Setecidades Titulo Santo André
Uma cozinha capaz de alimentar cidades

Equipamento municipal produz 60 mil refeições por dia para alunos da rede de ensino

Por Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
28/09/2014 | 07:00
Compartilhar notícia
Marina Brandão/DGABC


Amauri Ribeiro, 49 anos, sempre sonhou em ser cozinheiro, mas nunca imaginou que o fruto do seu trabalho seria suficiente para alimentar uma cidade inteira diariamente. O controlador de alimentos trabalha há oito anos na Cozinha Central de Santo André, espaço localizado na Avenida Capuava, no bairro Homero Thon, e que integra o programa de alimentação escolar da cidade. Por lá, são produzidas 60 mil refeições por dia, número superior à população de Rio Grande da Serra, que tem atualmente 47.142 moradores.

“Além de ter quantidade maior de alimentos e refeições do que estamos acostumados a trabalhar nos restaurantes, aqui temos um carinho especial porque estamos produzindo a merenda das crianças”, destaca Ribeiro. A rotina do morador de Mauá começa às 2h, momento em que os alimentos crus chegam à cozinha para passar por separação, pesagem, higienização e, finalmente, ser utilizados no preparo dos dez cardápios existentes atualmente no programa.

Os números impressionam. Mensalmente, o local produz 32 toneladas de carne, 18 toneladas de arroz, oito toneladas de feijão, 22 toneladas de legumes, 11 toneladas de verduras, 45 toneladas de frutas e dez toneladas de leite e derivados. Os alimentos são direcionados a 31 creches municipais e um anexo, 51 Emeiefs (Escolas Municipais de Educação Infantil e Fundamental) e 87 escolas estaduais.

Nem todas as instituições recebem as refeições já prontas. A Prefeitura atende 100 mil alunos diariamente. Neste caso, os alimentos são separados, embalados, pesados e enviados para preparo nas cozinhas das unidades de ensino. “Não é um processo simples. São vários passos importantes e que também exigem técnica especial, como o jeito certo de mexer a comida para não ter dores”, revela o encarregado de produção de alimentos José Aparecido da Silva, 47. Isso porque uma caldeira com feijão suporta até 120 quilos do grão cru, exemplifica. O cozinheiro está há 27 anos na Cozinha Central. “Meu primeiro emprego na área de alimentação foi aqui. Comecei como servente geral e fui crescendo por meio dos concursos internos”, lembra.

Apesar de a tradição e o senso comum indicarem que as tarefas na cozinha devem ser desempenhadas por mulheres, no espaço andreense é diferente. Isso porque, com o passar dos anos, houve ampliação da quantidade de refeições produzidas e, consequentemente, os equipamentos ficaram maiores. “O trabalho é pesado, por isso, aos poucos os homens foram tomando conta”, explica Silva. O espaço municipal conta hoje com 110 funcionários, divididos entre técnicos operacionais, administrativos e transporte, que é terceirizado.

O cardápio do dia é arroz, feijão e carne com legumes. A produção é dividida em dois turnos. No primeiro, a cocção dos alimentos começa às 3h e às 5h a refeição deve estar pronta para ser colocada nos tambores e caixas isotérmicas. Já a segunda etapa tem início às 8h20 e termina às 11h30. O transporte até as unidades de ensino é feito por 12 furgões. O tempo entre a saída das refeições da cozinha até a recepção nas escolas deve ser de cerca de uma hora. Tudo para garantir a temperatura de segurança alimentar – não pode ser inferior a 60ºC.

Programa estimula formação nutricional dos estudantes

“Não basta matar a fome. A proposta é estimular a formação do hábito alimentar do aluno”, define a supervisora de alimentação escolar de Santo André, Alessandra Martins de Souza. Para isso, o preparo das refeições é feito da maneira mais saudável. “Não usamos nada industrializado, os temperos são naturais e não incluímos fritura no cardápio”, destaca. A proposta, segundo Alessandra, é que o aluno conheça o sabor dos alimentos.

Inaugurada em 1968, a Cozinha Central é gerenciada pela Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) desde 1990. O espaço tem 14 vasos de pressão de 500 litros e equipamentos industriais como descascadores, processadores e liquidificadores. O orçamento anual é de R$ 35 milhões.

OUTRAS CIDADES

Diadema implementou o Programa Alimentação Saudável em julho, quando assumiu a produção da merenda escolar do município. A Administração contratou seis nutricionistas e 228 agentes de cozinha, responsáveis pelo cardápio e preparo das refeições. O almoço contempla um prato base – sendo arroz e feijão em quatro dias e macarrão em um dia, acompanhados de uma proteína, um tipo de verdura ou legume e uma fruta de sobremesa.

Em Mauá, a alimentação escolar é preparada na cozinha de cada unidade. São oferecidas 28 mil refeições por dia para cerca de 18,8 mil alunos matriculados. O custo é de R$ 411,3 mil por mês.

As demais prefeituras não se manifestaram. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;