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Peru, saberes e sabores

Arquitetura de Lima, maior cidade peruana, conta
a história das civilizações e o impacto dos espanhol

Por Evaldo Novelini
Enviado ao Peru
11/09/2014 | 07:00
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Andreza Rodrigues/Divulgação


Andreza Rodrigues/Divulgação

O paulista que pena com a crise hídrica provocada pela seca do último ano precisa conhecer Lima, a capital do Peru. Aqui não chove forte desde janeiro de 1970. Por causa disso, residências dispensam telhado e ruas não têm sarjetas ou bocas de lobo. O baixo índice pluviométrico se deve à localização do município, entre a Cordilheira dos Andes e o Oceano Pacífico, barreiras naturais à chegada de nuvens.

A principal cidade do terceiro maior país em extensão territorial da América do Sul, atrás apenas de Brasil e Argentina, é fascinante. Fundada em 1535 pelo conquistador espanhol Francisco Pizarro (1476-1541), que dizimou os incas, representantes da última das grandes civilizações nativas do Peru, harmoniza edifícios históricos com imóveis modernos.

São 10 milhões de habitantes, de simpatia ímpar. Visitar a litorânea Lima é uma aula de história. No Centro está a Praça Maior ou a Praça das Armas, ao redor da qual nasceu a cidade e se encontram belíssimos edifícios barrocos, como o Palácio do Arcebispo, a Prefeitura e o Palácio do Governo.

O grande destaque do conjunto é a Catedral de Lima, com suas imponentes torres gêmeas, cinco naves, dez capelas laterais e altares folheados a ouro. O prédio, em estilo barroco-renascentista, guarda o corpo de Pizarro e abriga o museu sacro, cujo acervo inclui peças do vestuário do papa João Paulo II (1920-2005).

Mas Lima não é só história e religião. Há passeios obrigatórios, inclusive para os ateus. O mais romântico deles é ao Parque do Amor, no bairro de Miraflores. Casais de namorados deixam-se fotografar aos pés da escultura O Beijo, do artista local Victor Delfin.

Miraflores é o mais cosmopolita e rico dos bairros peruanos. Lá estão concentrados os melhores hotéis e restaurantes. Inclusive o famoso Rosa Náutica, construído em píer que avança sobre o Pacífico – cujas águas, na maior parte do tempo, não fazem jus ao nome –, onde é possível saborear frutos do mar ouvindo a arrebentação das ondas.

A noite de Lima é bastante animada. A grande pedida é sair a pé pelo bairro boêmio de Barranco, onde ficam bares que servem o famoso drinque pisco sour e a tradicional cerveja Cusquenã.

Antes de se jogar na balada, recomenda-se visitar o Parque da Reserva, circuito com 13 fontes que oferecem espetáculos de água e luz. Os peruanos se orgulham do espaço. Afinal, é quase um milagre que cidade tão seca tenha nas águas um de seus principais encantos. As fontes são abastecidas pelos rios que se formam com o degelo da neve que cobre o topo das montanhas dos Andes – mesmo recurso usado para regar diariamente os jardins floridos que embelezam a capital e para fazer a Cusqueña.

 

Procura dos brasileiros pela terra dos incas cresce 64,5%
Cento e quarenta mil turistas do Brasil visitaram o Peru no ano passado. O número é 64,5% maior do que há quatro anos. “Vivemos uma invasão de brasileiros”, atesta ao Diário o diretor de promoção da imagem do país da PromPerú, entidade do Ministério de Comércio Exterior e Turismo, Christian Jara Amézaga.

O interesse de brasileiros pelo Peru levou a CVC, maior operadora de viagens da América Latina, com sede em Santo André, a desenvolver roteiros personalizados para solo peruano, cujo viajante define os passeios de acordo com seus interesses. No primeiro semestre de 2014, a companhia embarcou 8.000 passageiros para a terra dos incas.

Para que o fluxo de turistas siga na ascendente, o governo peruano programa inaugurar, até 2017, dois aeroportos internacionais. As obras seguem adiantadas nas cidades de Cusco e Pisco. Atualmente, o país só recebe voos estrangeiros no Aeroporto Internacional Jorge Chávez, em Lima, eleito o melhor da América Latina pelo quarto ano consecutivo em ranking da Skytrax Research, consultoria especialista em aconselhamento de transporte aéreo.

Três companhias brasileiras voam regularmente de Guarulhos, em São Paulo, para Lima: Avianca (com passagens a partir de US$ 395), TAM (R$ 727) e LAN (R$ 727). “A crescente conectividade do mercado aéreo Brasil-Peru atrairá número cada vez maior de brasileiros interessados no destino”, crê o gerente de produto para a América do Sul da CVC, Guilherme Miranda.

 

Restaurante peruano é eleito o melhor da América Latina
A gastronomia peruana é saborosa e hiperbólica (é possível comer bem gastando cerca de R$ 50). Batatas, pimentas, milhos e frutos do mar são ingredientes que permeiam praticamente todos os pratos, dado a abundância com que são produzidos, especialmente nas propriedades rurais localizadas ao longo do Vale Sagrado, cortado pelo Rio Urubamba.

Só de batata, o Peru produz mais de 10 mil variedades, herança do tempo dos incas, povos que fizeram as primeiras experiências genéticas visando o aumento da produção. Pimentas, há de todas as cores e ardências, o que exige cautela do turista.

Na semana passada, o restaurante Central, do chef Virginio Martínez, foi eleito pela revista britânica Restaurant, a bíblia da gastronomia, o melhor da América Latina. A casa, que fica no badalado bairro de Miraflores, possui horta própria e sistema particular de purificação da água que serve aos clientes. O preço é salgado: até R$ 315 por pessoa.

 

TEM MAIS

BOM APETITE. O ceviche é o principal prato peruano. Feito à base de peixe marinado em suco de limão, o que lhe confere aspecto de sashimi, acompanha cebola roxa e pimenta (às vezes, bastante forte). Servido como entrada, em porções menores ou como refeição de fundo, pode vir com abacate, milho, batata-doce, salsa e coentro. Até dia 14, o prato será uma das estrelas da feira gastronômica ‘Mistura’, realizada em Lima.

PAIXÃO NACIONAL. Pisco saur é a caipirinha peruana. Feito à base de aguardente de uva, o drinque leva limão e clara de ovo. Peru celebra a bebida no primeiro sábado de fevereiro, quando o chafariz da Praça das Armas, em Lima, deixa de jorrar água para jorrar pisco.


* O jornalista viajou a Convite da Avianca e CVC




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