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Atacama, um cenário perfeito para a ficção
Por Heloísa Cestari
Do Diário do Grande ABC
06/10/2005 | 09:56
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Gêiseres, vulcões, ruínas incas, cidades-fantasma e a aridez do deserto a perder de vista. É este visual inóspito, bem ao estilo faroeste, com céu sempre azul e clima desolador, que levou o diretor Ricardo Waddington a escolher o Atacama, no Chile, para cenário dos primeiros capítulos da nova novela da Rede Globo, Bang Bang, que estreou segunda-feira no horário das sete.

Considerado o ponto mais seco do planeta, o Atacama costuma apresentar índices praticamente nulos (0%) de umidade relativa do ar, quando o mínimo tolerável, segundo a Organização Mundial da Saúde, é de 30% – abaixo dos 20%, os municípios já entram em estado de alerta.

Como se já não bastasse o clima árido, o Atacama estrela também no Guinness Book, o Livro dos Recordes, como o deserto mais alto do mundo. As altitudes variam de 3,3 mil a 4,5 mil metros, o que faz o ar, além de seco, tornar-se extremamente escasso em oxigênio. Para completar o quadro desolador, durante as três semanas de gravação no deserto, o elenco da trama global ainda teve de se adaptar às costumeiras variações da temperatura, que chega a oscilar entre 0º C à noite e 40ºC com sol a pino em um único dia.

Mas quem se importa? São todas essas adversidades que fazem da região um destino único, sonho de consumo da maior parte dos mochileiros que entram nas agências de viagem com o mapa do Chile em mãos – embora a Patagônia também faça bonito no quesito aventura.

Mesmo que o ar não fosse tão rarefeito, suas contrastantes paisagens já seriam capazes de arrancar o fôlego de qualquer um. A começar pelos ares espaciais do Vale da Lua e pela infinidade de indícios arqueológicos que acusam a presença do homem há mais de 11 mil anos, quando a região provavelmente ainda não apresentava as mesmas características desérticas de hoje.

Prova disso é o Salar de Atacama, depressão com mais de 100 km de comprimento, entre a cordilheira andina e a Domeiko, que séculos atrás represava um lago entre as montanhas. Sem vertedouro natural, a água evaporava, permitindo que enormes quantidades de sais minerais ficassem depositadas em seu fundo. Hoje, os lençóis subterrâneos afloram somente em alguns pontos, dando origem a pequenas lagoas, repletas de flamingos, enquanto a camada de sal se estende por até 1,5 mil metros de profundidade.

Será miragem avistar lagos no deserto mais seco do planeta? Que nada. Mais paradoxo do que isso – e do que a própria temperatura – é ver, ao nascer do sol, dezenas de buracos no chão do deserto, os chamados gêiseres, jorrando água e vapor a vários metros de altura em meio à aridez do Atacama.

Sem dúvida, os contrastes são mesmo a marca registrada de lá. Quer mais um exemplo? Então, dirija-se até o imponente vulcão Licamcabur, adorado pelos nativos como uma divindade há milhares de anos. Ele pode ser visto de quase todas as ruas da pequena vila de San Pedro de Atacama e, ao contrário do que se supõe, o interior de sua cratera não abriga nenhuma espécie de material incandescente a centenas de graus de temperatura, e sim uma lagoa que – pasmem! – passa 10 meses por ano congelada. Já o vulcão Tatio, em vez de soltar fumaça, vigia os tais gêiseres a seu pé.

Não à toa tudo o que parece absurdo passa a ser rotulado como estranhamente possível no Atacama. Assim como a nova trama de Mário Prata, que contrasta a experiência de atores do quilate de Mauro Mendonça e Bruno Garcia à inusitada participação de novatos como a modelo Fernanda Lima e o titã Paulo Miklos nos papéis principais. Mais original que a ficção à la faroeste, só mesmo a natureza do Atacama.

Malas prontas

Por se tratar de um local inóspito e com enorme variação de temperatura, alguns artigos são indispensáveis à bagagem de quem vai ao Deserto de Atacama. Confira abaixo os itens mais importantes:

- RG original (não é preciso passaporte);

- Certificado nacional de vacina contra a febre amarela (no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo);

- Roupas de frio e de calor, pois a temperatura chega a variar, em um único dia, de 0ºC à noite a 40ºC com Sol a pino. Por isso, é indispensável que se leve blusas de lã ou de náilon com capuz, gorro, cachecol, capa de chuva e luvas para suportar as baixas temperaturas da noite no deserto.

- Creme facial e protetor solar;

- Boné ou chapéu;

- Bota de trekking ou um par de tênis confortáveis para as caminhadas;

- Roupa de banho;

- Óculos escuros;

- Um guia com mapas da região a ser visitada;

- Máquina fotográfica ou filmadora, filmes (pois será difícil encontrá-los por lá), bateria, carregador e binóculos;

- Por fim, mesmo com tantas recomendações, é aconselhável que se leve apenas o estritamente necessário, para que a bagagem seja fácil de carregar.




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