A visita de Zemin para uma rodada de discussoes políticas e econômicas em profundidade com os dirigentes franceses provocará, tanto em Lyon quanto em Paris, manifestaçoes dos defensores dos direitos humanos.

Duas organizaçoes nao governamentais, Jornalistas sem Fronteiras (RSF) e a Anistia Internacional França, anunciaram manifestaçoes em Lyon e também em Brive-la-Gaillarde e Paris, ``pelo respeito aos direitos humanos na China e Tibete".

As autoridades francesas já proibiram uma manifestaçao da organizaçao de inspiraçao budista Falungong, prevista para esta sexta-feira, em Lyon, por causa da visita de Jiang, alegando ``risco de perturbaçao da ordem pública'.

A seita de inspiraçao budista foi proibida em 22 de julho na China, um mês após ter desafiado o regime, organizando uma manifestaçao gigantesca em Pequim.

Outro pedido, refere-se a autorizaçao de um encontro da organizaçao pró-tibetana Lions des Neiges era examinado na quarta-feira pela prefeitura de Lyon.

Paralelamente a essas manifestaçoes, a chegada de Jiang e sobretudo seu encontro particular com o presidente francês Jacques Chirac provocaram críticas da classe política francesa.

Alain Madelin, presidente de um dos principais partidos de direita no país, a Democracia Liberal, declarou se sentir ``perturbado' com o encontro reservado de Chirac com o presidente chinês e lamentou que o mesmo o acolha em seu castelo de Bity em Correze (centro).

Por sua vez, o presidente da Comissao de Relaçoes Exteriores da Assembléia francesa, o ex-ministro socialista Jack Lang, recebeu nesta sexta-feira no recinto da Câmara o dissidente chinês Wei Jingsheng.

Wei, principal promotor da Primavera de Pequim, que passou 18 anos na prisao na China, antes de ser expulso em 1997, julgou ``incompreensível' que Chirac receba um ``ditador com as maos cobertas de sangue'.

Jiang Zemin é esperado nesta sexta-feira, às 17h50 (13h50 de Brasília) no aeroporto de Lyon Satolas. Uma recepçao será oferecida em sua homenagem pelo ex-primeiro-ministro francês Raymond Barre.

Na próxima segunda-feira, Jiang Zemin será recebido no Palácio do Eliseu, sede da presidência, antes de almoçar com o primeiro-ministro Lionel Jospin.

Jiang Zemin se reunirá também com o presidente socialista da Assembléia, Laurent Fabius, e o líder da direita no Senado, Christian Poncelet, antes de ser recebido com um banquete de gala no Eliseu.

Na terça-feira, o presidente chinês partirá da França para Portugal, marcando a terceira etapa de um giro que o conduzirá também ao Marrocos, Argélia e Arábia Saudita.