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Av.dos Estados será alvo de TAC

Devido ao agravamento dos problemas da via, presidente do Consórcio estuda acordo com o MP

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
09/01/2019 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


 Devido à dificuldade de resolução dos problemas estruturais da Avenida dos Estados – que liga o Grande ABC à Capital – ao longo dos anos e ao agravamento do cenário, o prefeito de Santo André e, desde ontem, presidente do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, Paulo Serra (PSDB), estuda propor ao MP (Ministério Público) um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) para estabelecer plano de obras para a via.

A expectativa é a de que o acordo, firmado entre as prefeituras – a avenida corta Santo André, São Caetano e Mauá –, o governo do Estado e o Poder Judiciário, devolva ao eixo viário qualidades dignas de uma das principais vias da região. “(A ideia é) Definir espécie de TAC no sentido de a gente ter expectativa e cronograma real (de obras), sempre com muito realismo e pé no chão”, sugere o chefe do Executivo andreense.

A Avenida dos Estados convive com série de problemas estruturais ao longo de seus 15 quilômetros de extensão há pelo menos quatro anos, conforme já destacado pelo Diário. A mais perceptível das falhas está presente no pavimento, repleto de buracos e ondulações resultantes de remendos feitos para corrigir falhas de forma paliativa. “Nas faixas da direita, por onde circulam os caminhões, há trechos que ficam quase intransitáveis”, considera o metalúrgico Sebastião Laurindo da Silva, 61 anos.

Em ponto da via em São Caetano, próximo ao bairro Fundação, praticamente não há sinalização horizontal. Sem as faixas de demarcação no solo, os veículos perdem o referencial, provocando colisões laterais. “Já presenciei muitos acidentes e mesmo assim nada mudou”, afirma o pedreiro Carlos Sales, 41.

Em Mauá, perto da entrada da cidade, não há calçadas para pedestres e ciclistas circularem. O problema tem como agravante a presença de entulho pelo calçamento. “O jeito é se arriscar entre os veículos”, conta o vendedor Paulo Martins, 53.

Para o presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos do ABC, Luiz Augusto Moretti, parcela dos problemas da Avenida dos Estados refere-se à omissão do poder público com a via ao longo dos anos. “Não adianta mais fazer remendo, pois isso já é o que se faz hoje e o resultado é esse: má qualidade. O cenário só mudará com reestruturação geral do eixo”, relata o especialista ao citar que a recuperação do viário permitirá retomada de investimentos para a região. “Usar dinheiro na melhora da avenida é sinônimo de atrair empresas para áreas ociosas do viário.”

No atual estado, segundo o professor de Engenharia da FEI (Fundação Educacional Inaciana) Creso Peixoto, a avenida tem oferecido risco iminente aos usuários. Exemplo citado por ele é a presença de remendos que reduzem a eficiência da freagem dos veículos. O estudioso cita ainda alto custo com obras paliativas, como é o caso de rupturas na forma de blocos presentes no asfalto. “Esse tipo de patalogia indica final de vida útil do pavimento, situação em que os custos de manutenção são 70% maiores.”

 

Gestão Doria analisa aporte de verba

Questionado a respeito dos problemas estruturais da Avenida dos Estados, o governo estadual, comandando por João Doria (PSDB), disse ontem analisar solicitação de aporte financeiro feita pela Prefeitura de Santo André em maio de 2017 ao então governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Na ocasião, estudo elaborado pelo Paço, por meio do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) e técnicos do Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de São Paulo), apontava a necessidade de R$ 79,2 milhões para revitalização da Avenida dos Estados em trecho correspondente ao território do município.

Entre os tópicos elencados no documento, a Prefeitura cita necessidade de R$ 19,4 milhões para término de obras de contenção na margem do Rio Tamanduateí. Ao todo, o estudo aponta 11 pontos críticos no canal. Em sua maioria, os locais apresentam deficiências estruturais com queda parcial solo.

Outros R$ 43 milhões foram solicitados para a recuperação de sete das nove pontes localizadas em toda a extensão da Avenida dos Estados. O renivelamento do asfalto da via fecha o pedido com aporte financeiro na ordem de R$ 16,8 milhões.

Por meio de nota, o governo estadual, via DER (Departamento de Estradas de Rodagem), afirmou que já iniciou a análise de todos os compromissos assumidos na gestão passada, inclusive o da Avenida dos Estados, e que depende de resolução para avaliar a viabilidade de cada reivindicação apresentada ao Estado. Ainda não há prazos para a gestão Doria emitir parecer sobre o assunto.

 

Cidades realizam melhorias paliativas

Sem aporte financeiro suficiente para promover a reestruturação completa da Avenida dos Estados, municípios afirmam executar regularmente obras paliativas para sanar problemas pontuais do eixo viário.

No ano passado, Santo André diz ter realizado, por meio do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), serviços de recuperação e de contenção das margens do Rio Tamanduateí, sob a ponte da rotatória do Sesi (Serviço Social da Indústria), em Santa Teresinha. Já a margem direita do rio, junto à passarela e à rotatória da Avenida da Paz, na região de Utinga, também recebeu reforços estruturais. Ao todo, foi investido R$ 1,6 milhão para a execução destes serviços.

Desde setembro, próximo ao Sesi, o município também executa adaptações no viário do entorno e adequação do sistema de microdrenagem para o escoamento adequado das águas de chuva na via e construção de uma ponte.

A nova passagem terá 26 metros de comprimento, sendo composta por três faixas de rolamento com 3,50 metros de largura cada uma. Em uma das laterais haverá ainda uma passagem de pedestres. O custo da melhoria é de cerca de R$ 4,8 milhões. A estimativa é entregar a obra até abril.

Em São Caetano, para este mês, o município prevê recapeamento asfáltico e sinalização horizontal da via, em convênio com o governo federal, em toda a extensão do eixo localizado na cidade. A previsão é a de que os trabalhos sejam concluídos até abril deste ano.

Procurada pelo Diário, a Prefeitura de Mauá não se manifestou até o fechamento desta edição.

 




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