Setecidades Titulo Barulho
Região tem 7 reclamações
diárias por poluição sonora

Fiscalização é feita por meio do decibelímetro; imite
é determinado conforme a legislação de cada cidade

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
08/07/2013 | 07:00
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Orlando Filho/DGABC


A cada dia, sete reclamações por barulho são registradas no Grande ABC. De julho de 2012 até o mês passado, foram feitas 2.689 queixas em Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema e Ribeirão Pires. Mauá e Rio Grande da Serra não informaram. As multas para quem ultrapassa os níveis permitidos de emissão de ruído podem chegar a até R$ 8.400, além de cassação de alvarás de funcionamento, em caso de estabelecimentos comerciais.

O total de reclamações apresentou queda de 9,5% em relação ao período anterior – de julho de 2011 a julho de 2012 – quando 2.972 manifestações foram protocoladas nos canais de atendimento. Santo André é a cidade com mais registros: 2.013. São Bernardo teve 349 queixas, contra 180 de São Caetano, 131 de Diadema e 16 de Ribeirão Pires. Entre os locais que geram mais desconfortos estão bares, casas noturnas e templos religiosos, além de construções.

A fiscalização é feita por meio do decibelímetro – aparelho que mede o volume de som emitido. O lFiscalização é feita por meio do decibelímetro; imite<br>é determinado conforme a legislação de cada cidade

 .

Em Santo André, os pontos com maior incidência de poluição sonora são os bairros Jardim, Campestre e Centro, que são conhecidos pela vida noturna agitada. Reclamações devem ser feitas ao Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), pelo telefone 115 ou no site www.semasa.sp.gov.br.

Já em São Bernardo, a maior parte das manifestações de insatisfação é registrada no Centro, Rudge Ramos, Paulicéia, Alves Dias e Assunção. Segundo a Prefeitura, são os bares os responsáveis pela maioria das queixas. Para formalizar denúncia, o cidadão deve ligar no 0800-77-08-156 ou ir à unidade da Rede Fácil.

Do bairro Santa Paula vem a maioria das queixas por barulho em São Caetano. A região é cortada pela Avenida Goiás, que possui bares e casas noturnas. Moradores devem procurar a Ouvidoria, por meio do telefone 0800-75-79-595, ou a secretaria de Controle Urbano (4224-3988). O site www.saocaetanodosul.sp.gov.br também pode ser utilizado.

As empresas estão entre os maiores emissores de poluição sonora em Diadema. Os bairros onde a população mais reclama são Centro, Conceição, Vila Nogueira, Casa Grande e Serraria. Há três telefones para denúncias: 4059-7618, 0800-77-05-559 e 156, além do e-mail controleambiental@diadema.sp.gov.br.

Com grande área rural, Ribeirão Pires lista sítios que promovem eventos entre as principais fontes de reclamação. O canal de atendimento é o telefone 156.

SAÚDE

O médico Osmar Clayton Person, professor de Otorrinolaringologia da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), explica que os ruídos são nocivos à cóclea. “Essa parte interna da orelha tem células ciliadas auditivas que convertem o som em eletricidade e enviam para o cérebro. Quanto maior a intensidade do ruído, menor o tempo para que as células sejam lesadas.”

O dano é irreversível. Além disso, diz o especialista, a exposição prolongada ao barulho provoca tensão e estresse.

Vizinhos de baladas não dormem

A principal reclamação dos moradores do entorno de casas noturnas é em relação ao barulho das festas com música ao vivo. Os vizinhos das baladas também reclamam da saída dos estabelecimentos, quando os jovens precisam pegar os carros e aceleram muito, fazendo barulho. “É ensurdecedor. A música já é alta, mas o barulho dos carros e das conversas quando os frequentadores saem é ainda maior”, disse a dona de casa Maria Aparecida Oliveira, 70 anos.

Em Santo André, perto da Rua das Figueiras, tradicional reduto de encontro de jovens, as festas tem início na quarta-feira. “Durante a semana, a bagunça começa umas 20h, e dura até 1h ou 2h. Já nos fins de semana, começa às 15h e vai até as 5h”, reclamou a professora aposentada Helena Sampaio, 77.

Helena mora há 45 anos no mesmo local, e reclama também que, mesmo com a guia rebaixada, a entrada da sua garagem vira estacionamento. “Ninguém respeita nem as garagens. Se tiver uma emergência e precisar sair, é impossível. Sempre usam as entradas de carros do bairro como estacionamento”, disse.

Em Santo André, os moradores fizeram até abaixo-assinado para tentar diminuir o barulho. Segundo eles, é impossível dormir, mas até agora nada foi feito para resolver a questão.

SÃO BERNARDO

Nas proximidades da Avenida Kennedy, em São Bernardo, o barulho começa mais cedo na semana. Na terça-feira, bares já recebem frequentadores, que ficam até as 2h.

A professora aposentada Ivani dos Santos Polesi vive há mais de 40 anos no bairro e reclama do barulho. “Vim morar aqui antes dos bares chegarem, então, eles é que deveriam sair. Os estabelecimentos não têm isolamento acústico, então, consigo ouvir tudo da minha casa”, disse.

Antes, Ivani, que vive com o marido, dormia no quarto dos fundos, onde o barulho era menos intenso, mas agora outra casa noturna foi aberta na rua de trás, e o barulho começou a incomodar mais ainda. Ivani é obrigada a usar um truque para conseguir pegar no sono. “Na janela do meu quarto, o vidro é separado. Então, coloco uma espuma entre a vidraça e a janela para isolar o som, e fecho o vidro. Fica quente, mas consigo dormir. Infelizmente, tenho que optar por um ou outro. Agora que está frio, está tudo bem. O problema é no verão”, explicou.

Em São Bernardo, segundo os moradores, além da música alta, quem está nos bares grita e fala palavrões. “A gritaria é complicada, até porque há casas que têm crianças, e elas também ouvem. Ninguém dorme”, destacou Maria Aparecida. (Guilherme Monfardini) 




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