Casa Ronald McDonald dá morada e apoio a 23
famílias que saem de outros Estados para tratar o câncer
Lidar com o câncer é uma das situações mais difíceis que uma família pode enfrentar, ainda mais se o paciente está no começo da vida. Isso se torna mais doloroso quando o tratamento precisa ser feito a quilômetros de casa e no destino não há conhecidos ou lugar certo para ficar.
Em Santo André, no entanto, um local acolhe essas pessoas e suas esperanças de cura da doença, que na quinta-feira é lembrada pelo Dia Nacional de Combate ao Câncer. Desde 2004, a Casa Ronald McDonald, coordenada pelo Instituto Ronald McDonald, disponibiliza gratuitamente hospedagem, alimentação, transporte para o local de tratamento e assistência psicossocial a 23 famílias de pacientes entre 0 e 18 anos que se tratam em hospitais conveniados. Geralmente, crianças e adolescentes são acompanhados pela mãe.
Quase 3.000 quilômetros separam a cabeleireira Rafaely Veras da Silva, 28 anos, de seu lar, em Belém, no Pará. Seis meses atrás, ela deixou o marido e a filha mais velha, 7 anos, para tratar a caçula, Maria Fernanda, 1 ano e 4 meses, que tem retinoblastoma bilateral, tumor maligno ocular originário de membrana da retina embrionária. A forma bilateral, na qual os dois olhos são afetados, corresponde a 25% dos casos. “O olho direito teve que ser retirado, o outro estava avançado e só vindo a São Paulo para tratar.”
O medo de chegar ao Estado, onde não conhecia nada nem ninguém, foi aliviado no Graac (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer), na Vila Clementino, onde soube que seria encaminhada à Casa Ronald McDonald andreense. “ Temos tudo aqui, me sinto em casa. Se não tivesse esse lugar para ficar, seria muito difícil fazer o tratamento”, afirma.
A retinoblastoma bilateral também trouxe à região a dona de casa Maria Gorete de Sousa Soares, 45. Moradora de Petrolina, em Pernambuco, ela chegou no dia 27 de maio com a filha Ana Luisa, 2 anos e 10 meses.
Pela gravidade do tumor, um olho precisou ser retirado. Como a outra visão também poderia ser comprometida, os médicos orientaram a vinda à terra paulista. “Eu pensava: ‘Meu Deus, não me deixe ir para lá. Tinha medo’”, lembra.
Mas a esperança falou mais alto. Deixando o marido e o filho de 6 anos na terra natal, ela chegou ao Tucca (Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer), em Itaquera, e teve conhecimento de que havia um lugar garantido para morar temporariamente. O receio deu lugar ao fortalecimento. “Para esse tratamento, três coisas são necessárias: Deus, os médicos e essa casa de apoio. Com tudo isso, vamos vencer.”
Em 3.000 metros quadrados, as instalações contam com brinquedoteca, um minicinema e oferecem às mães variadas oficinas, como artesanato e panificação, para proporcionar opção de renda quando voltarem para suas cidades. De 2004 até agora, 142.519 pessoas já passaram por lá. “É um trabalho gratificante, pois nos sentimos úteis”, ressalta o presidente da Casa.
O espaço também recebe ao longo do dia moradores da região que fazem tratamento no Centro de Oncologia da Faculdade de Medicina do ABC.
Toda a estrutura é bancada com a renda da venda do lanche Big Mac no McDia Feliz (celebrado todo último sábado de agosto) e com doações de pessoas físicas e empresas. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone 4992-1440.
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