A Prefeitura de São Bernardo notificou a empreiteira Construções e Incorporações CEI, responsável pela construção do Museu do Trabalho e Trabalhador, para que se manifeste sobre a denúncia apresentada pelo Diário no domingo, de que o eletricista desempregado Erisson Saroa Silva, morador no Jardim Campanário, em Diadema, é um dos sócios da empreiteira. Ele diz que não sabia, sendo laranja.
De acordo com a Junta Comercial, Erisson tem R$ 10,4 milhões em participações na companhia, cujo capital total é de R$ 20,8 milhões. A outra metade pertence a Elvio José Marussi, morador de Guarulhos – ele não foi encontrado pela equipe do Diário.
De acordo com o governo do prefeito Luiz Marinho (PT), a empresa foi notificada para “se manifestar sobre as informações que têm saído na imprensa”.
A Construções e Incorporações CEI venceu em abril do ano passado a licitação para realizar um dos principais projetos de Marinho, que visa enaltecer as lutas trabalhistas. De acordo com a Prefeitura, do ponto de vista da licitação para contratação da construtora, o conjunto de documentos apresentados é 100% legal.
Orçada em R$ 18,3 milhões (dos quais R$ 14,4 milhões são de verba federal), a obra está em pleno andamento. O museu está sendo construído no local do antigo mercado municipal e deveria ter sido entregue em janeiro deste ano.
A história que envolve a participação de Erisson é controversa. Casado e pai de um filho, mora de aluguel e não tem emprego fixo. Ao ser informado durante entrevista ao Diário que teria R$ 10,4 milhões, afirmou que deveria ter algum engano, que não conhecia Elvio e não sabia que seu nome constava como um dos sócios da construtora.
O Diário falou outra vez com Erisson ontem, no bairro Taboão. Desta vez, porém, ele não quis comentar o assunto.
Enquanto o caso não é esclarecido, a oposição ao governo Marinho pede esclarecimentos. O vereador Pery Cartola (perto de se filiar ao Solidariedade) apresentou pedido de investigação no Ministério Público. Julinho Fuzari (PPS) protocolou na Câmara requerimento de informações sobre o caso.

CASO CHIORO
A postura adotada por Luiz Marinho na relação entre o eletricista Erisson Saroa Silva e a Construções e Incorporações CEI é diferente da situação do secretário de Saúde, Arthur Chioro, sócio de uma empresa de consultoria que presta serviços para outras prefeituras, o que é vedado pela LOM (Lei Orgânica do Município).
Marinho blindou o aliado, afirmando que ele é 100% secretário e que não tem tempo para atuar como consultor. No entanto, relatou que se “a empresa dele presta (o serviço) é a empresa. É preciso diferenciar isso”, alegou o prefeito.