Setecidades Titulo Santo André
Parque Guaraciaba já
foi seguro para lazer

Área teve quadras de esportes e natação
permitida no 1º mandato de Celso Daniel

Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
01/02/2014 | 07:00
Compartilhar notícia
Andréa Iseki/DGABC


Ampliação do aterro sanitário, área para depósito de entulho e até projeto para construção de apartamentos. Muitas ideias foram propostas para resolver o problema do lago artificial que ficou conhecido como Tancão da Morte, em Santo André, desde 1989, quando a área de cerca de 510 mil metros quadrados foi desapropriada pela Prefeitura.

O local funcionava como porto de areia na década de 1970, mas a atividade foi inviabilizada devido às mais de 60 nascentes existentes ali, que fizeram brotar água da terra e encheram o lago que se tornou o caixão de pelo menos 38 crianças e jovens. Mas, segundo antigos frequentadores, na primeira gestão do prefeito Celso Daniel (1989 a 1992) – morto em 2002 – o Parque Guaraciaba foi, de fato, um parque. E seguro.

O aposentado Lauro Figueiredo de Oliveira, 70 anos, foi um dos frequentadores da área verde. “Ali havia guarita na entrada, quadras poliesportivas e área própria para natação, numa lagoa ao lado do Tancão propriamente dito. Salva-vidas faziam rondas de barco, e guardas-civis mantinham segurança 24 horas no local. Muitas famílias da região iam para lá no calor e levavam seus filhos para brincar com tranquilidade.”

Isso durou pouco, porém. No mesmo ano em que o parque foi desapropriado, o antigo dono ganhou na Justiça o direito de receber precatório relativo à desapropriação de R$ 48 milhões. A Prefeitura não concordava com o valor, o que levou ao fechamento do parque devido ao imbróglio judicial. “Aí as mortes começaram”, garante Oliveira, que foi um dos fundadores, nessa época, do movimento SOS Guaraciaba, que propunha a criação de um parque ecológico no local.

Uma das primeiras vítimas do tancão foi o menino Cleber de Lima Macedo, 12, em novembro de 1996. O funcionário público Edson Campelo, 58, que atua como voluntário com crianças carentes do bairro Cidade São Jorge há 30 anos, lembra bem da tragédia. Foi ele quem entrou com a primeira ação civil pública no MP (Ministério Público) pedindo uma solução para a lagoa. “É um jogo de empurra, onde ninguém assume as responsabilidades. Por isso, as mortes continuam se repetindo há 20 anos.”

Campelo também acredita que a solução seja transformar novamente o local em parque. “As crianças do entorno são de comunidades carentes de tudo, inclusive de áreas de lazer. Por isso, ignoram as proibições e vão para o local para se divertir.”

Tanto Oliveira quanto Campelo acreditam que, se o local fosse um parque, o risco de mortes diminuiria. “Não é preciso tanto dinheiro assim. Funcionou uma vez, por que não pode funcionar novamente?”, questiona Oliveira, citando ainda que a área tem um potencial enorme de abastecimento hídrico, diante de uma Santo André que sofre com constantes faltas d'água. “Aterrar aquilo, como está sendo proposto, é um desperdício de dinheiro e um crime contra a natureza.”

Prefeitura não descarta criação de área verde no local

A Prefeitura de Santo André não descarta a transformação da área onde está localizado o Tancão da Morte em parque. Segundo o prefeito Carlos Grana (PT), há proposta de PPP (Parceria Público-Privada) da Emparsanco para este fim que será avaliada pelo Executivo. No entanto, o aterramento também é uma possibilidade para resolver o problema das mortes no lago.

Em entrevista concedida ao Diário na quinta-feira, o prefeito explicou que juntamente com o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental), será estudada a melhor solução para o local no prazo de 90 dias propostos pela Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Cidadania do MP (Ministério Público) andreense. Segundo a administração municipal, o prazo é necessário para que se obedeçam todas as legislações pertinentes à área ambiental.  




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;