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Japão prefere aliança com Estados Unidos e desconfia da China
Da AFP
01/11/2005 | 11:46
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A promoção de nacionalistas no novo governo de Junichiro Koizumi permite prever relações ainda mais turbulentas entre o Japão e os vizinhos asiáticos, a começar pela China, alertaram analistas nesta terça-feira.

Essa escolha diplomática coincide com o fortalecimento da cooperação militar com os Estados Unidos, ratificada no último fim de semana em Washington, 60 anos após o fim da Segunda Guerra Mundial. "A aliança nipo-americana é indispensável para manter a segurança do Japão", afirmou o premier de direita, Junichiro Koizumi, após a reforma do Gabinete. "É extremamente importante manter um sistema dissuasivo para nos protegermos (...) daqueles que poderiam querer invadir o Japão", acrescentou.

No campo diplomático, o novo governo é claramente pró-americano e antichinês", aponta o especialista em ciências políticas Minoru Morita. Tanto o braço direito do primeiro-ministro, Shinzo Abe, designado porta-voz do governo, quanto o novo chanceler, Taro Aso, tem boas relações com os Estados Unidos.

O novo governo japonês, anunciado ontem por Koizumi, após sua vitória nas eleições legislativas de 11 de setembro, é formado principalmente por homens fiéis ao premier, especialistas em política interna com qualidades diplomáticas duvidosas, apontam os editorialistas. "Sua filosofia política carece de consistência. A única coisa que os une é a lealdade a Koizumi", assinala Kaoru Okano, outro analista.

Abe e Aso apóiam as polêmicas visitas do premier ao patriótico santuário de Yasukuni, que também freqüentam com regularidade. A peregrinação anual de Koizumi ao local, símbolo do nacionalismo japonês, gera protestos entre chineses e coreanos, que vêem nesse gesto a glorificação do imperialismo japonês.

O atual chanceler, Nobutaka Machimura, alertou para qualquer deriva nacionalista da diplomacia japonesa. "Se o primeiro-ministro, o porta-voz do governo e o ministro das Relações Exteriores visitam Yasukuni, isso poderia nos levar a uma situação bastante grave com os vizinhos asiáticos do Japão", disse.

Os dois neoconservadores do governo Koizumi poderiam se mostrar moderados, para não prejudicar as relações econômicas vitais entre os dois gigantes do Extremo Oriente, aponta Shigeaki Uno, especialista da Universidade de Shiman. "Acredito que Aso usará seus contatos no meio empresarial para negociar discretamente com os chineses", indica, referindo-se ao passado de industrial do novo chanceler.

Segundo Uno, é provável que a China, que deseja estreitar os laços com os Estados Unidos, não tente piorar a situação com o Japão.



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