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Livro de Madonna relembra história da Gata borralheira
Por Patrícia Vilani
Do Diário do Grande ABC
17/09/2003 | 19:14
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Não é a primeira vez que uma celebridade tenta cativar o público infantil. Gente como o humorista Jerry Seinfeld e o ator John Lithgow já se arriscou nesse universo de leitores tão perspicazes. Qualquer lançamento, no entanto, fica mais interessante quando tem a assinatura da cantora Madonna. Sua primeira publicação para crianças, As Rosas Inglesas (Rocco, 48 págs., R$ 32 em média), ganhou o status de um Harry Potter antes mesmo de chegar às livrarias, com notícias divulgadas pelos quatro cantos do mundo. Já o lançamento, na última segunda-feira, alcançou 100 países e 30 idiomas. E pouco – ou melhor, quase nada – se sabia do conteúdo da obra.

“Pela primeira vez na minha vida minha criatividade não foi motivada por ego ou ganância”, disse a também autora do erótico Sex (1992), livro no qual mostra visões de sadomasoquismo e bissexualidade, além de sua nudez ao lado do já esquecido rapper Vanilla Ice. Se Sex, que vendeu 1 milhão de exemplares, a tornou a marqueteira mor de escândalos entre famosos, As Rosas Inglesas, com tiragem inicial só nos Estados Unidos de 400 mil cópias, vem sublimar a imagem de mãe que Madonna pregou nos últimos anos com o nascimento de seus dois filhos, Lola e Rocco.

As Rosas Inglesas é visualmente belíssimo, graças à ótima impressão digital em papel premium, com capa dura e laminada, e aos desenhos coloridos de Jeffrey Fulvimari, um ilustrador de moda discípulo do fotógrafo David LaChapelle que tem trabalhos publicados em revistas conceituadas como Vogue, Glamour, Harper’s Bazaar e Elle britânica. Seus traços lembram croquis estilizados, às vezes psicodélicos, e as crianças da história são esbeltas e ligadas à moda. As personagens usam roupas moderninhas, e algumas estampas trazem a bandeira da Inglaterra, um ícone fashion.

O texto de Madonna é narrado por um ratinho que aparece, às vezes, no canto das páginas. Fala de quatro meninas – as Rosas Inglesas – inseparáveis, “praticamente grudadas na cintura uma da outra”. Apesar de terem tudo na vida, elas sentem inveja de uma quarta personagem, Binah. Tudo porque Binah é de uma beleza inigualável. Mas a menina não é feliz, pois apesar de bela, ela não tem amigos. Nicole, Amy, Charlotte e Grace não se aproximam de Binah por achá-la esnobe.

A redenção do quarteto acontece em um sonho coletivo. Elas são guiadas por uma fada-madrinha, que primeiro lhes propõe que se transformem em outra pessoa e, em seguida, lhes mostra o dia-a-dia de Binah. Na verdade, a menina é órfã de mãe e, quando chega da escola, ajuda o pai, que trabalha fora, limpando o chão, fazendo o jantar e lavando roupas.

Está claro que Madonna usou sua própria vivência para escrever a história. No material de divulgação do livro, ela lembra que sentia inveja de outras meninas por elas terem mãe. A comparação de Binah à Cinderela é uma citação da própria trajetória de Madonna, filha de uma família humilde, de origem italiana, que se tornou a Midas do showbizz. Vale esperar os outros quatro títulos já escritos por ela. Cada um apresentará novos personagens e se passará em época e lugares diferentes. O próximo, As Maçãs do Sr. Peabody, chega ao mercado em 10 de novembro, bem a tempo de ser incluído nas compras na Natal.




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