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Operação de porto seco em Santo André cresce 400%
Por Niceia de Freitas
Do Diário do Grande ABC
05/11/2004 | 09:42
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O armazém alfandegado Porto Santo André, em Utinga, também conhecido como porto seco, aumentou em 400% as operações de exportação entre junho e outubro em relação aos cinco primeiros meses deste ano. A grande demanda é atribuída ao incremento das exportações brasileiras.

Mas, além do cenário econômico favorável ao comércio exterior, as grandes companhias exportadoras começaram a atuar de forma mais intensiva nas zonas secundárias (porto seco) em detrimento da primária (Porto de Santos). Porto seco é a atual denominação dos Eadis (Entrepostos Aduaneiros do Interior), que operam a logística de exportação e importação de cargas sob diversos regimes aduaneiros.

Os armazéns alfandegados oferecem um conjunto de serviços, que vão desde a coleta até o desembaraço (trâmite burocrático) de cargas. Segundo o gerente comercial do Porto Santo André, Alberto Caputi, as empresas exportadoras estão migrando as operações que eram realizadas no Porto de Santos para os portos secos em São Paulo, em busca de maior agilidade.

Ocorre que antes dessa opção, as companhias iam direto ao Porto de Santos, mas o gargalo de infra-estrutura e a demanda de operações as obrigavam a enfrentar uma fila de espera, o que demanda em prejuízo com a possível perda de embarque. Com essa situação, as empresas passaram a dar início às operações nos armazéns alfandegados e concluem em Santos.

Menor tempo - A demora para as empresas desembarcarem seus produtos em Santos também decorreu de uma medida pelas embarcadoras (companhias marítimas) que reduziram o dead line (prazo para entrega da carga e documentação), de cinco dias para apenas um, desde o início deste ano. As empresas tinham que apresentar a carga no Porto de Santos até cinco dias antes de o navio a ser carregado chegar no porto brasileiro. Agora, o prazo é de apenas um dia.

Com essa alteração, as empresas exportadoras não conseguem tempo hábil para proceder toda a transação. "Muitas perdem a embarcação", explicou Caputi. Diante dessa situação, as empresas passaram a utilizar os armazéns alfandegados, onde é possível dar início à operação de desembaraço.

No Porto Santo André, o início do trânsito, como é chamada a operação, começa com o recebimento da mercadoria, retirada do caminhão, armazenagem por até cinco dias até a colocação dentro do contêiner.

Com 92 mil m² de área, o armazém alfandegado de Santo André recebeu investimentos de R$ 400 mil direcionados para tecnologia e segurança patrimonial. Segundo Caputi esses recursos dão mais condições qualitativas do que quantitativas para disputar o mercado. Além disso, ele afirmou que uma estrutura mais moderna oferece competitividade na busca de clientes que produzem ou movimentem carga de alto valor agregado.

Crescimento - Outro armazém alfandegado, o Agesbec (Armazéns Gerais e Entreposto de São Bernardo) também conseguiu absorver essa demanda. O gerente comercial, Wladimir Monteiro, comentou que em conseqüência das exportações brasileiras, o armazém projeta crescer neste ano de 18% a 20% neste ano.

Apesar de todo esse incremento, o foco dos portos secos são negócios de importação. Em Santo André, a movimentação de exportação representa a menor fatia, apenas 10% do faturamento. Em São Bernardo o índice chega a 25%, mas também já foi menor, segundo Monteiro. Esse perfil é decorrente das altas taxas de armazenagem das zonas primárias, segundo Caputi, do Porto Santo André. Ele afirmou que representam o dobro das zonas secundárias, mas não revelou o valor praticado pelos portos secos.

Segundo Monteiro, o início do trânsito nos terminais alfandegados tem permitido mais agilidade para as operações das empresas de exportadoras. Segundo ele, o Agesbec também realiza operações por meio de rodovias. "Os nossos clientes conseguem poupar até três dias de todo o processo", afirmou.

A localização do Agesbec, segundo Monteiro, também é um diferencial para os clientes. Instalado em São Bernardo, há 40 quilômetros do Porto de Santos, próximo aos acessos da via Anchieta e rodovia dos Imigrantes, impede que o cliente enfrente grande fluxo de trânsito. "Também já representa uma agilidade", acrescentou.




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