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'Privatização não é dogma no PT', diz presidente da ETCD
Gislayne Jacinto
Do Diário do Grande ABC
26/05/2001 | 16:29
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  A possibilidade de privatização do sistema de transporte de Diadema traz à tona um debate ideológico sobre o posicionamento do PT. A ETCD (Empresa de Transporte Coletivo de Diadema), única empresa pública que restou no Grande ABC, pode encerrar suas atividades em junho se os 460 funcionários não aceitarem um acordo que reduz em 15% os salários. A direção da empresa argumenta que precisa efetuar cortes entre R$ 1,2 e R$ 1,4 milhão para tentar diminuir o déficit que este ano deve fechar em R$ 5 milhões.

“A questão da privatização não é um dogma no PT. Nós somos contra ela e sim ao tipo de privatização feita no país, como no setor energético e também nas estradas que viraram verdadeiras praças de pedágio. Essas privatizações privilegiaram interesses suspeitos”, disse o presidente da ETCD, William Ali Chaim. Ele acrescentou que a questão de privatizar o transporte público “já foi quebrado há muito tempo no PT”.

Ele explicou que se o sistema for privatizado em Diadema a gestão do transporte ficará nas mãos do poder público, que vai regulamentar o sistema. “É o poder público que definirá também o valor das tarifas”, disse o presidente.

Chaim salientou que a empresa tem de passar por ajustes urgentes pois, caso contrário, ela terá de encerrar suas atividades. Ele acrescentou que se o déficit não for reduzido a ETCD poderá ser extinta. Uma outra empresa, com outro nome, seria criada. “A empresa deixará de ser operadora para ser gestora do transporte”, afirmou.

Caso Diadema faça uma licitação para a concessão das linhas de ônibus da cidade, vai adotar a mesma medida do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), tomada no mandato passado (1997 a 2000). Até então, o sistema era operado pela EPT (Empresa Pública de Transporte de Santo André), que hoje cuida apenas do gerenciamento do transporte.

O prefeito de São Bernardo, Maurício Soares (PPS), também optou há alguns anos pela privatização do sistema que era operado pela ETC (Empresa de Transporte Coletivo).

O Sindicato dos Rodoviários do ABC é contra a privatização do transporte em Diadema. “A ETCD é a única empresa pública que restou na região. Não queremos que ela também seja privatizada”, disse Benedito Aparecido Firmino, secretário do sindicato.

A ETCD deve mais de R$ 58 milhões. “Quando assumimos a empresa, havia um déficit de quase R$ 10 milhões e reduzimos para quase R$ 5 milhões em cinco meses”, disse Chaim.

 A despesa prevista para este ano é de R$ 17 milhões. A previsão de gastos com pessoal é de R$ 12 milhões. A ETCD prevê ainda R$ 6,4 milhões de custeio, R$ 1 milhão de investimentos e outros R$ 2,7 milhões de encargos.

A situação da ETCD só não é pior porque R$ 38,6 milhões de dívida foram transferidos para a Prefeitura. As principais dívidas referem-se ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

Para diminuir o déficit, a principal proposta da ETCD é a redução de 15% no salário, sendo 10% a partir de 1º de junho e 5% a partir da renovação da frota. Quem tem férias vencidas teria o direito ao valor da mesma sem redução de salário.

As indenizações nas rescisões contratuais seriam sobre o valor do salário da época da demissão mais o percentual reduzido. A estabilidade proposta aos funcionários é pelo período de um ano a partir de 1º de junho.




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