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Há jeito certo de amar?

Em novo livro, psicanalista Regina Navarro Lins disserta sobre as relações libertárias do século

Marcela Munhoz
08/01/2018 | 07:00
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Divulgação/Caiuá Franco


 “Quando critico o amor romântico muitos reagem, imaginando que estou criticando o amor. A crença de que esse tipo é a única forma que existe torna difícil imaginar algo diferente.” É assim que Regina Navarro Lins começa seu mais novo livro, o 13º de uma carreira de mais de 45 anos como psicanalista. Em Novas Formas de Amar – Nada Vai Ser Como Era Antes: Grandes Transformações nos Relacionamentos Amorosos (Planeta, 272 págs., R$ 44,90 em média), a escritora bate na tecla de que a sociedade está passando por profunda mudança.

“O relacionamentos, de forma geral, estão engessados na idealização do outro, na mania de atribuir características ilusórias. Depois que o casal vive a intimidade acha que tudo vai se encaixar, que vai se transformar em um só, que conseguirá suprir todas as necessidades, que não vai sentir mais desejo por ninguém. Mas estamos vivendo a individualidade, momento em que cada um quer descobrir seu próprio potencial e isso bate de frente com a total exclusividade. Os novos comportamentos – como amor a três, poliamor, relacionamentos na era dos aplicativos, fim dos gêneros. relações livres e na velhice, por exemplo – estão ganhando força porque o romântico está, sim, saindo de cena”, explica ao Diário.

Segundo ela, no último mês de divulgação do livro, a repercussão foi boa, mas também ouviu críticas e até manifestações de ódio, principalmente pelas redes sociais. A explicação está na ponta da língua. “Quando se está no meio de um processo de transformação, é normal encontrar comportamentos díspares. Existem os que aproveitam para se libertar e os que agarram os modelos conhecidos com força. Afinal, o ‘conhecido’ é mais seguro, por mais que a pessoa tenha uma vida insatisfatória.”

Para justificar sua teoria, Regina também destaca na obra a evolução dos relacionamentos no decorrer da história. “Quem imaginaria há alguns anos que a mulher teria o direito de não se casar virgem ou que poderia se ter uma vida normal depois de um divórcio? Mudança é assim mesmo, não sabemos precisar quando acontece, mas acredito que, em algumas décadas, as pessoas vão querer, cada vez menos, se fechar em duas.”

A psicanalista também analisa o cenário de hoje e, com histórias reais, constrói novos perfis de relacionamentos. “Baseada em muita pesquisa e relatos, acredito que uma relação, inclusive de casamento, pode ser boa, mas, para isso, as pessoas precisam reformular as expectativas que alimentam em relação ao outro. É preciso ter liberdade, uma vida independente. Poderiam viver melhor se deixassem preconceitos, moralismos e culpas de lado. Ninguém precisa se preocupar se existem outros relacionamentos, apenas se está se sentindo amado e desejado”, finaliza.

OUTROS LANÇAMENTOS

NOITES SIMULTÂNEAS - Iniciado em 1988, o romance (Bagaço, 176 pág., R$ 30, em média) de Maurício Melo Júnior tem como pano de fundo a repressão vivida no Brasil entre as décadas de 1960 e 1970. Gira em torno de estudante de Medicina que, em meio à uma greve geral, se apaixona por universitária. Eles passam a militar em organização clandestina. Entre encontros e desencontros, o casal sintetiza o que foi a vivência de toda uma geração durante os anos da ditadura militar e os anos da abertura política. A trama é ambientada no Nordeste. 

O COLETOR DE ESPÍRITOS - Do mesmo escritor de Legado Ranger e Dragões de Éter, o novo livro de Raphael Draccon (Rocco, 272 págs,. R$ 34,90, em média) apresenta aos leitores o personagem Gualter Handam, um psicólogo bem-sucedido que saiu da fictícia Véu-Vale para tentar conseguir um pouco de paz. Seu vilarejo é amaldiçoado, mas ele acaba sendo obrigado a retornar para visitar a mãe doente. Cansado do terror, começa a ir atrás de respostas e, para isso, conta com a ajuda de um velho índio e com a sabedoria da mãe. Gualter se transforma em um coletor de espíritos. 

A ETERNIDADE NUMA HORA - Rubem Alves dispensa apresentações. Com A Eternidade Numa Hora (Planeta, 320 págs., R$ 41,90, em média), o pedagogo, poeta e psicanalista oferece textos em prosa. Reunidos numa só edição pela primeira vez, as crônicas de Alves tratam da riqueza do mundo, da infinitude do universo e da beleza divina manifestada nas artes, natureza e descobertas humanas. Ele tenta desvendar em palavras o mundo desconhecido que habita em cada ser como um minúsculo grão de areia. O prefácio foi escrito por Raquel Alves, filha do autor. 

ALMANAQUE SBT - O livro (On Line, 384 págs., R$ 70, em média) revisita os 35 anos da trajetória da emissora de Silvio Santos e todos os programas apresentados por ele desde a estreia, em 1958. O leitor verá curiosidades sobre as clássicas atrações Domingo no Parque, Show de Calouros, Viva a Noite, Show Maravilha, Fantasia, Jô Soares Onze e Meia, Programa Livre, entre outras. Celebridades não deixaram de ser lembradas. Tem tudo sobre Hebe Camargo, Flávio Cavalcanti, Jota Silvestre, Ronald Golias, Dercy Gonçalves, Ferreira Netto, Maria Tereza, Irene Ravache, Bóris Casoy etc.




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