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Atire a décima pedra

O DEM, antigo PFL, desfiliou o deputado Edmar Moreira, aquele do castelo de Minas. Moreira corre até o risco de perder o mandato

Por Carlos Brickmann
15/02/2009 | 00:00
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O DEM, antigo PFL, desfiliou o deputado Edmar Moreira, aquele do castelo de Minas. Moreira corre até o risco de perder o mandato, por ter ficado sem legenda. Só que o problema não é desfiliar o castelão: é tê-lo deixado entrar, um deputado que jamais se notabilizou por sua ligação com os vários partidos a que pertenceu, e cujos problemas - inclusive o castelo - eram conhecidos do público desde 1999, quando Veja publicou reportagem sobre ele. O problema é tê-lo deixado continuar no partido, mesmo quando votou contra a principal tese da legenda, a redução de impostos - e, pior, votou a favor do governo quando o DEM é um dos principais integrantes da oposição. Desfiliá-lo agora é correto (antes tarde do que nunca). Mas que tal desfiliar também quem o deixou filiar-se?

Surpreender-se, ou fingir surpreender-se, quando as pessoas fazem aquilo que sempre fizeram, isto é coisa nossa. Pois não fica todo mundo surpreso com a violência, o mau-gosto, a agressão dos grotescos trotes universitários? Já morreu gente, já houve calouros feridos, já houve todos os tipos de problemas graves, e todos os anos as autoridades, surpreendidíssimas, prometem que de agora em diante vai ser diferente. Professores, reitores, administradores, todos juram que não podem agir contra os agressores porque o trote é dado fora da Universidade.

Mas podem agir, sim: podem expulsar quem não tiver civilidade para conviver com os colegas. Podem suspender os vândalos. Mas não querem: como no caso do deputado-castelão, preferem se surpreender a ter de trabalhar.

O NOME E O FATO
Nome do porta-voz da Toyota nos EUA, que anunciou redução de horários de trabalho (com queda proporcional de salários): Yuta Kaga.

CHEGANDO LÁ
A prisão de playboys bem de vida envolvidos no tráfico de drogas é um avanço importante na estratégia policial. Até agora, a maior parte das operações policiais prendia, ou matava, gente da favela, sempre apontada como "o maior traficante". É difícil acreditar que um traficante de porte, manipulando milhões de reais em drogas, se sujeite a morar no meio da favela, num barraco desconfortável. É muito provável que estes "líderes do tráfico" sejam, isso sim, agentes de pessoas muito mais importantes, muito mais ricas, que moram bem melhor que eles.

FUMAÇA NOS OLHOS
Por falar em produtos que fazem mal, os lucros da Souza Cruz subiram 20,9% em 2008, com relação a 2007. Explica-se: o preço do cigarro no Brasil é altamente subsidiado. O caro leitor não-fumante, de certa forma, paga para que os fumantes possam submeter-se a baixo preço aos males do cigarro. Em todos os produtos, o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) é uma porcentagem sobre o preço; no caso dos cigarros, um quase monopólio da Souza Cruz, o IPI é fixo, seja qual for o preço do cigarro. Hoje, o maço paga R$ 0,619. Uma marca como Charm, que custa R$ 4,30, paga bem menos de 20% de IPI - um valor minúsculo. A Organização Mundial da Saúde recomenda impostos altos, para que o cigarro custe caro e o consumo caia, reduzindo a quantidade de pessoas doentes.

LOS HERMANOS
Lembra daquela refinaria que a Venezuela construiria em Pernambuco, em sociedade com a Petrobras? Aquela, que os venezuelanos fizeram questão de implantar em Abreu e Lima - nome do general brasileiro que lutou ao lado de Bolívar na independência da América Espanhola? Pois é: a sociedade subiu no telhado. O presidente venezuelano Hugo Chávez exige, para entrar com 40% do capital da refinaria, que ele fixe o valor do petróleo a ser refinado; e que a PDVSA, a estatal venezuelana de petróleo, tenha exclusividade na venda de seus produtos no mercado do Nordeste. À Petrobras caberia pagar a maior parte da refinaria, operá-la e deixar os lucros com os sócios. Preferiu, portanto, trabalhar sozinha.




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