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Bienal discute José Saramago
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18/08/2010 | 07:04
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"Não queria estar na pele da Pilar quando eu desaparecer, mas de toda a maneira vamos ficar perto um do outro, as minhas cinzas vão ficar debaixo da pedra do jardim." A voz do escritor português José Saramago soa rouca, mas resistente, assim como seu olhar compenetrado.

A imagem é captada pela câmera do cineasta Miguel Gonçalves Mendes que, durante três anos, filmou a rotina do prêmio Nobel de Literatura de 1998 e que resultará no documentário José e Pilar. Saramago morreu no dia 18 de junho e seu legado será discutido hoje, a partir das 19h, no Salão de Ideias da 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo (Pavilhão do Anhembi - Av. Olavo Fontoura, 1.209. Ingr.: R$ 10.)

Mendes é um dos convidados, ao lado do escritor João Marques Lopes, autor de Saramago, biografia recentemente lançada pela editora Leya; e de Luiz Schwarcz, editor da Companhia das Letras, que lançou boa parte de sua obra no País, cultivando uma relação de extremo carinho, a ponto de Schwarcz ter hospedado Saramago em sua casa em diversas oportunidades.

A mesa, que terá a mediação do jornalista Manuel da Costa Pinto, deverá se ocupar com reminiscências. A escrita árida, sem pontuação, e os temas marcantes, como o enfrentamento com a religião, certamente estarão na pauta, mas o Saramago que vai surgir na conversa terá mais o perfil do amigo que do escritor. "Sem ser pejorativo, o filme é uma espécie de Big Brother da vida de José Saramago", disse Mendes em Paraty, durante a recente Flip, quando apresentou 40 minutos de seu filme.

"Desde a ideia que ele teve para seus livros até o fim, acompanhando uma fase muito má da vida dele, quando adoeceu." De fato, uma das cenas mais curiosas do documentário é a que retrata o momento da inspiração de Caim, sua última obra - Saramago e Pilar estão dentro do avião que os traziam para São Paulo quando o escritor volta-se para a mulher e diz: "Tive uma ideia sobre Caim." Emocionada, ela chama uma aeromoça e pede uma cerveja: "Estou a ter um ataque de pânico." Bebe de um trago. Era a derradeira ideia dele para um livro.

As rupturas literárias também serão lembradas. Em sua biografia, Lopes conta que Saramago encontrou seu caminho na escrita enquanto escrevia Levantado do Chão em 1979.




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