Lula voltou a defender a mudança no atual modelo econômico, com a retomada de projetos voltados para o desenvolvimento industrial, agrícola, turismo e apoio à pequena e média empresas. "Se continuarmos subordinando os interesses econômicos do Brasil aos interesses da agiotagem internacional e do FMI (Fundo Monetário Internacional), a tendência natural é nao retomar o crescimento nem gerar empregos; portanto, nao haverá distribuiçao de renda nem perspectiva de desenvolvimento", disse.
Para ele, a reforma ministerial foi "superficial" e "fictícia". "Fernando Henrique Cardoso mentiu para a sociedade brasileira, quando prometeu mudanças no ministério; foi mais na perspectiva de fazer um discurso para enganar a sociedade; usou a primeira pessoa o tempo todo, num processo de dizer ao povo: 'Olha, nao é o senador Antonio Carlos Magalhaes (presidente do Congresso, do PFL da Bahia) que manda aqui, sou eu'; ou seja, é um presidente que está pecando pela mediocridade", criticou Lula.
Sobre a construçao da fábrica da Ford na Bahia, Lula reafirmou ser favorável à operaçao, desde que haja um limite na concessao de benefícios fiscais federais. "Defendo que o modelo de desenvolvimento brasileiro seja descentralizado, mas nao concordo é que os governos, seja federal ou estaduais, tirem dinheiro público da educaçao, saúde, agricultura para financiar a instalaçao de uma multinacional." Segundo Lula, a Ford teve um faturamento, em 1998, de mais de US$ 150 bilhoes, valor superior ao do Orçamento da Uniao previsto para 2000, de cerca de US$ 100 bilhoes. "Como se explica o governo dar dinheiro para uma empresa dessa?; queremos a Ford, oferecemos mao-de-obra qualificada e barata, infra-estrutura para escoamento da produçao, mercado, até isençao fiscal por 15 ou 20 anos; mas financiar o capital de giro ou sua implantaçao é um contrasenso; estamos privatizando nossas estatais e estatizando as multinacionais", afirmou Lula.
Nesse sentido, Lula e Marinho avaliam que, hoje, o maior desafio do movimento sindical organizado é a luta pela manutençao e surgimento de novos empregos. "A tarefa é mais árdua do que a do sindicalismo no anos 80, que lutava por reajuste salarial", disse. Marinho concorda. "Hoje, precisamos essencialmente responder às demandas conjunturais e o emprego é prioridade absoluta; a partir dele, desenvolveremos as outras demandas", disse Marinho.
Marinho destaca, entre as demais tarefas no segundo mandato, a construçao de sindicatos nacionais. "A partir de resoluçoes da nossa central, a CUT (Central Unica dos Trabalhadores), estamos priorizando a constituiçao dos Sindicato Nacional e do Estadual dos Metalúrgicos da CUT." Os objetivos sao ampliar a representatividade e a capacidade de negociaçao a partir do local de trabalho, explicou Marinho, e, assim, evitar que demandas cheguem à Justiça do Trabalho.
Cerca de mil pessoas, entre sindicalistas e familiares, compareceram à festa da posse da nova diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, no Estádio Bruno Daniel. Também participaram do evento o deputado estadual Jamil Murad (PC do B-SP), e federais Professor Luizinho (PT-SP) e Jair Meneghelli (PT-SP) e o prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT).
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