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Região vai usar todas as vacinas disponíveis para a primeira dose

Decisão foi tomada no Consórcio e é amparada por entendimento do centro de contingência

Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
28/01/2021 | 00:01
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Nario Barbosa/DGABC


As cidades da região decidiram, por meio do GT (Grupo de Trabalho) Saúde do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, não reservar estoque para reforço da vacinação e vão usar os lotes da Coronavac e da vacina de Oxford na primeira dose no público-alvo prioritário do PNI (Plano Nacional de Imunização) – profissionais da saúde, indígenas, quilombolas, além de idosos e deficientes que moram em casas de longa permanência.

“Em reunião do GT Saúde foi decidido que as vacinas contra a Covid-19 recebidas pelos municípios consorciados devem ser utilizadas na sua totalidade na primeira dose. A quantidade relativa à segunda dose será enviada como parte do Plano Estadual de Imunização contra a Covid-19 aos municípios”, informou o colegiado, em nota.

A posição é semelhante à tomada ontem pela Capital e está amparada em recomendação do Centro de Contingência do Coronavírus, comitê criado pelo governo do Estado e formado por 20 especialistas em saúde. A decisão tem em vista a escassez de vacinas à disposição, insuficientes para cobrir o grupo prioritário. No Grande ABC, as doses da Coronavac e da de Oxford atendem a 68,2% da demanda.

“Hoje, a segunda dose está prevista para ser feita em até 28 dias após a primeira. No entanto, do ponto de vista científico biológico, é possível pensar que a segunda dose dada em uma data posterior aos 28 dias seja até mais eficaz. Então, o centro de contingência, neste momento, é favorável à possibilidade de ter uma extensão”, afirmou o coordenador do centro de contingência, Paulo Menezes.

Segundo o Butantan, parceiro do laboratório chinês Sinovac na produção da Coronavac, nos testes do imunizante com voluntários idosos a segunda dose com 28 dias garantiu eficácia superior a 78% para casos leves e moderados. Mas o diretor Dimas Covas avalia que o tempo pode ser prorrogado. “O prazo de 28 dias pode ser estendido, sem problema, até por mais 15 dias. No estudo houve alguns casos que tiveram essa vacinação e não houve nenhum problema do ponto de vista da resposta imunológica”, garantiu Covas.

No início da semana, a médica e professora de Oxford Sue Ann Costa Clemens, responsável pelos estudos clínicos da vacina no Brasil, disse que o imunizante de Oxford garante boa proteção com apenas uma fração. “A primeira dose protege com 70% de eficácia para casos leves e moderados e 100% para os casos graves”, disse.

Apesar da recomendação do centro de contingência e do posicionamento das cidades da região, a decisão de aplicar só a primeira dose cabe ao Ministério da Saúde. O governo estadual fez consulta formal à pasta sobre a possibilidade de ampliar em 15 dias o prazo de 28 dias para a segunda dose e aguarda uma resposta.

DIADEMA VACINA COVEIROS
Mesmo antes de finalizar a imunização do público prioritário do PNI, Diadema informou ontem que ampliou a campanha de vacinação e passou a imunizar profissionais que atuam no cemitério municipal. O Diário questionou a administração se existe autorização para a decisão, mas não teve resposta. “Com a chegada de mais doses, estamos ampliando a vacinação para outros servidores que também têm contato e estão em exposição ao vírus, como os sepultadores, motoristas e outros profissionais do cemitério, funerária e IML (Instituto Médico-Legal)”, explicou a responsável pela coordenadoria de vigilância à saúde de Diadema, Franciele Finfa da Silva. Nesta fase, serão cerca de 30 profissionais do serviço imunizados.

Funcionários denunciam fura-fila em asilo

Parentes da proprietária foram imunizados antes de profissionais que atuam na limpeza do local

São Bernardo segue acumulando problemas com a vacinação contra a Covid. Além dos servidores Marilia Batista, que trabalha no Centro de Zoonoses e está afastada das atividades até o dia 1º de abril, e Wanderley Tavares, que atua na área administrativa do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), que foram imunizados indevidamente, conforme o Diário publicou ontem, o mutirão realizado na Casa de Repouso Residence Care, que fica no Planalto, em São Bernardo, permitiu que outras pessoas tenham furado a fila da vacinação.

Funcionários do local que pediram para não ser identificados revelaram que nem todos os profissionais que atuam no asilo, em especial os que fazem parte da limpeza do local, foram imunizados. “Faltou vacina para todo mundo porque foram imunizadas pessoas que não fazem parte da equipe, parentes da dona e das enfermeiras que estavam aplicando as vacinas”, acusou uma funcionária.

Proprietária da casa de repouso, Luciana Fontes assumiu que faltou vacina nos dois dias de imunização. Segundo ela, a casa pediu à vigilância sanitária de São Bernardo 216 doses, que seriam suficientes para os 98 idosos, além dos profissionais que prestam serviço ao local. No momento da vacinação, porém, foi constatado pelas enfermeiras da UBS (Unidade Básica de Saúde) Planalto, que fizeram a aplicação, que o lote tinha 40 doses a menos. “Avisamos a vigilância sanitária e eles ficaram de nos dar resposta. Vacinamos todos idosos e alguns profissionais que prestam serviço para nós, mas não deu para imunizar todo mundo porque acabaram as doses”, explicou.

Chamou atenção também o fato de que muitos profissionais que prestam serviços esporádicos para o local, que não têm vínculo empregatício e foram imunizados, como cabeleireiros, por exemplo.

Questionada, a Prefeitura de São Bernardo não explicou como se dá o cadastro destes profissionais sem vínculo empregatício nem onde foram parar as 40 doses de diferença entre o pedido do asilo e o entregue.

Em nota, informou “que a garantia da chegada do novo lote de doses da Astrazeneca/Oxford permitiu que o município ampliasse a cobertura de vacinação dos profissionais de saúde, além dos que atuam na linha de frente no combate à Covid-19. Além disso, os funcionários com mais de 60 anos, com comorbidades ou ambos, estão sendo convocados/convidados para receber a vacina para que possam retornar ao trabalho. Nas instituições de longa permanência de idosos, a cobertura vacinal foi de 100%, com imunização dos idosos e de todos os profissionais que têm contatos com estes pacientes, incluindo na Casa de Repouso Residence Care. Ressalta-se que caso seja confirmada qualquer infração dos protocolos de vacinação, os envolvidos serão responsabilizados”.

Importante ressaltar que servidores públicos, mesmo com comorbidades ou que pertencem ao grupo de risco, não compõem o grupo prioritário do PNI (Plano Nacional de Imunização), que prevê imunização de profissionais da saúde, indígenas, quilombolas, além de idosos e deficientes que estão internados. Na terça-feira, segundo dados da própria Prefeitura, as vacinas recebidas até agora dariam para imunizar apenas 71,9% deste público-alvo.  




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