Cultura & Lazer Titulo 'Elas cantam Roberto'
Wanderléa fala da homenagem ao Rei
26/05/2009 | 07:00
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Dentre as 20 vozes femininas que participam do show "Elas Cantam Roberto", hoje no Theatro Municipal, em São Paulo, Wanderléa, por motivos óbvios, é a que mais tem fundamento. Isso já foi dito por Martn'ália a ela em projeto semelhante, com o mesmo nome e também dirigido por Monique Gardenberg em 2004 em São Paulo. No grand finale, quando se juntaram todas as cantoras, o solo ficou para Baby do Brasil (ex-Consuelo). "Só que ela errou a letra inteira. Depois na coxia, a Mart'nália comentou: ‘Olha aí, era você que tinha de fazer esse final - fundamento pra quem tem fundamento'", lembra Wanderléa, rindo.

De todas as escolhidas, Wanderléa é que tem a trajetória artística mais ligada a Roberto Carlos. Os dois começaram juntos a carreira no final da década de 1950. No álbum mais recente, "Nova Estação" (2008), Léa registrou o inédito "Samba da Preguiça", que Roberto e Erasmo fizeram para Nara Leão, mas ela não gravou. E também retomou "Todos Estão Surdos", que Fernanda Abreu vai defender no show hoje.

Léa escolheu "Você Vai Ser o Meu Escândalo" (Roberto e Erasmo Carlos), porque é a canção que encerra um ciclo. "Foi uma das últimas coisas que fizemos juntos. Cantei essa música na trilha do filme ‘O Diamante Cor-de-Rosa'", lembra. "No show vai ter um set dedicado ao início da carreira dele, passando pela jovem guarda e chega até essa música."

Sempre se fala do rápido namoro deles no início da carreira e Léa disse que contaria essa história num livro que estava escrevendo, em fase de edição. "Mas não tem nada demais, não tem nenhuma bomba. No começo éramos muito próximos, éramos da mesma gravadora, a CBS, tínhamos um programa na Rádio Guanabara, Encontro Com os Brotinhos, todas as manhãs."

Ela mineira, ele capixaba, foram tentar a sorte no Rio de Janeiro. Muito antes disso ela venceu um concurso de "mais bela voz infantil" e, aos 9 anos, assinou contrato com a CBS, mas só foi gravar o primeiro disco anos mais tarde, quando Roberto já tinha lançado o primeiro LP, "Louco Por Você" (1961), hoje renegado por ele. Naquela época os dois começaram a fazer shows juntos e, como não tinham carro, na volta Roberto a levava de ônibus até a casa da avó em Vila Isabel.

"Voltávamos pra casa cansados, batendo cabeça com sono", recorda. "Nossos encontros eram assíduos. Saíamos juntos para divulgar nossos discos nas rádios. Existia uma democracia nas rádios, a sua música podia não estar programada, mas se você chegasse lá furava a programação. Era a insistência, era você estar presente pra tocar. Então, rodávamos todas as rádios todos os dias, saíamos às 5h e quando eram 9h já estávamos cansados. Parávamos numas leiterias e ficávamos contando quantas vezes tínhamos conseguido fazer tocar nossos discos. Era coisa de adolescentes começando a carreira. Era bacana, mas foi batalhado, nada caiu do céu."

A amizade cresceu, depois veio a fase em que passaram a comandar o programa Jovem Guarda, na TV Record em São Paulo, em que ficavam juntos o tempo inteiro. Mas não foi Roberto que lhe deu o apelido Ternurinha.

Tudo começou com a canção "Ternura", versão de "Somehow it Got to Be Tomorrow" (Today), que ela incluiu no álbum "É Tempo do Amor", de 1965. A coisa pegou e o disco seguinte se chamou "A Ternura de Wanderléa" (1966). Além disso, a Record a colocou com Erasmo num outro programa, Ternurinha e Tremendão.

O filme "O Diamante Cor-de-Rosa" foi o último trabalho do trio. Logo depois veio o Festival de San Remo, de 1968. Roberto deixou o programa Jovem Guarda, que não durou muito sem ele. O cantor começou a fazer uma carreira "um pouco mais séria", por sugestão do empresário Marcos Lázaro, que queria que ele amadurecesse junto com seu público. Você Vai Ser o Meu Escândalo, feita para Léa cantar, marcou o fim dessa fase. "As pessoas dizem que é um hino gay", brinca Léa, que destaca da letra versos como estes: "Meu amor, não pode ser/ Não podemos mais fingir/ Até quando vamos ter/ Que esconder o nosso amor."

A partir daí, os caminhos dela e Roberto se distanciaram. "Mas o que encanta nele é que quando a gente se reencontra é igualzinho. A distância geográfica não impede o querer bem." Nas últimas temporadas, eles não têm tido muito contato. A última vez que cantaram juntos foi num especial de fim de ano do cantor, na TV Globo, em 2006.

Tudo o que ela espera de hoje é que "seja uma festa linda". "E será, porque é uma coisa inusitada juntar tanta mulherada, 20 súditas homenageando o Rei."




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