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Rolezinhos põe PM
e shoppings em alerta

Encontros de jovens foram agendados pela internet
e devem acontecer amanhã em Mauá e Santo André

Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
17/01/2014 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


A PM (Polícia Militar) e dois dos nove shoppings centers do Grande ABC, o Grand Plaza, de Santo André, e o Mauá Plaza, ligaram o sinal de alerta sobre a possibilidade de realização, no fim de semana, de rolezinhos – encontros marcados via internet pelos adolescentes, a maioria jovens da periferia que gostam de funk. 

A corporação confirma ter identificado na internet dois eventos do tipo sendo organizados. Em Santo André, os jovens prometem ir ao Grand Plaza amanhã.

No Mauá Plaza, o rolezinho aconteceria no dia 1º de fevereiro, mas um dos organizadores confirmou ao Diário que o evento deve ser antecipado para amanhã. “todo mundo de olho, mano (sic), vamos ter que fazer de surpresa”, disse o estudante Gustavo, 16 anos, do Parque São Rafael, na Zona Leste da Capital.

Ontem, as páginas das redes sociais que convocavam jovens a se juntar aos encontros de massa na região foram apagadas. “A gente não quer polêmica. Só se divertir em galera, xavecar umas minas (sic). Ninguém quer tumulto, roubar, essas coisas”, disse o jovem.

O Grande ABC teve até agora uma tentativa de realização de rolezinho. Em dezembro, representantes do Grand Plaza acionaram a Polícia Civil, que identificou e repreendeu dois menores responsáveis pela organização. Em nota, o shopping afirma que vem tomando todas as medidas necessárias para garantir a segurança e conforto dos clientes. E que as autoridades serão acionadas caso a “funcionalidade” saia do normal.

O Mauá Plaza vai além. O centro comercial informou ter reforçado sua equipe de seguranças e seu departamento jurídico estuda, inclusive, tomar medidas na Justiça para coibir a prática. “O objetivo é proteger os clientes”, destaca o texto enviado pela administração do shopping.

“Estamos em contato direto com a equipe de seguranças desses shoppings, trocando informações e trabalhando em conjunto”, disse o tenente-coronel Carlos Alberto dos Santos, comandante interino da PM na região.

“Vamos reforçar o efetivo, mas atuar apenas do lado de fora e em caso de tumulto ou quebra da ordem em que haja depredação ou furtos”, completou.

Os outros shoppings disseram que não planejam nenhuma atuação específica ou não comentariam o assunto.

Mãe de envolvido condena evento

Moradora do Jardim Santo André, a dona de casa Marineide Silva, 41 anos, foi chamada à delegacia em dezembro para dar explicações da provável participação de seu filho, de 15, no que seria o primeiro rolezinho da região. Diferente de grande parte da opinião pública, ela desaprova o evento.

“Foi a maior vergonha da minha vida. O menino estuda, fica longe das drogas e depois quer bagunçar em shopping”, avaliou, reforçando que tomou suas medidas para impedir que o garoto volte a andar com os funkeiros. “Apaguei as músicas do computador, limpei o guarda-roupa. Tudo tem limite”, completou Marineide.

O secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), discordam. Todos disseram ontem que o rolezinho não deve ser criminalizado.

“Estamos novamente na fronteira da legalidade do que é o direito de ir e vir, do que é educacional ou criminoso”, disse José dos Reis Santos Filho, do Núcleo de Estudos sobre Situação de Violência da Unesp (Universidade Estadual Paulista). “Assim como nas manifestações, estamos colocando à prova nossa capacidade de convivência democrática.” 




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