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Jorge Amado na telona
Por Luís Felipe Soares
Do Diário do Grande ABC
21/05/2010 | 07:00
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Quando o escritor Jorge Amado (1912-2001) morreu aos 89 anos, sua vida e obra estava destinada a ganhar diversas homenagens. Quase uma década depois, o ícone baiano tem um de seus maiores trabalhos adaptado para o cinema: "Quincas Berro D'Água", que estreia hoje em todo o Brasil e com duas cópias no Grande ABC.

A direção do longa é de Sérgio Machado, que viu sua carreira ser alavancada pelo próprio escritor. Amado assistiu a um curta do cineasta e gostou do trabalho, fazendo com que conseguisse novos contatos em sua carreira.

"Devo a Jorge (Amado) o fato de fazer cinema e de meu filho se chamar Jorge. Acho que há uma relação íntima entre nós", comenta Machado. "Sempre gostamos do submundo baiano e isso culminou no filme", completa.

É nesse ambiente que ocorrem as ações do filme. Na tela, Quincas (Paulo José) é um dos maiores boêmios de Salvador, mas é encontrado morto em sua casa no dia do seu aniversário. Toda a comunidade local se comove com a fatalidade e a informação chega até a sua filha Vanda (Mariana Ximenes), que não tem contato com ele há muitos anos. Ela vai até o local e prepara o velório do pai.

Quando a madrugada chega, o quarteto Pastinha (Flávio Bauraqui), Pé de Vento (Luis Miranda), Curió (Frank Menezes) e Cabo Martim (Irandhir Santos) chega para prestar respeito ao ‘comandante' da tropa. Os amigos não aceitam a morte do companheiro e decidem levar o corpo para uma última farra regada a muita música e bebida.

A presença de Paulo José como o protagonista se dá na forma de narrador dos fatos e na disposição de contracenar com o elenco no papel de um morto. "Interpretar um morto é complicado, porque ao mesmo tempo que não se pode mexer nada, é preciso movimentar tudo", diz o ator.

Há mais de 15 anos convivendo com o mal de Parkinson - que provoca movimentos não voluntários -, Paulo José sempre foi a escolha número um de Sérgio Machado para o papel. O diretor acreditava que o problema de saúde do ator atrapalharia o projeto, mas um tratamento nos Estados Unidos deu ótimos resultados. Paulo José foi escalado para fazer Quincas e deve marcar a personificação do famoso personagem literário.

O ritmo de "Quincas Berro D'Água" é meio lento e demora para prender a atenção do público. O filme começa a tomar rumo com a chegada dos fiéis amigos do morto. Juntos, eles trazem alegria e criam engraçadas situações envolvendo seu relacionamento com o ‘painho'.

Para José, a bebedeira do grupo transforma Quincas. "Ele é um morto vivo. Quando mais os amigos bebem, mais ele ganha vida. Ele olha sempre para dentro de si e ouve tudo o que acontece a seu redor", afirma.

O olhar diferenciado de Jorge Amado para a sua comunidade e a sensibilidade de Paulo José para a interpretação sustentam a obra que chega ao cinema.




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