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Ladrões põem alunos em pânico em Sto.André
Por Luciano Cavenagui
Do Diário do Grande ABC
03/03/2005 | 14:12
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Estudantes do colégio Singular, no Centro de Santo André, estão sendo vítimas de assaltantes armados nos arredores da escola desde o início do ano letivo, há cerca de um mês. Neste período, aconteceram pelo menos 10 roubos logo após o término das aulas do período diurno, às 12h40. A escola fica na rua Álvares de Azevedo e os ladrões agem bem próximo ao prédio, como nas esquinas da via com as ruas Dona Elisa Fláquer e Capitão Mário Fláquer. Abordam as vítimas também nas ruas Xavier de Toledo e Siqueira Campos, caminho dos estudantes que usam transporte público. A tensão é tão grande que a direção do colégio enviou comunicados aos pais e também orientou os alunos a tirarem ou esconderem o uniforme escolar com o símbolo do colégio para não servirem de isca aos ladrões.

Alunos de unidades escolares que atendem público de classe média costumam atrair assaltantes que buscam principalmente celulares, bonés, tênis e alguma quantia em dinheiro. No ano passado, alunos do colégio Petrópolis Pueri Domus, de São Bernardo, também enfrentaram uma série de assaltos próximo à escola. Esconder o uniforme foi uma das estratégias adotadas pelos estudantes.

“Esse é um problema que nos preocupa bastante e decidimos orientar pais e alunos para que tomem precauções na saída do colégio. Não queremos que a falta de segurança afete os estudos”, afirma o diretor de cursos regulares do Singular, professor Egídio Blumetti.

Estudam no estabelecimento 2 mil alunos, que cursam o ensino médio e técnico profissionalizante. Metade estuda pela manhã. Os pontos preferidos dos assaltantes são o trajeto até o ponto de ônibus localizado em frente ao Instituto Sagrado Coração de Jesus, na rua Siqueira Campos, e o caminho até a estação de trem.

D.V., 16 anos, morador do Parque das Nações, está na 2º ano do ensino médio. Ele foi assaltado duas vezes nas últimas duas semanas por ladrões diferentes, quando se dirigia ao ponto de ônibus. O último roubo foi terça-feira. O adolescente ficou tão abalado com os crimes que não quis relatar como ocorreram. É a mãe, a aposentada M.S., 55 anos, que conta como aconteceram. “No primeiro roubo, um homem de barba e bem-vestido se aproximou dele, perto do ponto de ônibus, e disse que precisava de dinheiro para libertar um amigo que estava preso. Armado, pegou a carteira do meu filho. Depois, entrou em um ônibus e desapareceu”, disse a aposentada.

Terça-feira, o rapaz foi abordado no mesmo local, na rua Siqueira Campos, perto do ponto de ônibus, por um rapaz de cerca de 17 anos. “O ladrão cumprimentou meu filho e perguntou se ele poderia dar algum trocado. Quando ele abriu a carteira, o assaltante indicou que estava armado e ordenou que meu filho passasse todo o dinheiro, R$ 11.” A mãe disse que o filho ficou tão assustado após o segundo roubo que agora precisa ir buscá-lo todos os dias na saída da aula.

H.T.W., 17 anos, que cursa o 3º ano do ensino médio, foi assaltado no dia 14 de fevereiro no fim da rua Capitão Mário Fláquer, uma rua pequena que termina em uma espécie de beco, onde começa a rua Savino Degni. “Estava indo para o ponto de ônibus quando dois moleques me atacaram. Um deles me mostrou um revólver e disse que era para eu passar meu tênis e o celular”, relatou o estudante.

O colega de W., V.M., 16 anos, aluno da mesma série, foi vítima na semana passada, perto da estação de trem. “Não tive um prejuízo muito grande em dinheiro, o ladrão só me levou um boné que eu gostava muito. Ele estava armado e não reagi”, disse o aluno.

Os crimes no Centro de Santo André não apavoram somente os estudantes, mas também comerciantes que trabalham na área. “Isso aqui virou terra sem lei. Vejo aqui do meu balcão assaltos à mão armada quase todo dia. Ontem (terça-feira) mesmo eu vi um homem tirar um revólver da cintura, apontar para uma mulher e puxar a bolsa dela. Depois, o bandido saiu andando, rindo, como se não tivesse feito nada”, afirmou J.R., 50 anos, comerciante na rua Álvares de Azevedo.

O 1º DP de Santo André informou que houve, desde o começo das aulas, pelo menos 20 registros de roubos a pedestres na área, mas não soube precisar quantos se referiam a alunos do Singular.

A direção do colégio, estudantes e comerciantes são unânimes em afirmar que falta policiamento no local. O tenente Guilherme Ferreira de Andrade, relações públicas do recém-criado 41º Batalhão da PM, responsável pela segurança do Centro, afirmou que hoje mesmo haverá aumento de policiais na região para prevenir os assaltos. “Vou verificar com a companhia responsável pela área se realmente houve falha no policiamento ou qualquer outro problema. Somente na semana que vem terei todos os dados em mãos e poderei dar respostas precisas sobre o assunto”, disse o tenente.



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