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Riviera Maya surpreendente

Repleta de sítios arqueológicos maias, cenotes e muito ecoturismo, é rica em natureza e história

Por Soraia Abreu Pedrozo
05/11/2015 | 07:00
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Soraia Abreu Pedrozo/DGABC


Como o próprio nome já diz, a Riviera Maya é ‘o’ lugar para entrar em contato com a cultura maia, que vai desde sítios arqueológicos que impressionam até o mais cético e incrédulo dos seres humanos a reservas ecológicas extremamente preservadas, passando por praias lindas. Mas não espere ver os 50 tons de azul de Cancún em Playa Del Carmen – principal cidade da região, famosa por sua Quinta Avenida, repleta de lojinhas e restaurantes. Lá, o mar é enorme piscina, porém é mais verdinho com algumas manchas azuladas. O ideal, inclusive, para aproveitar o que de melhor essa região oferece, é dividir o tempo de hospedagem numa dobradinha entre Cancún e Playa Del Carmen.

Para quem num primeiro momento torce o nariz para pirâmides, cenotes (que são cavernas com rios subterrâneos) e contato direto – e às vezes radical – com a natureza, pode mudar de ideia devido ao rico contexto histórico e cultural maia e pelo profissionalismo com que o turismo de aventura é desenvolvido no local. Segundo dados do Inegi (Instituto Nacional de Estatística, Geografia e Informática) do México, dos cerca de 101,8 milhões de habitantes do país, 6,7 milhões, ou 6,5%, se comunicam em alguma das 89 línguas indígenas, sendo que, desses, 1,2 milhão fala maia – o segundo idioma mais usado entre os mexicanos.

A uma hora e meia de Playa, chega-se em Cobá, um dos quatro sítios arqueológicos da Península de Yucatán (que abriga também Chichen Itzá, Tulum e Uxmal). Lá a selva é preservada e as construções estão em meio a muitas árvores. É um dos recintos mais intocados da região. A pirâmide Nohoch Mul (que significa monte grande), principal atração local, é o mais alto arranha-céu maia, com 42 metros de altura e 120 degraus, e levou 365 anos para ser construído. Para chegar até lá, é preciso percorrer dois quilômetros já dentro do sítio. Tem-se três opções: alugando uma bicicleta (45 pesos ou R$ 11,25), um triciclo (120 pesos para duas pessoas ou R$ 30), em que alguém pedala por você ou ir caminhando. O percurso é muito agradável.

Ao se deparar com aquela construção estonteante, pode faltar coragem e sobrar cansaço, mas não desanime. A vista é compensadora. Sem contar que ir a um lugar desses e não subir na única pirâmide do local que pode ser escalada é como ir a Roma e não ver o papa. Ou a Paris e não subir na Torre Eiffel. Ou, ainda, ir a Barcelona e não conhecer a Sagrada Família ou o Parc Güel – duas das maravilhas do brilhante arquiteto catalão Antoni Gaudí. No fim das contas, não é tão difícil assim. Em cerca de 20 minutos, muitos zigue-zagues e sem olhar para baixo, o desafio é vencido. A entrada custa 64 pesos (R$ 16).

CAMINHO
Ainda no universo maia existe outro passeio imperdível, que inclusive pode ser feito no mesmo dia. Na Reserva da Biosfera de Sian Ka’an (que significa onde nasce o céu) é possível percorrer parte do caminho que os indígenas faziam, de barco, para comercializar mercadorias em Belize e na Guatemala, países também marcados fortemente pela cultura maia. O local, intocado, é declarado patrimônio da humanidade pela Unesco.

Depois de percorrer trecho de cerca de 20 minutos pelo rio, chega-se a um canal em que é possível, com um colete fazendo as vezes de boia, deixar-se levar pela leve correnteza do caminho, apenas apreciando o contato com a natureza e relaxando. Tem o mesmo efeito que um dia no spa, só que ao ar livre e num cenário muito singular. Quando não chove, existe 60% de chance de avistar um crocodilo – em outra parte do passeio. Se feito à tarde, tem-se inesquecível pôr do sol. São cobrados US$ 99 (R$ 396) pela experiência com alimentação e transporte do hotel.

CAVERNA
A Riviera Maya é abarrotada de cenotes. Um, porém, é encantador: Cenote Estrela, que ganha esse nome devido ao formato estelar de cinco pontas. Parece coisa de filme. Ou de desenho animado. Ao superar o gelo da água e colocar o equipamento de snorkel, o cenário é de deixar qualquer um boquiaberto. É possível, a partir de suas cristalinas águas azuis, observar as construções de rochas sedimentares que datam de milhares de anos. Mas é necessário manter-se com a cabeça debaixo d’água, pois levantá-la no lugar errado pode render forte batida em um dos estalactites, formados no teto da caverna, que são absurdamente rígidos. Sem contar que o local é repleto de colunas, por isso é imprescindível seguir a rota do guia.

