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Ribeirão Pires freia mortalidade infantil
Por Daniel Trielli
Do Diário do Grande ABC
30/07/2008 | 07:02
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A redução do número de óbitos infantis no Grande ABC não acompanhou a diminuição dos nascimentos registrados na região em 2007. No ano passado, as sete cidades registraram 476 mortes de crianças de zero a 1 ano, uma queda de 1,86% ante os 485 de 2006. Mas na mesma comparação, o número de bebês nascidos caiu 2,24%, de 37.524 para 36.685.

Essa disparidade fez com que a taxa de mortalidade infantil subisse em 0,1 mortes por mil nascimentos - passando de 12,9 em 2006 para 13 em 2007. Esse nível chega bem perto da média estadual (13,09 em 2007).

Os dados foram divulgados ontem pela Secretaria de Estado da Saúde. A notícia boa ficou a cargo de Ribeirão Pires, que apresentou a maior redução da taxa de mortalidade infantil: 43,6%, de 15 para 8,5. "Até eu me assustei de alegria. Sabia que ia haver redução, mas não pensei que seria tão forte", diz o secretário de Saúde e Higiene do município, Edinaldo Paulo dos Reis.

O número de mortes de crianças de até 1 ano na cidade caiu 45,83%: (de 24 em 2006 para 13 em 2007) o que faz com que Ribeirão Pires se aproxime, em números absolutos, de Rio Grande da Serra - com 9 - mesmo realizando mais do que o dobro do número de partos da cidade vizinha.

O maior avanço de Ribeirão foi a diminuição dos óbitos neonatais (até 28 dias após o nascimento), de 10,6 por mil partos em 2006 para 4,6 em 2007. "Esse resultado é reflexo da melhoria do programa de pré-natal na cidade", explica o secretário.

São Bernardo também é um exemplo positivo - a taxa de mortalidade infantil caiu de 13,12 para 11,97 (-8,8%), com a redução de 10,6% no número absoluto de mortes.

"Em São Bernardo, nesses últimos três anos, o pré-natal vem melhorando gradativamente, o que faz que se diminua os partos prematuros", contou o chefe de pediatria do HMU (Hospital Municipal Universitário), Kleber Kobol. "Além disso, há o incentivo ao aleitamento materno e o investimento em equipamentos nos centros médicos", conta. Kobol lembra que o próprio HMU adquiriu, em 2007, novos aparelhos de ventilação mecânica, para bebês com dificuldade para respirar.

Kobol também aponta mudanças no Pronto-Socorro Central como um dos fatores positivos. Além da introdução da FUABC (Fundação do ABC) como gestora no final de 2006 - o que teria dado um salto de qualidade no serviço - também foi criada a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) pediátrica, com seis leitos, no começo do ano passado.

O quadro na região teve a influência negativa do desempenho de Diadema (veja texto ao lado). Santo André e São Caetano também apresentaram piora no quadro de mortalidade infantil.

Em Santo André, o número de mortes de crianças de até 1 ano aumentou de 120 para 123 (2,5%). No entanto, o número de nascimentos caiu, de 8.993 para 8.654 (-3,77%). Já São Caetano teve o mesmo número de óbitos infantis nos dois anos (13), mas houve uma redução de 3,96% no número de crianças nascidas na cidade (de 1.718 para 1.650).

Diadema tem aumento de 19% de óbitos

Diadema foi a cidade que apresentou a maior aumento da taxa de mortalidade infantil de 2007. O índice saltou de 12,26 mortes para cada grupo de mil nascidos vivos para 14,97. Em números absolutos, a cidade registrou crescimento de cerca de 19% nas mortes de bebês no primeiro ano de vida.

O coordenador da Atenção Básica de Saúde de Diadema, Douglas Schneider, afirma que a variação mantém a cidade dentro de um mesmo padrão de mortalidade, que só seria alterado com o incremento da renda da população - principal fator para a incidência do problema, segundo ele.

"Ficarmos dentro da mesma faixa de Santo André e São Bernardo é uma posição até interessante, considerando que as condições socioeconômicas e de educação dessa cidade são superiores às nossas", afirma o médico.

Schneider disse ainda que a análise desse indicador deveria ser mais profunda. "Se pegarmos Diadema de 20 anos atrás, a taxa de mortalidade seria de 120 mortes para cada grupo de mil. A cidade mudou muito os padrões", garante.

Pré-natal, exames e orientação são fundamentais

Os índices de mortalidade infantil podem variar de acordo com a qualidade de dois serviços de saúde: pré-natal e acompanhamento do bebê no primeiro ano de vida.

A médica Sandra Frota Ávilla Gianelo, chefe da clínica neonatal do Hospital Estadual Mário Covas, afirma que o trabalho pré-natal, com a realização de ultra-sonografias e outros exames, pode prevenir o nascimento prematuro do bebê - que diminui as chances de sobrevivência do recém-nascido por exigir uma série de cuidados especiais com a criança.

Após o nascimento, segundo a médica, o importante é orientar a mãe a realizar a alimentação adequada da criança, com leite materno, e orientá-la na higiene correta do bebê. "O importante é que a equipe médica esteja envolvida com esse tema, chamando as mãe para conversar, mesmo em grupos, e esclarecê-las sobre as formas corretas de lidar com os bebês", explica Sandra.

CUSTOS
Para a especialista, embora o pré-natal seja um serviço mais caro para o Estado, por envolver exames com equipamentos mais sofisticados, no caso da orientação após o nascimento o custo é praticamente zero. Basta haver conscientização das equipes de Saúde para orientar as mães.




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