Economia Titulo Layoff
Mercedes chama de volta os 1.500 afastados
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
18/12/2012 | 07:30
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André Henriques/DGABC


A Mercedes-Benz está convocando todos os 1.500 funcionários em layoff (suspensão temporária dos contratos) para voltarem ao trabalho na fábrica de São Bernardo até fim de janeiro. A decisão ocorre por causa da reação do mercado de caminhões desde outubro e também da expectativa de melhora nas vendas em 2013.

Segundo o presidente da companhia, Jürgen Ziegler, medidas do governo federal como a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e a linha Finame PSI, do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), com taxa de juros de 2,5% ao ano (que vale até o dia 31) para o financiamento de caminhões foram importantes para a retomada das vendas e para a decisão de reintegrar o pessoal.

Além disso, há a perspectiva de cenário mais aquecido no mercado de caminhões no ano que vem, com a prorrogação da linha PSI (que passará agora a ter juros de 3% no primeiro semestre e 4% no segundo), além de outros fatores: previsões mais otimistas para a agricultura, mineração e planos de investimentos do governo em infraestrutura. Ziegler projeta crescimento, para o mercado de caminhões, da ordem de 7,7% para 2013.

A empresa espera também elevar em cerca de 15% a produção no ano que vem, para 60 mil a 65 mil unidades de veículos comerciais. Para isso, a intenção é reabrir o segundo turno da fábrica, a partir de fevereiro. Neste ano, mesmo com a melhora das vendas nos últimos dois meses, o mercado de caminhões registra retração de 40% na fabricação frente a 2011.

 

CONTRATOS

A convocação dos funcionários em layoff inclui os cerca de 500 trabalhadores temporários, cujos contratos vencem dia 31 de março. De acordo com o vice-presidente de recursos humanos, Fernando Fontes Garcia, com os prognósticos mais favoráveis para o setor, há a expectativa de esses empregados serem efetivados a partir de abril. A reintegração animou os trabalhadores nessa situação. Ailton Jesus de Oliveira, 36 anos, que antes do afastamento atuava no setor do milk run (abastecimento da linha de montagem) ficou surpreso com a notícia. "Fiquei feliz de saber que vou voltar; agora a expectativa é ser efetivado", afirmou.

 

PRESERVAÇÃO

O fato de a empresa ter preservado os empregos da fábrica mesmo em meio à crise, colocando o pessoal em layoff, refletiu um ano de debate intenso com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC para busca de "soluções criativas" para evitar as demissões, destacou Ziegler.

O diretor do sindicato Valter Sanches afirmou, por sua vez, que foram duas frentes de negociação da entidade dos trabalhadores: uma com a empresa, que resultou, ao longo do ano, em medidas como férias coletivas, licença remunerada e o layoff; e outra com o governo federal. "Havia o problema de abastecimento do diesel S50 (combustível menos poluente adotado neste ano nos veículos comerciais, por causa das novas normas ambientais) e falamos com a Petrobras. Também negociamos a prorrogação do PSI", disse.

LEGISLAÇÃO

O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC negocia atualmente com o governo federal a mudança na lei do layoff, com objetivo de se aprimorar o instrumento para as empresas superarem momentos de crise, como a enfrentada neste ano pelo setor de caminhões.

No Brasil, a lei da suspensão temporária do contrato de trabalho possibilita que as companhias afastem até 20% de seu quadro de funcionários, com oferta de cursos de qualificação, em que os empregados suspensos ficam recebendo, mensalmente, até R$ 1.163 de recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) pelo prazo máximo de cinco meses.

No caso da Mercedes, os 1.500 funcionários - que foram afastados em junho -, receberam complementação para não terem redução de seus salários. Depois, com a prorrogação da suspensão (para ficarem em casa de novembro até 31 de janeiro), seus vencimentos foram integralmente bancados pela companhia.

O diretor do sindicato Valter Sanches destacou que as discussões com o governo são para que seja instituído formato semelhante ao sistema de proteção de emprego existente na Alemanha, em que há a redução da jornada e dos salários, com a complementação do valor pago a menos aos trabalhadores por meio de um fundo como o FAT. Nesse país uma unidade fabril do grupo ficou dez meses adotando a sistemática. "Cinco meses de layoff são insuficientes", afirmou.




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