Abalado com a eliminação na Copa Sul-Americana e sob olhares desconfiados da torcida, o Palmeiras terá de definir hoje que papel representará no duelo com Fluminense, pela penúltima rodada do Brasileirão, a partir das 17h (SporTV2), na Arena Barueri.

Se der ouvidos ao coro do entrega, alardeado pela torcida e nas entrelinhas até endossado por dirigentes alviverdes, o Verdão pode atrapalhar o rival Corinthians na briga pelo título. Os cariocas estão na liderança com 65 pontos, um a mais que o Timão.

Caso opte pelo jogo franco e desprovido de ressentimentos em relação ao Alvinegro pela rivalidade tradicional, algo que parece ser o pensamento do técnico Luiz Felipe Scolari, o time pode terminar o ano de forma mais honrosa.

Defendendo o discurso de empenho absoluto da equipe na partida, Felipão acenou que pode usar os titulares. Deola, Márcio Araújo, Danilo, Maurício Ramos, Gabriel Silva, Marcos Assunção, Tinga, Kleber e Luan estão concentrados, mas resta saber se ele optará pela escalação principal ou utilizará uma formada basicamente por reservas. Lincoln e Edinho, contundidos, são desfalques confirmados.

Por conta da dramática eliminação na Sul-Americana diante do Goiás, após a derrota por 2 a 1, no Pacaembu, alguns atletas haviam pedido para ficar de fora das duas últimas rodadas do Brasileiro.

Pode ser um sintoma de que sentiram o peso da pressão em torno da partida de hoje. Se perderem, temem ser criticados por entregar o jogo para prejudicar o Corinthians. Se tirarem pontos do Fluminense, correm o risco de ver a torcida se voltar contra eles. A derrota para o Goiás causou revolta em alguns torcedores.

As organizadas, a exemplo do que ocorreu ontem (leia ao lado), já avisaram que vão protestar pelo fracasso na Sul-Americana e que, se o time não perder, as consequências serão graves. Preocupado, o clube solicitou reforço na segurança no estádio e também na Academia de Futebol.

Torcida protesta contra diretoria e atletas

A torcida prometeu e cumpriu. Ontem pela manhã, enquanto o elenco do Palmeiras realizava o último trabalho para enfrentar o Fluminense, 30 torcedores da principal organizada do clube fechou a entrada da Academia de Futebol, na Barra Funda, para protestar.

Aos gritos de "vergonha, vergonha, time sem vergonha", eles pediram a saída de toda a diretoria de futebol e também de alguns jogadores, como Tadeu, Ewerthon, Danilo e Maurício Ramos. Apenas o técnico Luiz Felipe Scolari, o goleiro Marcos, o meia Valdivia e o atacante Kleber tiveram seus nomes exaltados pelos manifestantes.

Com uma corda, eles impediram a passagem dos carros. Uma faixa dizia: "Fechado por incompetência". Outra relembrou todos os fracassos do Verdão para times de menor expressão, como o ASA (que eliminou a equipe na Copa do Brasil de 2002), e a Internacional de Limeira (que venceu a final do Paulista de 1986). (das Agências)

Cariocas podem conquistar o título após 26 anos

A torcida conta os minutos para soltar o grito de campeão. Os jogadores não conseguem disfarçar a ansiedade, pois sabem que o Fluminense pode deixar a Arena Barueri com o título brasileiro, o que não ocorre há 26 anos. Para isso, basta vencer o Palmeiras e torcer para que o Vasco derrote o Corinthians e o Cruzeiro não supere o Flamengo.

Os cariocas admitem que a combinação é difícil de ser concretizada, devido ao favoritismo de Corinthians e Cruzeiro. Poucos jogadores acreditam na conquista do título com uma rodada de antecipação. Mas os dirigentes torcem para que a definição saia hoje.

A terça-feira é dia de eleição no clube, o que agitaria o ambiente justamente na semana que antecede o jogo final contra o Guarani, no Estádio Engenhão.

"Sabemos dessa possibilidade, mas não acredito na conquista do título. Vai ficar para a última rodada", disse o atacante Washington.

Recuperado de contusão, o atacante Emerson retorna ao time. (da AE)