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Adiamento do Enem divide opiniões

Prova, que seleciona alunos para o ensino superior, continua marcada para o início de novembro

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
08/04/2020 | 00:01
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Nario Barbosa/DGABC


A pandemia do novo coronavírus causou estragos incalculáveis aos estudantes que pretendem buscar uma vaga em curso superior no fim do ano. Isso porque as aulas estão suspensas e ninguém sabe ao certo quando serão retomadas. Diante disso, já se ventila a possibilidade de suspensão da prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), marcada para novembro.

Engajada na educação, a deputada federal Tabata Amaral (PDT/SP) defendeu, por meio de postagem em sua rede social, que o Enem seja adiado, devido à suspensão das aulas em todo do País. “Enquanto alguns alunos têm o privilégio de continuar as aulas via EAD (Educação a Distância), outros estão desesperados, sem internet e sem comida na mesa”, escreveu a parlamentar. Entre profissionais da área a opinião é dividida.

O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa), órgão ligado ao MEC (Ministério da Educação) e responsável pela realização da prova, tem divulgado todas as etapas do calendário para a avaliação, que está marcada para os dias 1º e 8 de novembro. A Secretaria de Estado da Educação de São Paulo informou que segue apoiando os alunos que se preparam para a prova, com a oferta de conteúdo on-line, a partir do dia 22 de abril.

Mestrando na UFABC (Universidade Federal do ABC ) e coordenador do Núcleo Luz da Uneafro Brasil, cursinho comunitário com polos em São Paulo e no Grande ABC, Carlos Pinheiro avalia que o ideal seria o adiamento da prova. O coordenador argumenta que o perfil de aluno de cursinhos comunitários, embora variados, tem em comum a questão da vulnerabilidade financeira e precariedade social. “Uma parcela muito pequena destes estudantes tem acesso à internet banda larga, aos equipamentos necessários para videoaulas, aulas pela internet e até um local adequado e privativo para os estudos.”

Adiar a prova, na avaliação de Pinheiro, seria a única forma de garantir com justiça a oportunidade de estas pessoas participarem da disputa pela entrada no ensino superior e correr trás do tempo em que ficaram sem aulas. “O tempo de estudo foi perdido para as pessoas pobres, trabalhadoras, autônomos, quem está impedido de trabalhar. Estão vivendo do dia a dia atrás de ajuda para comer, tomar um banho, dormir e não estar em aglomerações”, completou.

Já para o CEO do AmigoEdu, plataforma de auxílio à educação superior, Beto Dantas entende que o calendário para as provas do Enem deve ser mantido. “As pessoas não vão deixar de entrar nas universidades se não houver o exame. As instituições vão promover os seus vestibulares”, argumentou. Para Dantas, o Enem democratiza a entrada do aluno no ensino superior e existem várias ferramentas disponíveis para que os estudantes sigam se preparando.

Jovens preferem que exame seja remarcado

Estudantes ouvidos pelo Diário foram unânimes ao afirmar que diante da suspensão das aulas por causa da pandemia da Covid-19, o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) deve ser adiado.

A jovem Marília Gabriela de Sousa, 16 anos, é aluna de uma escola privada em Santo André, cidade onde mora, e desde 2018 está se preparando para o Enem.
“Minha rotina varia conforme o dia. Durante a primeira semana de quarentena procurei me distrair um pouco mais e fazer atividades que eu não tinha o costume e o tempo de fazer, como ler e desenhar, por exemplo”, relatou. “Nas semanas seguintes fui modelando o cronograma privilegiando a minha saúde mental, para que, assim, alcance o meu objetivo fim”, citou.

Desde o ano passado, tem estudado de seis a oito horas diárias e, mesmo assim, a adolescente acha que o ideal seria adiar a prova. “Com a ausência de aulas presenciais acredito que muitos alunos estarão sendo prejudicados”, afirmou Marília.

Moradora de São Bernardo, Sabrina Pereira da Silva, 21, se divide entre os estudos em um cursinho comunitário e o trabalho em uma administradora de condomínios. “Tenho estudado com o material que o cursinho disponibiliza, com os roteiros de estudos que os professores enviam e via on-line”, explicou
A jovem tem conseguido dedicar cerca de duas horas diárias para a preparação. “Se o isolamento for prorrogado, a prova deve ser adiada, sim, pois os estudantes estão sendo prejudicados com a falta de aulas presenciais”, pontuou Sabrina.

Aluna da rede estadual em Mauá, Emily da Silva Ferreira, 17, tem usado as provas antigas do Enem para estudar e, dentro dos temas mais abordados, se dedica para assistir a videoaulas, fazer resumos e exercícios. Também tem recebido dos professores links de vídeos para reforçar a preparação.

Emily entende que, por causa da pandemia e das suas consequências, nem todos conseguem focar nos estudos. “A preocupação com tudo que está acontecendo fala mais alto. Então acaba sendo difícil aproveitar este tempo para estudar”, explicou. “E é preciso muito preparo para realizar a prova”, concluiu.  




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