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Cloroquina causa polêmicas, mas especialistas tentam desmistificar a substância

Alternativa no tratamento à Covid-19, medicamento causa efeitos colaterais

Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
10/04/2020 | 23:50
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Pixabay


Vilã ou mocinha? Ainda não é possível ter uma conclusão com 100% de certeza sobre a atuação da hidroxicloroquina ou cloroquina no tratamento à Covid-19, mas a substância vem sendo cada vez mais usada pelos médicos. Inclusive o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), que ficou por sete dias internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital São Luiz, unidade de São Caetano, fez uso do medicamento, que auxiliou para que ele fosse um dos pacientes recuperados da doença. “Usei a hidroxicloroquina com outros medicamentos por oito ou nove dias. A médica me consultou, por ser medicação que tem alguns fatores (efeitos colaterais)”, explicou o político, que determinou o uso em pacientes da cidade – desde que tenham recomendação médica.

No início da semana, o Ministério da Saúde, por intermédio de fala do ministro Luiz Henrique Mandetta, liberou que os médicos prescrevessem cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento ao novo coronavírus – exceção feita a pacientes leves ou assintomáticos –, apesar de ponderar ao dizer que ainda aguarda testes clínicos para oficializar recomendação nacional. Anteontem, foi a vez de o prefeito da Capital, Bruno Covas (PSDB), autorizar o uso do medicamento nos hospitais municipais.

“A hidroxicloroquina não é nem totalmente tóxica ou perigosa, mas jamais milagrosa. É um fármaco que pode ter mais benefícios do que riscos, como todo fármaco, porém isso só ocorre se for usado de forma racional, adequada, e, neste caso, sob prescrição médica, obrigatoriamente”, afirmou a gestora do curso de farmácia e farmacêutica responsável pela Farmácia Escola da USCS, Cristina Vidal. “É considerada imunomoduladora e antiparasitária, aprovada para tratamento de artrite, lúpus e malária”, continuou ela, que apontou possíveis efeitos colaterais, como lesões hepáticas e lesões oftalmológicas, entre outros.

De acordo com a cardiologista Nicolle Queiroz, integrante do corpo clínico do Hospital Albert Einstein e que assumiu a UTI da Covid-19 em unidade do Hospital São Luiz, na Capital, médicos e pesquisadores ainda buscam desvendar tanto a doença quanto a ação do medicamento. “A Covid-19 é doença nova, está desenhando história dela e estamos aprendendo a ler, compreender e tratar junto com o desenvolvimento. Do ponto de vista de efeitos colaterais, pessoas que têm problema cardiovascular ou alguma arritmia documentada, tem propensão de aumentar esse espaço (intervalo) QT (representa a duração da sístole elétrica ventricular), levando à variante da taquicardia ventricular, que é um ritmo pré-parada cardíaca. Veja: por que vou expor meu paciente a um risco de sofrer uma taquicardia ventricular com uma coisa que não tenho certeza se funciona? Porque a cloroquina ainda está nos estudos e não temos dado concreto publicado em bula dizendo que, sim, é reconhecida para tratamento”, explicou. <EM>“Outra vertente diz que, se tenho paciente moderado ou grave, está internado com médico que vai fazer eletro dele todos os dias, observado, cuidado, pode ser boa aliada. Não temos evidência forte escrita, descrita em livro, mas a gente observa alguns grupos e pequenos estudos dizendo que tem certos resultados. Estamos no meio de uma pandemia. No amor e na guerra vale tudo”, ponderou ela. 




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