Economia Titulo
Cyrela aposta na região para crescer
Por Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC
20/09/2009 | 07:18
Compartilhar notícia


O desenvolvimento do mercado imobiliário no Grande ABC tem atraído investimento de grandes construtoras, como a Cyrela. Fundada na década de 1960, a companhia entrou na região com a construção do ABC Plaza Shopping e a revitalização da Avenida Industrial, em Santo André. De lá para cá, grandes empreendimentos foram lançados nas sete cidades.

Em entrevista para o Diário, o diretor-geral da Cyrela em São Paulo, Ubirajara Freitas, afirmou que com as facilidades de financiamento, o programa habitacional do governo e com o cenário econômico de volta à normalidade, após a crise financeira, a expectativa é de que nos próximos três anos o segmento siga em constante crescimento, tanto na região quanto no País. A tendência de mercado continua sendo os empreendimentos verticais, tanto pela segurança que oferecem, como pela economia de espaço físico - entrave em cidades como São Caetano, São Bernardo e Santo André. Veja a seguir a entrevista com Freitas.

DIÁRIO - Desde 2007, com o boom imobiliário, a região atraiu os olhos das grandes construtoras de São Paulo. Quando a Cyrela mostrou interesse efetivo em investir no Grande ABC?
UBIRAJARA FREITAS - Há 15 anos. O nosso trabalho na região surgiu com a aquisição do ABC Plaza Shopping, do qual detemos cerca de 40%. Em seguida, fizemos a revitalização da Avenida Industrial também em Santo André, que estava degradada. Depois vieram outros investimentos, como a construção dos hotéis Ibis e o Mercure; o condomínio residencial Chácara dos Pássaros, em São Bernardo, entre tantos outros. Neste mês mesmo, estamos lançando dois megaempreendimentos, um em Santo André e outro em São Bernardo.

DIÁRIO - A região tem sido o grande polo de atenção pelos empreendedores?
FREITAS - O Grande ABC é uma região que nunca se estagnou, tem alguns problemas como São Paulo. Mas, entendemos que a cidade de São Paulo e sua região metropolitana (onde está inserido o Grande ABC) é atrativa em questões de mercado, afinal são mais de 20 milhões de habitantes e 5,2 milhões de lares. Nesse cenário, não tem como olhar o Grande ABC separado de São Paulo, até porque não há separação física. Portanto, o investimento é igual para todas as regiões. Exemplo disso, é que temos vários empreendimentos feitos na região por meio de empresas subsidiárias.

DIÁRIO - Os dois empreendimentos que serão lançados em Santo André e São Bernardo são grandes clubes residenciais?
FREITAS - Os dois são destinados para classe alta. A renda mínima familiar exigida para se comprar unidade no condomínio Novo Jardim, em Santo André, deve ser de R$ 15 mil. Já o Auge, em São Bernardo, exige renda de R$ 12 mil. Eles são completos, mas falar que são luxuosos é relativo. São unidades com até 176 m², voltadas para famílias já formadas, casais de 35 a 38 anos de idade, em média. Vamos investir nos dois empreendimentos, entre construção, terreno, publicidade e comercialização cerca de R$ 240 milhões.

DIÁRIO - A região ainda tem grandes áreas disponíveis para esses empreendimentos?
FREITAS - Está cada vez mais difícil, mas como temos muitas fábricas instaladas dentro da cidade, aos poucos, é natural que saiam e se desloquem para áreas mais afastadas - fenômeno que também está ocorrendo em São Paulo.

DIÁRIO - Há outros empecilhos que atrapalham a instalação de novos projetos habitacionais no Grande ABC?
FREITAS - Quanto maior a complexidade do projeto, maior o grau de dificuldade de aprovação. Mas sempre buscamos áreas desocupadas, degradadas, abandonadas e acabamos melhorando o cenário da cidade, por isso, não há impedimentos. Há, sim, prazos longos que fazem parte do projeto. O nosso prazo médio entre a prospecção da área e a obra do empreendimento concluída é de cinco anos; isso faz parte do planejamento.

DIÁRIO - A Cyrela vê o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, como uma oportunidade de negócio?
FREITAS - O programa foi muito bem elaborado, o governo foi ágil e rápido, sentou com a iniciativa privada quando pressentiu a crise. Se você cria oportunidades de moradia para baixa renda, de zero a três salários mínimos, como o governo fez, a demanda é total, afinal, temos um déficit habitacional no País de 8 milhões de moradias. O governo eliminou os gargalos, diminuindo custos cartorários, reduzindo a burocracia para aprovação de projetos, a Caixa Econômica Federal entrou com o apoio por meio de verba e publicidade, e as construtoras, com as obras. Por causa disso, desde 2006, a Cyrela criou a empresa Living (segregada dentro do próprio grupo) a fim de produzir unidades econômicas, nos padrões do programa federal. Para 2010 a ideia é crescer fortemente dentro desse segmento, já que se abriu possibilidade de mercado gigantesca.

DIÁRIO - É uma tendência as pessoas preferirem prédios em vez de casas?
FREITAS - Pesquisas na Grande São Paulo revelam que 75% das pessoas prefeririam morar em casa, mas o aspecto segurança as levam a morar em prédio (fenômeno notado de 20 anos para cá). Mas, para se ter uma ideia, em São Paulo, do total da área ocupada somente 23% é verticalizada, por isso há muita coisa para se desenvolver. A tendência, principalmente em Santo André, São Bernardo e São Caetano (que não têm tanta oferta de terrenos) é realmente a verticalização, acompanhando as grandes megalópoles.

DIÁRIO - Qual a média de crescimento da Cyrela nos últimos cinco anos, em faturamento?
FREITAS - É gigantesco, acredito que nosso crescimento anual ultrapasse os 30%.

DIÁRIO - O crescimento da construção civil nos próximos anos deverá se manter acentuado?
FREITAS - O mercado ficou parado de 20 a 25 anos devido à estagnação da renda, do crescimento macroeconômico, e consequentemente, pela falta de mercado. Não se criavam mecanismos adequados para financiar a casa própria. A inflação prejudicava o setor já que as prestações eram muito elevadas por causa do risco. A inflação só começou a ser banida em 1994; além disso, nessa época não havia investimentos e desenvolvimento de tecnologias voltadas para a construção civil. Em 2006 e 2007, esses fatores foram banidos, criaram-se mecanismos de financiamento, houve crescimento macroeconômico, a inflação ficou contida. Além disso, desde 2005 as empresas começaram a abrir capital, cessar suas dívidas, ter dinheiro em caixa e competir fortemente. Exemplificando: em 2006 lançamos, na Grande São Paulo, 39 mil unidades habitacionais; em 2007 lançamos 59 mil; em 2008 foram lançadas 68 mil mesmo em meio à crise financeira. No primeiro semestre deste ano lançamos 15 mil unidades, devido aos efeitos da crise, quando o setor da construção civil mais sentiu. Mas no cenário atual, com certeza, vamos terminar este semestre de 2009 com 45 mil unidades lançadas, mesmo patamar de 2005. Tudo o que está sendo lançado neste momento apresenta alta velocidade de vendas. Se não houver nenhuma outra crise teremos nos próximos três anos um forte crescimento.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;