Cultura & Lazer Titulo Beneficente
Um concerto para Johny Alf
Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
22/05/2008 | 07:03
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O Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, organiza no próximo dia 30, às 20h, show beneficente em homenagem ao compositor carioca Johnny Alf, 79 anos, considerado um dos pais da bossa nova. O pianista, que este ano fez tratamento no hospital e mora em uma casa de repouso na cidade, receberá tributo do compositor Toquinho e do Coral da Fundação do ABC, regido pelo maestro Roberto Ondei. Por ser realizado no anfiteatro do local - que comporta cerca de 300 pessoas - o espetáculo é restrito a funcionários e à comunidade do entorno. A renda obtida será revertida para o compositor, que não se apresenta ao vivo há cerca de dez anos.

Alf, que chegou ao hospital há quatro meses, também se apresentará. Com arranjo de Roberto Ondei, executará ao piano Eu e a Brisa, música pelo qual se tornou conhecido e que é considerada por alguns críticos como o marco zero da bossa nova. O coral, composto por cerca de 20 pessoas, o acompanha. Com Toquinho, Alf deve tocar outro sucesso seu, Olhos Negros. Na segunda parte, Toquinho assume o palco com voz e violão.

O pianista, que credita seu estilo muito particular à mistura da formação clássica iniciada aos 9 anos com as músicas do rádio, hoje faz parte do coral, com o qual ensaia todas as quartas. O convite partiu do diretor técnico do Mário Covas, o urologista Milton Borrelli, que criou o coral.

Reservado ("não sou muito de grupo"), Alf confirma a história de que Vinicius de Moraes chamou São Paulo de "túmulo do samba" para defendê-lo de um crítico local. "Mas muita coisa que saiu não era verdadeira", despista. A carreira do pianista deslanchou após entrar na Cantina do César em 1952. O primeiro álbum veio no ano seguinte.

Mas hoje, o carioca, que se locomove com o auxílio de uma cadeira de rodas, diz que não vê a possibilidade de voltar ao estúdio mesmo tendo material inédito. "Gostaria de gravar como antigamente. Fiz muito pouco porque sempre fui muito exigente e os produtores ficavam apavorados", relembra. A última vez, fez de maneira "mal-humorada", como define. "Um produtor japonês queria música inédita, mas tive de gravar em 48 horas", relata. Também não teve nenhum parceiro para as cerca de 100 obras que calcula ter escrito. Fez sozinho letra e música. E inspirou gente como João Gilberto (outro que supostamente fundou o alicerce da bossa nova), Tom Jobim e o próprio Toquinho, que participa do show a convite do diretor técnico do Mário Covas, de quem é amigo. Um violão autografado por Alf e Toquinho também será leiloado.




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