Celebrado ontem, o Dia da Consciência Negra foi marcado por série de eventos cujos propósitos foram destacar a luta contra o racismo e as injustiças sociais vivenciadas pela comunidade preta no Grande ABC. O assassinato da vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro, em março de 2018, e o desaparecimento de Lucas Eduardo Martins dos Santos, no último dia 12, em Santo André – com suposto envolvimento policial – também foram lembrados durante os atos.

Em Mauá, a tradicional Marcha Zumbi dos Palmares dedicou sua 14ª edição ao tema Nosso Grito Pela Vida. Público de cerca de 200 pessoas, reunidas na Praça 22 de Novembro, no Centro da cidade, acompanhou o evento promovido pela ADCC (Associação Desportiva e Cultural de Capoeira) Filhos de Ghandi. Além de apresentações musicais, foram realizados espetáculos de dança, palestras e, por fim, o grupo caminhou até a Casa do Hip Hop do município.

Mestre de capoeira e representante da associação, Gilsasio Pereira de Oliveira, 56 anos, afirmou que o tema escolhido para a marcha deste ano denuncia o genocídio da população negra, o feminicídio e os casos de balas perdidas. “O perfil do encontro é sempre o mesmo. Neste ano, optamos pelo grito não só pelos negros, mas também contra todos os tipos de preconceito”, observa.

A zeladora de orixás Aparecida Cleunice Alves, 60, destaca que ingressou no movimento de luta em 2004, após o irmão ter sido assassinado por policiais durante trajeto de carro até Mogi das Cruzes. “Luto por todos aqueles que sofrem. Pelo meu irmão, pela minha neta e por todos os que ainda virão”, considera.

REFLEXÕES

Em Rio Granda Serra, o Teatro Municipal Primeira-Dama Zulmira Jardim Teixeira, no Centro, recebeu cerca de 250 pessoas ao longo do dia. No local, foram promovidas apresentações artísticas diversas, como peças de teatro, poesias, shows de rap, exposições e desfiles. 

Uma das atrações, liderada pela consultora de marketing e moda e dançarina há 30 anos, Luana Caruzo, 37. abordou o empoderamento feminino na dança. “Sendo preta ou branca, gorda ou magra, o empoderamento feminino contribui para os crescimentos econômico, social e político”, avalia. 

As manifestações pelo Dia da Consciência Negra na região continuam sábado e domingo em São Bernardo (no Centro de Referência das Culturas Populares Tradicionais) e em São Caetano (na Estação Cultura). Já Diadema recebe encontros de culturas populares no Teatro Clara Nunes, domingo.