Economia Titulo Álcool
Mercado do etanol carece de estoque regulador
Por Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
23/11/2009 | 07:00
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A volatilidade do preço do álcool combustível é algo que vem incomodando há pelo menos seis meses. Do patamar médio de R$ 1,29 o litro em maio, hoje ele é encontrado por até R$ 1,79.

Chuvas e excesso de demanda por conta da entrada de veículos flex no mercado foram os motivos apontados pela Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar) para a elevação dos preços em questão de semanas. Aliado a isso, a entressafra também fez com que os preços se elevassem.

A saída apontada por especialistas para a oscilação extrema de preços é a criação de um estoque regulador. "O governo tentou fazer isso em abril, oferecendo crédito do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para os fabricantes, porém, este crédito estava muito caro e as exigências pedidas eram muitas", conta Sérgio Prado, representante da Unica em Ribeirão Preto.

O financiamento seria destinado aos usineiros para que fossem construídos novos tanques. A ideia era que o excesso produzido na safra fosse guardado e disponibilizado aos distribuidores na entressafra.

"Se houvesse também um contrato futuro, como acontece com o açúcar, que sabemos o preço até o ano que vem, seria muito melhor para o próprio fabricante. Esta oscilação é muito ruim", avalia Prado.

O presidente do Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo) da região, Toninho Gonzalez, defende que o problema está na preferência dos cultivadores de cana-de-açúcar em produzir açúcar em vez de etanol. "As exportações para a Índia estão a todo vapor, enquanto que falta álcool no mercado e eles ficam aumentando a cada semana o preço. Não adianta, o álcool só será vantajoso quando houver o estoque regulador", diz.

Quanto à fabricação de açúcar, Prado, da Unica, alega que as fábricas mistas não têm como mudar, sendo praticamente 50% da produção voltada para o etanol e, a outra metade, para o açúcar. "O máximo que ela pode alterar é 60% para açúcar e 40% para etanol. Por isso, a oferta de álcool é equilibrada; existem muitas indústrias que só produzem etanol."

Para Prado, o preço do álcool está próximo à estabilidade. O problema, de acordo com ele, é que quando sobe o custo na usina, no dia seguinte está na bomba - como a alta de 0,5% há cerca de duas semanas.

Já quando existe uma queda, como a de 2,14% três semanas atrás, leva dias para chegar ao consumidor, se chegar.




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