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Sto.André faz plano de
combate à Cracolândia

Depois de pressão do MP, a Prefeitura elabora um
cronograma para acolhimento de usuários de droga

Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
28/10/2013 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Após determinação do MP (Ministério Público), a Prefeitura de Santo André vai apresentar, plano para acolhimento e tratamento de usuários de crack que vivem pelas ruas da cidade, especialmente na Vila Guiomar. O prazo para entrega do documento à Promotoria é até o dia 30.

Em agosto do ano passado, o Diário alertou para o problema, comparando o bairro ao pedaço da região central da Capital conhecido como Cracolândia, devido ao alto número de dependentes químicos que vivem por lá.

Passado mais de um ano e com uma troca de gestão na Prefeitura, o poder municipal vai começar a agir apenas agora, segundo o assessor especial de gabinete do prefeito Carlos Grana (PT), Carlos Augusto.

“O governo reconhece que esse problema é uma das nossas maiores dificuldades. Mas estamos planejando atuar em cima dessa situação”, destacou.

Além da Vila Guiomar, a administração municipal estabeleceu outros dois pontos para ação imediata: a Vila Sacadura Cabral, mais precisamente na Avenida Lauro Gomes, divisa com São Bernardo, e Jardim Ana Maria, próximo da Zona Leste da Capital.

O Executivo aguarda a chegada de duas bases móveis equipadas com câmeras de dois quilômetros de alcance, além da instalação de equipamentos de vigilância em outros 20 pontos para coibir o tráfico da droga. “Todos foram detectados por nós como os mais críticos”, disse Augusto.

O trabalho de monitoramento será completado com mais ações já lançadas pela Prefeitura para tratamento de dependentes químicos que desejam deixar essa situação.

O principal deles é a rede Viva Santo André, que englobará o projeto Crack, é Possível Vencer, do governo federal, que garantirá um orçamento de R$ 4 milhões só neste ano para programas sociais, como consultórios médicos de rua e repúblicas terapêuticas para desintoxicação. Também está prevista a ampliação da rede atual de atendimento.

A meta andreense é fazer com que o serviço de vigilância já comece a funcionar até fevereiro de 2014. Mas o município aguarda o envio das unidades móveis e das verbas pelo governo federal.

“Infelizmente pode ser algo que não conseguiremos resultados a curto e médio prazo”, apontou Augusto.

A Prefeitura promete acompanhar a evolução das ações para saber se, de fato, o resultado será positivo. “É um problema social muito grave e que exige empenho. Vamos medir, queremos saber os resultados.”

"É a vista da vergonha", resume moradora da Vila Guiomar

 

 

“Quando a gente abre a janela, é a vista da vergonha”, diz uma moradora que não quis ser identificada. A aposentada de 68 anos, moradora da Vila Guiomar há 25, recusa-se a aceitar a nova realidade do bairro.

Mesmo que há quase dois anos ela tenha que conviver com palavrões, mau cheiro, ameaças e até atos sexuais na rua para a qual sua janela dá vista, ela garante que não vai deixar o local. “Gosto muito de morar aqui. E acredito que um dia esse pesadelo vai acabar”, disse.

Desde a última reportagem do Diário, em agosto do ano passado, a situação piorou gravemente. Adolescentes grávidas e crianças compõem o cenário triste dos pontos visitados, incluindo a Vila Sacadura Cabral.

Alguns carros param por ali em busca de um programa sexual barato. Há também outra fonte de renda para a compra da droga: o furto de fios ou de objetos de dentro das residências vizinhas.




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