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Para especialista, Reforma da Previdência vai 'piorar'
Por Roney Domingos
Do Diário do Grande ABC
06/08/2003 | 00:09
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Uma das maiores autoridades do país em assuntos previdenciários, o vice-presidente da seguradora Icatu-Hartford, Nilton Molina, disse na terça-feira que o governo deverá fazer ainda mais concessões ao funcionalismo público para ver aprovada a reforma da Previdência em discussão na Câmara.

Integrante do grupo temático do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, que discutiu a proposta original da Previdência, Molina afirmou que o texto inicial derivou para um projeto que busca meramente o ajuste fiscal das contas do governo e que vai piorar.

Molina falou na terça-feira para cerca de 90 empresários no Ribeirão Pires Futebol Clube, a convite da Aciarp (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Pires).

DIÁRIO – A reforma da Previdência que está no Congresso é para valer?

NILTON MOLINA – É uma reforma fiscal, não é uma reforma da Previdência. É um ajuste fiscal da conta da Previdência nas contas públicas. Cria uma receita nova e diminui outras despesas. Será válida por 15 anos.

DIÁRIO – Quais as principais diferenças entre a proposta original e a que está sendo votada?

MOLINA – O discurso foi a melhor parte dessa história. O governo dizia que a espinha dorsal da Previdência seria a justiça social: que todos os cidadãos brasileiros seriam iguais na Previdência. Da proposta já gostei muito pouco, porque quando aumenta o teto dos benefícios é uma demagogia imensa. Quem paga essa conta é o chão da fábrica (os operários da iniciativa privada), que não percebe que paga essa conta. Claro que o discurso foi ótimo, a proposta foi aceitável, mas o que está no Congresso é fraco e na hora da votação vai piorar.

DIÁRIO – Em que pontos?

MOLINA – Vai piorar em relação àquilo que saiu da comissão, com mais concessões. Estamos correndo o risco. Quanto maior o teto, maior a desempregabilidade, porque fica mais caro empregar as pessoas.

DIÁRIO – Por que o governo cederia mais do que já cedeu?

MOLINA – Na primeira batida de pé já cederam. Tiveram uma reunião com o Maurício Corrêa (presidente do Supremo Tribunal Federal) e no dia seguinte mudou tudo. Você pode esperar tudo a partir daí. Se passasse a proposta original, continuaria como um ajuste fiscal, porque não mexe na doutrina, mas caminhava em um prazo mais curto para um pouco mais de justiça.

DIÁRIO – Qual o reflexo para o setor privado?

MOLINA – Piora. Quando aumenta o teto, aumenta a despesa, sem contrapartida de receita. Fica mais caro empregar as pessoas e aumenta a informalidade no emprego.




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