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Região esquece dia das vítimas de acidentes
Por Isis Mastromano Correia
Do Diário do Grande ABC
16/11/2008 | 07:00
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O Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes de Trânsito deve passar em branco no Grande ABC. Nenhuma das sete cidades preparou atividades para a data, que é lembrada hoje em diversos países e em cerca de 40 cidades brasileiras.

Por aqui, a falta de mobilização não reflete o índice médio de vítimas que o trânsito do Grande ABC produz: são 19 feridos todos os dias conforme levantamento do Corpo de Bombeiros.

Contudo, o acanhamento sobre ações em lembrança às vítimas dos veículos nesta data ainda é tendência na maioria dos municípios do País.

Nem mesmo o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) incorporou o dia em seu calendário, tampouco o Detran (Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo).

Vem da cidade do Rio de Janeiro um dos maiores exemplos de dedicação à data. Desde o ano passado a ONG (Organização Não-Governamental) Trânsito Amigo chama a atenção dos motoristas para o problema.

Este ano, a entidade fará uma caminhada em Copacabana para colher assinaturas em prol da chamada Lei Seca e participará de um fórum de debates.

As atividades são coordenadas pelo engenheiro Fernando Diniz, que há cinco anos perdeu o filho, Fabrício, 20 anos, em um acidente de carro.

"Para efeito de estatística, de levantamentos, meu filho e os outros são sempre mais um número adicionado. Mas, para nós que o perdemos, ele é um rosto, um sonho, uma esperança interrompida", declara Diniz.

Fabrício foi vítima da imprudência do motorista que guiava o carro em que ele passeava com outras duas colegas. Ziguezagueando pela Avenida das Américas, no Rio de Janeiro, o motorista perdeu o controle, capotou e bateu em um poste que caiu sobre o veículo, Fabrício e a colega que estavam no banco traseiro morreram na hora.

Ileso, o garoto que dirigia o carro fugiu do Brasil com a família que hoje é procurada pela Interpol, a polícia internacional. Como agravante, durante as investigações do caso, Fernando Diniz descobriu ainda que o pai do rapaz que estava na direção era um falso médico, que utilizava um registro forjado da profissão. O episódio corroborou para que a família fugisse da Justiça.

Segundo Diniz, o motorista que matou seu filho já teria feito um cruzamento muito arriscado praticamente com o sinal fechado levando uma garota como passageira - no mesmo endereço onde Fabrício perdeu a vida.

"O perfil que consegui traçar dele (motorista) foi de um jovem que não tinha grandes predicados, que não chamava atenção por ser uma pessoa dócil, gentil, educada, charmosa e então tentava chamar a atenção naquilo que ele achava que fazia bem: correr", descreve Diniz.

"Se tudo isso que estamos fazendo (a militância pela causa) salvar apenas uma vida já valeu todo o sacrifício e quando eu digo sacrifício não é o de se deslocar para outros lugares e dar palestras, é falar sobre a morte do meu filho. Esse é o sacrifício maior", desabafa o pai de Fabrício. Fernardo Diniz parte ainda este mês parte para a Índia para contar sua história.

O Dia Mundial em Memória das Vítimas de Trânsito foi celebrado pela primeira vez em 1993, no Reino Unido. Em 2005, a ONU (Organização das Nações Unidas) reconheceu a data, que é celebrada todo terceiro domingo de novembro de cada ano.

Este ano o tema a ser debatido durante as manifestações é Bebida e Direção.




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