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Delegados reivindicam aumento
Por Evandro De Marco
Do Diário do Grande ABC
31/05/2010 | 07:00
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O impasse entre os delegados da Polícia Civil e o governo do Estado de São Paulo continua. A categoria pede uma reestruturação na corporação que, segundo seus representantes, não foi atendida até o momento. Além disso, os salários continuam entre os mais baixos do País se comparados aos de delegados de outros Estados, como Paraná, Mato Grosso, Acre e Paraíba.

"Estamos no Estado mais rico da nação e temos os piores salários", ataca a presidente da Adpesp (Associação dos Delegados do Estado de São Paulo), Marilda Pansonato Pinheiro.

Semana passada, a Assembleia Legislativa aprovou e o governador Alberto Goldman (PSDB) sancionou projeto que eleva o valor do ALE (Adicional de Local de Exercício). Nas cidades com até 500 mil habitantes, o ganho passa para R$ 5.495,30. Em municípios com população acima disso, o valor é de R$ 5.810,30.

Têm direito ao aumento delegados, médicos legistas e peritos criminais de 4ª classe, bem como os primeiros tenentes da PM, inválidos, aposentados e pensionistas. Ainda assim, os valores serviriam apenas para que o Estado de São Paulo ultrapassasse Pará, Pernambuco, Minas Gerais e Rio Grande do Sul - estes dois últimos somente para os atuantes nas cidades com mais de 500 mil habitantes.

"Somente os delegados que começaram na carreira agora e, por isso, ganham menos, foram beneficiados. Eles são minoria", afirma Marilda. "Eu trabalho em São Bernardo, que tem mais de 500 mil habitantes, e para mim não faz diferença alguma", reclama o delegado Antonio de Rennó Miranda, representante da Adpesp no Grande ABC.

Miranda avisa que se a categoria não receber mais atenção por parte do governo, pode haver paralisação. "Teremos novas assembleias e podemos, sim, decidir por parar algumas horas."

Propaganda - A Adpesp tem usado a publicidade para tentar pressionar o governo. Faixas, adesivos e cartazes são usados, e anúncios na mídia impressa também estão programados. Mas são os veículos eletrônicos e digitais que ganham mais investimento. Filmes da associação circulam pela internet, são veiculados em emissoras de TV e, em pouco tempo, estarão nos cinemas.

"Todas as ferramentas são importantes. Não podemos desprezar nenhuma delas", defende a presidente da Adpesp, Marilda Pansonato Pinheiro.

Em contrapartida, o governo do Estado divulga notas através da Secretaria de Segurança Pública tentando explicar e enaltecer as novas condições salariais.

Acordo para reestruturação foi firmado em 2008
As reivindicações de policiais civis por melhores salários começaram em 2008, quando a categoria fez greve por dois meses adotando a Operação Padrão, em que somente crimes mais graves eram registrados. O auge do movimento foi marcado pelo confronto entre policiais civis e militares em frente ao Palácio do Governo, na Capital, em outubro.

Naquele ano foi feito acordo para reestruturação e valorização da polícia. Entre as ações, foram adotadas a extinção da 5ª Classe dos delegados e a estipulação de apenas dois tipos de ALE (até 500 mil habitantes e acima disso). Além disso, o governo acena com a incorporação do ALE ao salário dos policiais em 20% a cada ano. Desta forma, a partir de 2014, todos se aposentariam com o valor integral, benefício estendido também aos já aposentados, inativos e pensionistas. Contudo, a Adpesp queria essa incorporação mais cedo.

Neste ano, o Estado deverá investir R$ 11,2 bilhões em segurança, dos quais R$ 9,4 bilhões serão empregados no pagamento de salários e encargos aos mais de 130 mil policiais paulistas.




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