No mesmo passeio é possível aventurar-se numa tirolesa que a 20 metros da copa das árvores percorre três distâncias sobre a mata, num local bastante silencioso, em que só se ouve alguns gritos de visitantes que se deixam tomar pela emoção. Mesmo para quem nunca pensou em fazer essa atividade é bastante recomendada, pois parece que estamos voando. Dá a sensação de liberdade e superação. Quanto ao rapel, que é feito em meio à selva, vale para quem tem desejo de sentir-se literalmente pendurado e amarrado. Pelo trio oferecido pela Aventuras Mayas, no combo Mayan Xtreme, que inclui alimentação e transporte do hotel, são cobrados US$ 89 (R$ 356) para adultos e US$ 69 (R$ 276) para crianças.

Em Akumal, é possível mergulhar com tartarugas
Outra sensação incrível que a Riviera Maya pode proporcionar é a do nado com tartarugas bem grandes em Akumal (que significa lugar das tartarugas), a cerca de 30 minutos de Playa Del Carmen. E livres. Os cerca de 60 animais, que têm de 40 a 100 anos, permanecem ali por conta do pasto marinho que os alimenta. Há também peixinhos e arraias – com as quais o único cuidado é não pisar nelas, já que podem soltar um ferrão que dói como uma picada de abelha.

Durante o passeio, o segredo para que eles se mantenham próximos, como se nenhum estranho estivesse por ali, é não tocar nos bichos, pois assim eles nos veem como parte integrante de seu bioma. É emocionante acompanhar a tartaruga, após comer, subir para a superfície para respirar. E, como o local é bastante calmo, é altamente recomendável para crianças, que certamente jamais se esquecerão da experiência. Para deixar seus pertences num armário, locar equipamento de snorkel, colete salva-vidas e percorrer o local com um guia, que encontra com mais facilidade os animais, paga-se 250 pesos (R$ 62,50). Porém, como o local é aberto, é permitido nadar com os quelônios por conta própria.

Neste ano, a região foi atingida por quantidade absurda de sargaço, alga marinha que se assemelha a pequenos cachos de uva e que fica boiando na água. Estima-se que a poluição e o aquecimento global sejam alguns dos culpados do fenômeno. Não são em todas as praias. E geralmente onde há resorts eles limpam o quanto podem para não atrapalhar o banho de mar. Em Akumal havia bastante, mas nada que atrapalhasse o passeio com as tartarugas.

Playa e sua Quinta Avenida fervilhante
Playa Del Carmen lembra em muitos aspectos Arraial D’Ajuda (Bahia) ou Búzios (Rio de Janeiro). Sua famosa Quinta Avenida é uma delícia de ser percorrida de ponta a ponta, passando pelas dezenas de lojinhas que vendem desde lembrancinhas locais – como as tradicionais caveiras coloridas, as máscaras, os calendários maias e as pimentas habanero, as mais fortes mexicanas e a tequila, além de, é claro, muito souvenir do ícone mexicano, a pintora Frida Khalo – a biquínis e redes da moda. Por exemplo, neste ano a sueca H&M passou a integrar a via, assim como a norte-americana Hollister. Elas agora fazem companhia ao portentoso estabelecimento de dois andares da também norte-americana Forever 21.

Além do comércio, há generosa oferta de bares, restaurantes e discotecas. Ali o tédio passa longe. Com tanto charme e oferta diferenciada, dá vontade de ficar muitos dias por lá. Inclusive, justamente pelo acesso fácil, em Playa é mais interessante hospedar-se sob o regime de café da manhã apenas, já que há inúmeras opções de passeios e pelo fato de, no jantar, poder esbaldar-se em alguns dos estabelecimentos.

Em uma das extremidades da via, na praça onde há a igrejinha branca, aos domingos há mostras de danças maias e do grupo Los Voladores de Paplantla, conhecidos como homens pássaro, em que quatro indígenas descem praticamente voando, presos somente pelo pé, de um estandarte que varia de 25 a 50 metros. A diversão é gratuita, e espetacular. A ‘dança’ remonta ao período pré-hispânico e era realizada pelos astecas (predominantes na região central do México), que a faziam como oração ao Deus do Sol, para fertilidade e boa colheita. Como todo bom mexicano que atua com o turismo, ao fim de cada apresentação, é passado o chapéu para arrecadar propina (gorjeta).




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