidade reduzida já está identificada. “A unidade móvel atenderá 600 pessoas de todo o Grande ABC.”

Linamara acredita que a carreta permanecerá na cidade por, pelo menos, dez dias. Criada em 2009, atende as demandas mais urgentes de fornecimento de órteses, próteses, cadeiras de rodas e meios auxiliares de locomoção em todo o Estado. Conta com consultório e equipe composta por médico fisiatra, técnico de órteses e próteses, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional e enfermeiros.

Neste ano, segundo Linamara, não há a possibilidade de que o veículo passe por outros municípios da região. “A unidade móvel levanta a demanda, reconhece os pacientes e entrega o que é mais simples, mas muitos exigem uma adaptação na cadeira de rodas, uma prótese mais elaborada, então não conseguimos fazer todo o atendimento de imediato, temos de voltar algumas vezes. Por isso, neste ano não temos condições de atender outros municípios, mas nada impede que a gente faça uma programação para 2015.”

Também no ano que vem, Diadema terá a unidade fixa da Rede Lucy Montoro. O equipamento será instalado no Quarteirão da Saúde, na região central, e será dimensionado para atender 250 pacientes por dia, não só diademenses, mas também de São Bernardo, São Caetano e Santo André. Há discussões para que a cidade andreense também receba uma unidade, no Hospital Estadual Mário Covas, mas sem prazo de implantação. 




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