Setecidades Titulo Odontologia
Uso irregular de
materiais
pode gerar riscos

Itens são vendidos na internet de forma clandestina; produtos são usados para fins estéticos

Thaís Moraes
Do Diário do Grande ABC
14/07/2013 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


O Crosp (Conselho Regional de Odontologia de São Paulo) enviou ofício no mês passado à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para denunciar o comércio irregular de produtos ortodônticos pela internet. Os materiais são de uso exclusivo de profissionais. O objetivo é alertar a população sobre os riscos que a utilização indiscriminada pode acarretar. Entre os itens vendidos estão ligaduras elásticas – conhecidas como borrachinhas – fios ortodônticos, cera de proteção e aplicadores de aço inox, utilizados para colocação e retirada dos elásticos.

 “Recebemos denúncias de cirurgiões que viram propagandas na internet. Isso nos preocupa muito porque o tratamento é totalmente individualizado e em hipótese alguma deve ser feito por um leigo. Além da possibilidade de gerar danos irreversíveis, a venda livre pode estimular a existência ilegal da prática da Odontologia”, alerta o ortodontista e presidente do Crosp, Claudio Miyake.

De acordo com o professor e coordenador dos cursos de pós-graduação do Núcleo de Estudos Odontológicos e da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), José Luis Bretos, todas as vezes que as ligaduras elásticas são substituídas, uma força é aplicada sobre os dentes para que eles se movimentem e sejam corrigidos. “A troca repetida significa força constante, o que poderá causar perda óssea e gengival e até dos dentes”, esclarece Bretos. “Existe um tempo mínimo para a troca das borrachinhas e isso depende do material utilizado (látex vegetal ou sintético), idade do paciente, tipo de fio e do movimento realizado”, completa.

No caso dos fios ortodônticos os riscos são os mesmos, já que para cada fase do tratamento é recomendado um tipo de liga metálica. A utilização de ceras de proteção, cuja finalidade é proteger lábios e bochechas, também deve ser criteriosa quanto à procedência e qualidade do produto. “A vaidade esconde uma grande vilã. A dor causada pela utilização dos produtos pode durar pouco tempo, mas os danos aumentam sem a percepção do usuário e isso só é observado por um profissional especializado”, avalia a mestre em implantodontia e especialista em cirurgia de trauma bucomaxilofacial Andrea Beder.

Questionada sobre o caso, a Anvisa informou que a denúncia ainda está sendo analisada em duas áreas. A primeira é a que trata do registro de produtos para a Saúde e que deverá se pronunciar sobre o enquadramento dos materiais. No segundo caso, o objetivo é investigar a situação dos itens e das empresas que os oferecem. Por conta disso, a agência alegou ainda não ter parecer final sobre o tema e sobre os encaminhamentos que serão dados para o Crosp.

Comércio é realizado em sites de compras e redes sociais

Na internet é possível adquirir kits em páginas de compras e até em redes sociais. Um famoso site que comercializa diversos materiais oferece dezenas de opções de produtos e preços. Em um dos endereços, um vendedor negocia aplicador de elásticos mais 1.000 borrachinhas com 29 cores diferentes a R$ 39 e diz já ter registrado cerca de 800 vendas.

No espaço virtual, mensagem informa que a borracha deve ser trocada apenas por ortodontistas e que o uso incorreto pode causar danos. Porém, na área destinada a esclarecimentos, as dúvidas se restringem à disponibilidade de cores.

Em uma rede social foi criada uma página intitulada Borrachinhas personalizadas, que já reúne quase 500 pessoas. Além dos itens convencionais, existem peças com formato de personagens infantis, flores e animais. Os preços variam de R$ 5 – embalagem com 100 unidades – a R$ 15 para elásticos personalizados. Questionado, o vendedor afirmou que o uso por conta própria não oferece riscos à saúde e que até agora não registrou nenhuma reclamação

  




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