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Corintiano de Santo André preso no Rio luta por inocência
Por Dérek Bittencourt
27/10/2016 | 07:00
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Arquivo Pessoal


André Luis Tavares da Silva, 39 anos, morador do Jardim do Estádio, em Santo André, vem gerando mobilização nas redes sociais. O empresário do ramo de corretagem de seguros é um dos 31 corintianos presos no Complexo Penitenciário de Gericinó, no bairro de Bangu, Rio de Janeiro, por conta do confronto com a polícia antes do jogo contra o Flamengo, domingo, no Maracanã. A hashtag #andretavaresinocente invadiu as mídias por meio de amigos, familiares, torcedores do Timão e até de outros clubes, que se mobilizaram para tentar comprovar a inocência. Até um abaixo-assinado online foi criado.

O principal álibi apresentado pelo advogado Gabriel Miranda Moreira são fotos nas quais André aparece junto do enteado e outros quatro amigos no caminho e do lado de fora do estádio em horário próximo ao da briga entre torcedores e policiais. Por intermédio dos dados das imagens – via computador –, há registros do grupo às 15h40 no metrô (indo de Copacabana à baldeação em Botafogo) e, às 16h16, na passarela em frente ao Maraca. Outra foto de alguns integrantes da mesma turma – mas não André – em frente ao portão do estádio às 15h29 (o relógio da câmera não estaria ajustado ao horário de verão e, assim, seriam 16h29) foi outra apresentada. Segundo relatos, os conflitos ocorreram entre 16h20 e 16h26.
“Não estávamos dentro do estádio. Entramos às 16h40. Subimos para a arquibancada entre 16h45, 16h50. Nem bem pegamos lugar e os jogadores entraram para cantar o hino”, conta o fotógrafo Bruno Teixeira, amigo que estava junto de André – que tem uma filha (da qual tem a guarda) e três enteados.

Após o jogo, toda a torcida teve de aguardar liberação da polícia, que buscava encontrar os agressores. “Vi movimentação atrás de mim e disseram ‘Achei, foi você’. Era o André. Ele me olhou, abaixou a cabeça, foi com os policiais e sumiu em direção aos banheiros”, relembra Bruno, que relatou a ameaça e a intimidação sofridas como “terror psicológico”. “A gente está chocado, porque poderia ser qualquer um de nós. Foi escolha aleatória baseada em característica física que os policiais viram em imagens de celular.”
Na terça-feira à noite, a juíza Marcela Caram decretou a prisão preventiva de todos os torcedores. O major Silvio Luiz, comandante do Grupamento Especial de Policiamento em Estádio da Policia Militar do Rio, disse em coletiva esperar “punição severa''”. “É preciso dar resposta para que esses torcedores sejam levados a julgamento.”

Ontem, o advogado Gabriel Miranda entrou com habeas corpus com mais de 100 páginas exclusivo para André – o também defensor Valter Nunhezi Pereira entrou com ação similar para todo o grupo detido. “Motamos um dossiê. A expectativa é que amanhã (hoje) esteja fora”, clama a mulher e funcionária pública Ana Cristina, 43. “Basta ver essa mobilização que estão fazendo para perceber o quanto é especial, homem de caráter. Quem o conhece sabe que nunca se envolveria”, continua ela, que repudia os agressores dos policiais. “O que os bandidos fizeram com a polícia não foi certo. Tem mesmo de acabar com a bandidagem no estádio. Mas não dá para colocar no mesmo bolo pessoa inocente.”

Tanto o amigo quanto a mulher têm senso comum sobre um ponto: voltar a frequentar os estádios. “Se depender de mim, o André e meus filhos não pisam em estádio tão cedo. Se eu tivesse batido o pé, sido mais firme, talvez não tivesse ido”, lamenta Ana Cristina. Na opinião de Bruno Teixeira, tal situação implica inclusive em sua atividade profissional. “Estou bem traumatizado. Sou fotógrafo de arquibancada, mas, para mim, de certa forma, perdeu o sentido. Sempre quis demonstrar a emoção do torcedor apaixonado pelo time. Mas até por ver como a sociedade está vendo de forma criminalizada, não sei se é o que quero mais. A decisão a curto prazo é parar”, pontua. 




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