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PSDB e PT invertem papéis em 2010

Nas eleições de 1989, 1994 e 1998, o PT concretizou
arco de apoio restrito, com partidos de esquerda

Beto Silva
Do Diário do Grande ABC
28/09/2009 | 07:00
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Se nas eleições anteriores o PSDB corria atrás de alianças para fechar a chapa que concorreria à Presidência, esse papel é feito hoje pelo PT. Com 80% dos principais candidatos ao Palácio do Planalto definidos, a projeção do pleito de 2010 apresenta outras diferenças entre os potenciais partidos protagonistas.

Nas eleições de 1989, 1994 e 1998, o PT concretizou arco de apoio restrito, com partidos de esquerda. Em 2002, quando venceu, a conjuntura foi ampliada, com costura feita pelo articulador José Dirceu. O quadro se repetiu em 2006. Nessas ocasiões era o PSDB que fazia esforço para angariar parceiros.

Para o pleito de 2010, o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda sofre para garantir apoio do PMDB, que faz jogo duro para aderir à candidata do governo, a ministra Dilma Rousseff. Em troca, a sigla do senador José Sarney quer que os petistas evitem lançar chapas majoritárias em alguns estados para não atrapalhar as intenções peemedebistas, caracterizados pela força regional.

O PSB do deputado federal Ciro Gomes é outra pedra no sapato do PT. O aliado insiste em efetivar candidatura a presidente. O socialista aparece em pesquisas ao lado de Dilma na segunda colocação - o líder nos levantamentos é o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), e inclina por manter posição firme.

"Essas conjunturas são sempre uma dor de cabeça", ressalta o cientista político da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Charles Freitas Pessanha. Ele aponta outras diferenças que serão apresentadas na eleição de 2010 em relação a pleitos anteriores: Lula estará fora das urnas - "não dos palanques" -, a candidata do governo nunca teve cargo eletivo, a expectativa é de que três mulheres concorram ao Planalto (veja arte ao lado) e a internet, "que pode ser decisiva, dependendo da estratégia, com o rádio perdendo apelo".

Já as semelhanças, segundo Pessanha, ficaram por conta dos candidatos conhecidos pelo trabalho de esquerda - "inclusive Serra, no início de militância" - e pela disputa interna no PSDB. "Hoje, entre os governadores de São Paulo e Minas (Aécio Neves) e em 2006 entre o mesmo Serra e (Geraldo) Alckmin", observa o cientista. "Partidos nanicos também terão chapas majoritárias na reta final, para divulgar as legendas ou seus ideais, como Marina Silva (PV)."

Região estará dividida em três blocos

A confirmar as tendências apresentadas até o momento, o Grande ABC estará dividido em três blocos nas eleições do ano que vem: de um lados, petistas; do outro, apoiadores tucanos; e, no meio, o grupo que sustentará a candidatura do PV.

Este último estará sob a tutela do prefeito de Ribeirão Pires, Clóvis Volpi (PV). As executivas nacional e estadual do partido irão pressionar os líderes regionais para alavancar a possível chapa encabeçada pela senadora Marina Silva (PV).

A sigla ainda estuda lançar pleiteante ao Estado, o que demandaria ainda mais envolvimento de Volpi e dos verdes da região, os quais estão espalhados por algumas prefeituras no comando de secretarias.

Nas outras duas pontas da conjuntura política que se desenha, os prefeitos petistas Luiz Marinho (São Bernardo), Mário Reali (Diadema) e Oswaldo Dias (Mauá) trabalharão para eleger a ministra Dilma Rousseff.

Enquanto José Auricchio Júnior (PTB-São Caetano), Aidan Ravin (PTB-Santo André) e Adler Kiko Teixeira (PSDB-Rio Grande da Serra) estarão ao lado do tucanato.

O petebista de São Caetano, inclusive, afirmou em algumas ocasiões que o apoio é incondicional ao PSDB, e a cidade que comanda será "o quartel general" do partido em 2010.

Já a posição dos políticos locais do PMDB será complexa. Em âmbito nacional, a sigla estará com o PT e, no Estado, com o PSDB.




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