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Redução do IPI ainda não estimula construção civil

Dados da Abramat apontam para estabilidade nas vendas do setor, ao contrário do registrado no setor automotivo

Por Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
18/07/2009 | 07:00
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Embora junho fosse o último mês para se comprar materiais de construção com a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) - até então não havia sido anunciada a prorrogação do benefício -, não houve registro de elevação significativa nas vendas do período, se comparado a maio.

Ao contrário do observado com o setor de veículos, cujas vendas bateram recorde no mês passado, tanto o crescimento do faturamento dos fabricantes como dos comerciantes foi tímido: 3,61% e 5,5% respectivamente.

Segundo Melvyn Fox, presidente da Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção), "não adianta olhar a desoneração em um prazo curto, de apenas três meses (a primeira fase do benefício começou em abril e durou até junho). É preciso olhar o produto final, que é a casa pronta".

Na opinião de Cláudio Conz, presidente da Anamaco (Associação dos Comerciantes de Material de Construção), a comparação entre a comercialização de carros ou eletrodomésticos e a de materiais de construção é inviável. "As vendas nesse segmento têm uma inércia própria. Elas não são definidas em função de apelos. Trocar seu automóvel ou comprar uma geladeira nova é estimulante. O mesmo não acontece com a compra de dois bidês ou ao estocar dez sacos de cimento na sala de casa", comparou.

Para Fox, a expectativa é que haja uma reação a partir de julho, já que até o momento muitos dos produtos comercializados eram frutos da desova de estoques, e não da recuperação da produção. "A indústria reage mais lentamente, mas acredito que esteja se iniciando um período de reposição", afirmou.

Conz concorda, e acrescenta: "Até o momento, muitos dos itens vendidos não estavam sendo beneficiados pela redução do IPI. Diferentemente dos veículos e da linha branca, os materiais de construção não tinham desoneração sobre os estoques".

Ambos os executivos concordam que o segundo semestre é o período em que o segmento torna-se aquecido, justamente por ser mais chover muito menos, sendo responsável por cerca de 60% dos resultados.

Fox, que representa as indústrias, tem a perspectiva de que seja possível recuperar as perdas do primeiro semestre (-16%) e atingir crescimento zero, ou seja, sair do negativo.

Conz, representante do varejo, já é mais otimista. Espera elevar em 4% as vendas frente a 2008.

NA REGIÃO - Comerciantes do Grande ABC alegam ainda não ter sentido os efeitos da redução do IPI. O comerciante Valdir Leite, proprietário da casa de materiais de construção Ponta Verde, de Diadema, relatou que seu movimento foi muito linear de janeiro a junho. "Neste mês, entretanto, comecei a perceber maior circulação na loja, mais orçamentos para serem avaliados e elevação de 10% nas vendas, em relação aos meses anteriores".

Cláudio Marcorin, dono da Bin Gouveia, de Santo André, teve a mesma percepção de Leite. "Julho está parecendo ser melhor do que junho. O mês passado teve muitos feriados, o que atrapalhou as vendas. As pessoas preferem viajar a trocar a torneira, pintar a parede ou arrumar um buraco".

Outro ponto citado por Marcorin é que, em tempos de crise, a preferência é por comer melhor do que reformar a casa, mesmo com o benefício.




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