Economia Titulo Investimento
Bolsa de Valores atrai investidor comum
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
14/07/2008 | 07:00
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Mesmo com as fortes altas e baixas recentes, o mercado de ações atrai o interesse de pessoas físicas cada vez mais. Dados da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) comprovam essa tendência. No final de junho, o número de investidores individuais ultrapassou a marca dos 500 mil - atingiu a marca de 516.757 contas de pessoas físicas, 6% mais que os 486.706 registrados em maio e 13% superior ao total de dezembro último (456.557).

A expansão refletiria a maior consciência de que aplicar recursos em Bolsa pode ser interessante e altamente rentável se a pessoa tiver disciplina e paciência para saber que esse é um investimento de longo prazo. Quem pensa em aplicar nesse mercado, mas tem data certa para resgatar o investimento, corre o sério risco de perder dinheiro.

Os dados da Bolsa mostram que a valorização do dinheiro aplicado, em prazos longos, é francamente favorável a esse tipo de aplicação.

Neste ano, o mercado não foi tão bem. Iniciou 2008 em queda, depois se recuperou, mas enfrentou nova pressão de baixa em junho e fechou com baixa de 10%. De janeiro a junho, a Bolsa registra variação positiva de 1,77%.

A variação acumulada é pequena, mas o histórico mostra que a paciência é recompensada. No ano passado, a alta do mercado somou 43,65%.

Para ter uma idéia do desempenho a longo prazo, entre 1998 e 2008, por exemplo, o Ibovespa (Índice que mede o comportamento das principais empresas listadas na Bolsa) apresentou valorização média de 25,4% ao ano.

Além de se não deixar levar pelo impulso de resgatar no primeiro movimento de baixa, o conselho para quem quer investir é se informar em relação ao desempenho das empresas nas e buscar orientações das corretoras, instituições habilitadas a comprar e vender ações em Bolsa.

Bovespa enfrenta forte movimento de altas e baixas

A Bovespa enfrenta, neste ano, fortes movimentos de altas e baixas. Segundo especialistas, o bom desempenho da economia brasileira, impulsionada pela demanda aquecida no País e no Exterior, contribuiu para que o mercado acionário vivesse alguns bons momentos.

Com situação econômica favorável, em abril - quando a Bolsa registrou alta de 11% em um único mês -, o País atingiu o grau de investimento (avaliação dada por agência de classificação de risco de crédito, o que significa segurança de que o País vai honrar seus compromissos).

No entanto, no mês passado ocorreu retração de 10%, o que para analistas era previsível. "Os mercados globais hoje são entrelaçados, e problemas como a crise de crédito americana a alta das commodities (itens como petróleo e o minério de ferro) e o processo inflacionária, tudo isso impacta", explica o diretor da corretora Fator, Antonio Milano. Ele acrescenta.

Economia aquecida ajuda a valorizar aplicação

Para investir no mercado acionário, é preciso entender que ao adquirir uma ação de uma ou mais empresa na Bolsa a pessoa se torna um sócio daquelas empresa e, por isso, é importante saber que se a economia está em crescimento, provavelmente haverá melhores condições de aquele papel se valorizar. Isso porque se uma companhia registra aumento de vendas e tem bons resultados financeiros, suas ações se valorizam.

No entanto, para adquirir uma ação, a pessoa precisa buscar as corretoras, que são as instituições credenciadas para a compra e venda desses papéis na Bolsa.

Há a exigência, para aplicar nesse mercado, de se fazer o cadastro nessas entidades, que por sua vez contam com especialistas para orientar as pessoas em relação à aplicação desses recursos. Além das empresas independentes, a maior parte dos bancos também tem corretoras e oferecem esses serviços.

Há espaço para pequenos aplicadores, já que há companhias do setor que exigem valor mínimo a partir de R$ 100. No entanto, é importante pesquisar já que há diferentes taxas de corretagem (normalmente varia entre R$ 10 e R$ 20 por operação de compra ou venda) e de custódia (manutenção mensal).

Cenário é de cautela, segundo especialistas

Com tanta volatilidade (altos e baixos), os especialistas divergem em relação a se esse é um bom momento para apostar fichas no mercado acionário.

Para o professor de Economia da Strong-FGV, de Santo André, Fabiano Coelho, o mercado ainda pode cair mais, já que faltam informações seguras sobre a situação da crise norte-americana. No entanto, ele pondera que essa pode ser uma oportunidade para aquisição de papéis de algumas empresas consideradas sólidas, que tiveram desvalorização nos últimos meses.

Coelho ressalta que sempre vale a pena investir em Bolsa, se a pessoa tiver uma visão de longo prazo, que permite reduzir essas incertezas da conjuntura atual.

No entanto, a cautela é necessária. "Rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura, esse é um investimento de risco", disse o e economista Gustav Gorski, da corretora Geração Futura.

Outro economista, o professor Roberto Gonzalez, da Trevisan Escola de Negócios, também é cauteloso. "Estamos em um momento de grande incerteza e eu acho que isso deve ir até setembro. Temos eleições nos EUA, há disparada das commodities e a alta dos alimentos", disse o economista, que avalia ainda que é preciso ter sangue frio para participar do mercado nesse momento.

Aplicações - O engenheiro Gustavo dal Poggetto, 30 anos, investe há dois anos, regularmente. Segundo ele, um dos fatores que o atraiu foi com o grande número de IPO (em inglês, oferta pública inicial de ações, quando a empresa faz abertura do capital na Bolsa) que vinha ocorrendo.

Para ele, "nunca é bom esses altos e baixos". "Mas a gente não pode se precipitar, ainda acredito que vai voltar a melhorar", afirma.

Poggeto afirmou que já teve quantidade maior de recursos em Bolsa. Atualmente do total que tem em investimentos, 30% estão em ações.




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