O futuro secretariado do prefeito eleito de Santo André, deputado estadual Carlos Grana (PT), irá deflagrar novo encontro de grupos distintos do petismo local, especialmente de alas que racharam o partido em 2007, quando culminou na demissão coletiva de 13 titulares do governo João Avamileno (PT). Na ocasião, a derrota da então vice-prefeita Ivete Garcia (PT) na prévia interna para o deputado Vanderlei Siraque (PT), apoiado pelo chefe do Executivo, provocou profunda fissura na legenda.

Principais protagonistas do episódio, Ivete e Siraque indicaram pessoas ligadas na composição do primeiro escalão. Avamileno, colocado como vilão na oportunidade, fará parte da linha de frente da próxima administração, na gerência da Secretaria de Governo.

Siraque utilizou o poder político na indicação de, ao menos, um nome direto: Gilmar Silvério, futuro titular da Educação, e que vivenciou o período turbulento. Ele era secretário adjunto de Governo e no pós-demissão atuou no cargo da chefia de Gabinete na gestão Avamileno.

Ivete foi convidada para integrar o governo Grana, porém recusou a sondagem. Ela iria gerir a Pasta de Planejamento e Orçamento Participativo. Em contrapartida, a ex-vice preferiu continuar no cargo de chefe de gabinete do deputado estadual e presidente nacional do PT, Rui Falcão. Por outro lado, o futuro detentor do posto na secretaria - a qual ela foi uma das titulares a pedir exoneração por carta há cinco anos - será Alberto Alves de Souza, que possui proximidade com Ivete.

Naquele momento, os 13 secretários abandonaram a administração. O time elaborou a carta de exoneração em massa, justificando que já haviam alertado Avamileno sobre a preferência pela candidatura de Ivete no processo eleitoral de 2008, a qual "reconheciam como continuidade do projeto político de Celso Daniel (morto em 2002)". O grupo alegou ainda que "a confiança ficou fortemente abalada imprescindível à manutenção da equipe de governo."

Dos demissionários, Grana reconvocou dois partícipes do processo de afastamento. Sebastião Ney Vaz Júnior e Antônio Carlos Granado estavam na lista. A partir de 2013, eles irão ordenar a superintendência do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) e a Secretaria de Finanças, respectivamente. Ambos retornarão ao posto deixado depois daquele rompimento político com Avamileno.

Apesar de delinear governo de coalizão ao abrir o Paço para outras forças partidárias, Grana também fez questão de prestigiar as diferentes alas do PT, resgatando nomes de trajetória política na cidade e mantendo ‘pratas da casa', de currículo nas gestões anteriores petistas. Os correligionários tentam, contudo, esquecer o passado conturbado para evitar sensação de constrangimento no mesmo ambiente.

Ao ser escolhido nome de consenso para encabeçar a chapa majoritária petista, Grana deixou no retrovisor o trio formado por Avamileno, Ivete e Siraque, porém, com as bênçãos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apregoou ‘paz e amor' no núcleo petista - os três retiraram a pré-candidatura em apoio ao deputado estadual. Durante o período eleitoral, o então postulante destacou que a unidade do PT era a "grande força" na campanha, conseguindo reunir as principais lideranças da sigla no páreo.