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Proibição da venda de fardas irrita o comércio
Gislayne Jacinto
Do Diário do Grande ABC
02/03/2002 | 00:04
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Empresas que comercializam fardas estimam que terão perdas de até 30% no faturamento com a aprovação na Assembléia Legislativa do projeto do deputado Vanderlei Siraque (PT), de Santo André, que proíbe a venda de fardas e qualquer tipo de vestuário e acessórios para as polícias Civil, Militar, Federal e das Forças Armadas. Neste sábado, elas devem se reunir para traçar estratégias para impedir que a lei entre em vigor.

A afirmação é do diretor financeiro da empresa Varella Uniformes Profissionais, Marcos Roberto Varella. “Vamos conversar em uma reunião amanhã (hoje). Vamos consultar advogados e também queremos falar com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e com os deputados. Infelizmente, estamos sendo tratados como bandidos”.

O diretor da empresa Varella afirmou que se a lei for mesmo sancionada, sua empresa terá prejuízos. Ele calcula uma perda no faturamento de pelos menos 30%. “Esse projeto de lei é autoritário. Em nenhum momento fomos procurados pelo governo ou pelos deputados para conversarmos. Fizeram essa lei em um momento eleitoral porque a segurança está uma catástrofe”, disse.

Varella acha que a lei não impedirá o bandido de confeccionar supostas fardas. Ele também acha que há a possibilidade de até mesmo o mau policial comercializar a sua própria farda. “Por que não tiram as armas das prateleiras? Pode colocar 500 bandidos de fardas, mas se não tiverem armas eles não farão nada”, completou.

O diretor acha que, antes da aprovação do projeto, o deputado deveria ter ido até a sua empresa para saber como são vendidas as fardas. Segundo ele, a loja exige documento de identificação do policial (Registro Estatístico – RE). “O documento é apresentado três vezes: para o vendedor, no caixa e no pacote”.

A empresa Varella está há 40 anos no mercado e hoje, além das fardas, a empresa fornece uniformes para a Sabesp, Metro, Petrobrás e CPTM.

Para o diretor da empresa, haverá dificuldades de se adquirir fardas por parte dos policiais de São Paulo. “O policial vai ficar pelado, pois a polícia não tem estrutura para dar as fardas. O próprio PM é que é obrigado a comprá-las”.

O deputado Siraque afirmou que o seu projeto obriga que, a partir de agora, somente as instituições públicas poderão fornecer fardas, distintivos e acessórios das polícias e guardas municipais e metropolitanas. “É melhor prejudicar as lojas do que prejudicar a segurança da população. O custo/benefício compensa”. Siraque argumentou que bandidos utilizam fardas para roubar e seqüestrar.

Ele citou três episódios onde houve uso indevido de fardas. O primeiro exemplo envolve o caso do publicitário Washington Olivetto, seqüestrado por homens que usavam coletes da Polícia Federal. O segundo caso citado foi o assalto à CUT (Central Única dos Trabalhadores), onde os bandidos usavam colete da Polícia Civil. Siraque acrescentou que no final da rodovia Castelo Branco bandidos também utilizaram fardas da polícia rodoviária para fazer supostas blitze e assaltar motoristas de carros e até ônibus.

A multa para quem insistir na comercialização será de 2 mil Ufesps (Unidades Fiscais do Estado de São Paulo), equivalente a R$ 21 mil.




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