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Kiko inchou a máquina à classe política, diz Volpi

Pré-candidato em Ribeirão, ex-prefeito mostra preocupação com finanças e indica que não buscará reeleição

Por Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
20/08/2020 | 00:01
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Claudinei Plaza/DGABC


Ex-prefeito de Ribeirão Pires e pré-candidato do PL na eleição ribeirão-pirense deste ano, Clóvis Volpi apontou que o prefeito Adler Kiko Teixeira (PSDB) ficou refém da classe política de Ribeirão, inchou a máquina pública para acomodar indicações e colocou em risco as finanças públicas do município.

Em visita ao Diário, Volpi declarou ver qualidades em Kiko, em especial pela passagem do tucano à frente da Prefeitura de Rio Grande da Serra, entre 2005 e 2012 – justamente o período em que Volpi foi prefeito de Ribeirão. “Kiko é inteligente, demonstrou capacidade em Rio Grande, tem excelente relacionamento político nas esferas estadual e federal. Tem todas as qualidades para ter sido um bom prefeito. Mas avalio que ele se surpreendeu com a classe política de Ribeirão, que faz imposições mais severas. E não foi linha-dura como deveria, fez concessões políticas. Se equivocou na interpretação.”

Volpi tem norteado sua pré-campanha com a promessa de reduzir o volume de secretarias – de 21 para 12 – e ceifar o número de cargos comissionados – “dos próximos de 400 para aproximadamente 100”. “Sou o único com coragem de fazer isso porque, talvez, não tenha mais espaço para mim na política, não tem mais para onde eu ir. Se Ribeirão tiver aventureiro, teremos muitos problemas, não vai resolver. Se tiver gestão maluca, vai ser inadimplente.”

O ex-chefe do Executivo avaliou que a despesa de Ribeirão precisa retornar aos patamares de 2012, até para ser possível a travessia durante a crise econômica trazida pela pandemia. Volpi lembrou que a cidade, por ser encravada em área de manancial, não pode apostar em indústria de grande porte. Fica restrita ao setor de serviços, um dos mais impactados com o coronavírus. E, além disso, como a crise é global, não é possível recorrer a outros entes para ser socorrido. “O cenário é muito pior do que encontrei na sucessão da prefeita Maria Inês (Soares, PT). Será muito mais difícil consertar a economia. Ribeirão precisará de oito anos para voltar à estaca zero, ter orçamento de R$ 370 milhões, já que devemos arrecadar por volta de R$ 270 milhões.”

Aos 72 anos, Volpi já foi vereador de Mauá, deputado federal, presidente estadual do PSDB, secretário adjunto paulista de Esporte no governo de Geraldo Alckmin (PSDB). Ele avisou que a ideia é, se eleito, não buscar a reeleição e passar o bastão para o que tem chamado de “nova geração”. Escolheu como vice o vereador Amigão D’Orto (PSB), 41, e aposta em chapa de vereadores com nomes novos. “Sou o único velho do grupo, costumo brincar. É difícil você ver gente com mais de 40 anos. É hora de passar o ensinamento, de passar o bastão.”

Ele lembrou que, no passado, havia apostado em um jovem, Edinaldo de Menezes, o Dedé (Cidadania). “Não deu certo”, reconheceu. Dedé foi vice de Volpi no segundo mandato. Em 2012 e em 2016, se candidatou a prefeito, com apoio de Volpi, mas ele enfrentou problemas jurídicos. Neste ano, Dedé estará fora das urnas, embora ainda não tenha anunciado oficialmente, e está na iminência de oficializar apoio a Kiko. Para Volpi, essa aproximação entre Dedé e Kiko, dois rivais, passa necessariamente pela composição feita e também perto de ser externada entre o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), padrinho de Kiko, e o deputado federal Alex Manente (Cidadania), suporte de Dedé. “Foi um adereço do acordo. Não acho que ele está a contragosto porque o cara acaba indo. Vai um pouco na dor, mas acaba apaixonando, vira paixão.” 

Juiz reconhece ‘equívoco’ em processo

O juiz Bruno Dello Russo Oliveira, da 1ª Vara de Ribeirão Pires, “reconheceu equívoco” ao declarar trânsito em julgado em processo no qual o ex-prefeito Clóvis Volpi (PL) responde por improbidade administrativa por ter deixado restos a pagar para seu sucessor, Saulo Benevides (Avante), entre 2012 e 2013. Para a defesa do político, a confissão praticamente leva à estaca zero o processo que poderia trazer dores de cabeça no campo jurídico para Volpi.

No dia 26 de junho, o magistrado condenou Volpi com base nas acusações do Ministério Público. Entre as penas impostas estavam multa (de 30 vezes o subsídio do prefeito) e suspensão dos direitos políticos por cinco anos. Em que pese o direito a recursos, seja em primeira instância ou no TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), a promotora Paula de Figueiredo Silva, de Ribeirão, e Russo Oliveira declararam que a ação havia transitado em julgado (sem cabimento de contestação) e que os órgãos de controle deveriam ser comunicados – para incluí-lo em lista de ficha suja.

A Lei da Ficha Limpa determina que são inelegíveis condenados por órgão colegiado – não é o caso da primeira instância – em crime praticado por dolo ou má-fé e com trânsito em julgado. Para a defesa de Volpi, “houve erro grosseiro de contagem de prazo e desconhecimento do conteúdo dos autos”.

O magistrado reconheceu o erro em publicação oficializada ontem. “A análise dos autos revela que realmente houve equívoco no cadastramento do novo causídico (...) razão pela qual o procurador não recebeu publicação referente à decisão, que julgou os embargos declaratórios. Desta feita, após a retificação dos cadastros, publique-se novamente a decisão, reinaugurando-se assim o prazo recursal. Nestes termos, fica prejudicado o reconhecimento de trânsito em julgado, razão pela qual reconsidero o comando. Após a nova publicação do ato decisório, aguarde-se o decurso do prazo recursal.”
 




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