A megatroca de títulos da dívida pública argentina em moratória que se encerrou na última sexta-feira, foi um sucesso, com adesão nacional de 97% e global estimada em mais de 75%, segundo dados preliminares. A divulgação dos números oficiais está prevista para o próximo dia 18, mas o governo do presidente Nestor Kirchner já comemora a quebra de barreiras.
O chefe do gabinete da Argentina, Alberto Fernández, disse neste sábado que a adesão à troca de títulos superou em muito o patamar exigido pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) e pelo sistema financeiro mundial para que o país saia da moratória.
"Observa-se em geral que o exigido é que cerca de dois terços dos credores estejam de acordo com a proposta de reestruturação. Conseguimos mais do que isso", avaliou Fernández em entrevista à rádio América.
O ministro do Interior da Argentina, Aníbal Fernández, por sua vez, arriscou-se a falar em percentuais. "A adesão foi entre 70 e 80%, a maior negociação da história, que permitirá à Argentina sair definitivamente do default", explicou.
O sindicato de bancos assessores que liderou a troca calcula que a adesão foi de entre 77% e 83%, segundo o jornal La Nación. O matutino Clarín, por sua vez, cita fontes que garantem que a participação foi de pelo menos 75%.
O ministro da Economia Roberto Lavagna mostrou-se mais contido em suas declarações sobre os resultados da troca títulos, negando-se a falar em números antes dos resultados oficiais.
O presidente Kirchner também foi discreto, mas não se furtou de uma declaração otimista. "Vamos ter um bom resultado com a operação. Vai mostrar que podemos, que faremos a melhor negociação da história do mundo", disse.
Apesar do otimismo, o governo argentino está longe de ter se livrado dos problemas gerados pela dívida em moratória do país, apesar da megatroca de títulos. Representantes de investidores italianos que não aceitaram a proposta de Buenos Aires, já anunciaram que irão à Justiça contra o país sul-americano e contra os bancos que venderam os papéis. "Vamos apresentar ações em todos os tribunais internacionais contra a Argentina", disse o advogado de um grupo de investidores italianos, Mauro Sandri.
O representante legal de outros grupos na mesma situação, Tulio Zembo, disse que os bancos são responsáveis. "Se alguém resolveu fazer a troca, é problema dele. Quem não entrou na operação sabe que em quatro ou cinco anos pode recuperar 100% do capital", declarou Zembo na rádio América, de Buenos Aires.