Quando o assunto é carro, ou você é ou não é esportivo. Não existe meio-termo. No entanto, por aqui, o famoso jeitinho brasileiro - bom em inventar coisas inimagináveis - já contaminou inúmeras fabricantes que conseguem, com leves modificações no design e retoques pontuais do acabamento interno, deixar o possante levemente esportivo. O desempenho, infelizmente, é deixado de lado - sequer uns cavalinhos extras são injetados. E este é exatamente o caso dos personagens deste comparativo: Renault Sandero GT Line e Nissan March SR.

O tempero de ambos é bem leve - ideal para hipertensos, que não podem ingerir grandes quantidades de sal. Apesar de irmãs - Nissan e Renault formam uma aliança estratégica -, os modelos utilizam motores diferentes. O GT Line traz sob o capô novo coração 1.6 8V Hi-Power de até 106 cv de potência e 15,5 mkgf de torque, enquanto o SR tem bloco 1.6 16V Flex de 111 cv e 15,1 mkgf - ambos abastecidos com etanol.

No asfalto, o March é bastante divertido. Mais leve (982 kg), apelidá-lo de kart não é exagero. Nas curvas, o Nissan responde bem e merece elogios quando o assunto é suspensão. Poderia ser ainda melhor se o torque máximo, entregue a 4.000 rpm, estivesse disponível em rotações mais baixas. A transmissão manual de cinco velocidades tem engates curtos e precisos. Porém, a caixa revela ruído incômodo em primeira marcha.

O Sandero também diverte. Apesar de carregar quilos a mais (1.055 kg), a desenvoltura do GT Line é compensada pelo fato de a força (torque)máxima estar disponível já a 2.850 giros. A regulagem da suspensão merecia um pouco mais de rigidez, e o câmbio de cinco velocidades poderia ter engates mais curtos.

No quesito estilo, o Sandero consegue trabalhar melhor - e sem exageros - os detalhes que sugerem esportividade, tanto no design externo quanto nos elementos internos.

O GT Line leva vantagem logo de cara por ter fisionomia mais fechada - March tem olhar muito simpático para um pseudoesportivo. No Renault, destaque externo para o spoiler traseiro, faróis dianteiros com máscaras e rodas pretas de 15 polegadas com desenho moderno. No Nissan a esportividade se resume a apliques de cores diferenciadas nas laterais (saias) e nos para-choques dianteiro e traseiros, além do aerofólio.

Internamente, o Sandero dá um show no March por trazer detalhes que o diferenciam das outras versões, além de ser mais espaçoso (veja medidas na tabela acima). Ponto positivo para as costuras vermelhas nos bancos, no volante e no revestimento da manopla do câmbio. O cinto de segurança também é vermelho, assim como os detalhes das saídas de ar. No Nissan, o fato de ser a opção ‘esportiva' não garante ao SR o direito de materiais ou detalhes exclusivos. Tudo é igual às demais versões.

Na questão preço, muito equilíbrio. O March SR é mais em conta, partindo de R$ 37.890, enquanto o Sandero GT Line custa R$ 38.470. No entanto, apesar de R$ 580 mais caro, o Renault oferece de série dois itens de peso, que no Nissan são opcionais e custam R$ 1.500 (Pacote Premium 2013): faróis de neblina e freios com ABS.

No demais, os dois são relativamente recheados de fábrica: ar-condicionado, air bag duplo, direção hidráulica (Sandero) e elétrica (March), banco do motorista e coluna de direção com regulagem de altura, rodas de liga leve de 15 polegadas.

Uno Sporting é boa opção

Entre as opções de veículos com leve apelo esportivo está o Fiat Uno Sporting. Com preço inicial de R$ 33.340, o modelo tem motor 1.4 8V flex de 88 cv de potência e 12,5 mkgf de torque. O detalhe deste modelo (também avaliado pelo Diário) é a excelente relação de marchas, que deixam o hatch mais esperto nas acelerações e retomadas, e a regulagem da suspensão, mais firme que as demais configurações.

Além de design interessante, que realmente sugere esportividade - tanto por dentro quanto por fora -, o Uno Sporting oferece de série direção hidráulica, rodas de liga leve de 15 polegadas, air bag duplo e freios com ABS.