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Demanda por produção de insumos cresce no setor químico

Indústria aponta incremento de 20%, mas fala sobre necessidade de mudanças em decretos

Por Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
29/03/2020 | 00:00
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Nario Barbosa/DGABC


A indústria química aparece no início da cadeia de praticamente todos os produtos, sendo essencial para embalagens, medicamentos, roupas, cosméticos, tintas entre outros. Na atual crise mundial, gerada pela pandemia do novo coronavírus, o setor, que possui 70 empresas no Grande ABC, se mostra ainda mais necessário. Apesar das dificuldades, a expectativa é que o segmento, que precisou aumentar em média 20% da produção, saia fortalecido deste período.

De acordo com o presidente da Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química) Ciro Marino, a última semana foi bastante dura, mas de diálogo constante com as autoridades. “Nós estamos em praticamente todas as linhas (de produção) e temos discutido muito com o governo para que ele deixe bem claro que a química e a petroquímica são indústrias essenciais para o País. Tanto o decreto federal, quanto o estadual (sobre a recomendação de quarentena), mencionam serviços e atividades essenciais. Mas, deixar o decreto dessa forma, em aberto, cria expectativa, porque fica a critério do órgão de fiscalização julgar”, afirmou ele, destacando que as conversas devem continuar neste sentido.

Por causa do aumento da preocupação com a higienização, princípio básico para evitar o contágio pela Covid-19, o incremento de produção também ficou na média de 20% para as empresas que produzem álcool em gel ou produtos de limpeza. Caso da Unipar, que possui planta em Santo André e que emprega aproximadamente 1.400 pessoas. A unidade é responsável pela produção de soda cáustica, utilizada para sabão e detergentes, e PVC, utilizado para fazer bolsas de sangue, soro, cateteres e demais equipamentos de saúde. A empresa também possui uma planta em Cubatão, a qual concentra produção de cloro usado no tratamento de água.

Segundo o diretor-presidente da companhia, Mauricio Russomanno, as demandas pela soda cáustica e pelo cloro tiveram incremento de 15%. “São produtos essenciais neste momento. As pessoas estão ficando mais em casa, higienizando as mãos mais frequentemente, isso sem falar em prontos socorros e hospitais. Para o PVC, tivemos redução de demanda no material que vai para a construção civil, por exemplo”, comparou ele, afirmando que a situação permitiu equacionar a produção utilizando a capacidade da unidade andreense.

Para passar por este período, a empresa criou um comitê de crise e também ativou um plano de contingência nas unidades (leia mais ao lado). Entre as mudanças está a implementação do home-office, por exemplo. “Desafio é manter a continuidade operacional com os trabalhadores seguros e saudáveis. Vamos ter que operar até o fim da crise assim. Entre as oportunidades, é a sociedade civil entender a importância do setor químico”, afirmou Russomanno, que também destacou que a empresa possui reserva de caixa para período de um ano.

“É difícil prever o futuro. A gente não sabe como vai ser a próxima semana. Mas o que enxergo é que, globalmente, a indústria percebeu que há dependência em excesso de insumos da China, o que coloca a todos sob risco. Nem sempre o menor custo é a melhor estratégia. Depois disso, se o Brasil fizer todas as reformas, podemos sair mais fortes, já que temos independência do petróleo e produção do etanol”, afirmou Marino.

Empresas da região implantam ações de combate ao novo coronavírus

Em meio à pandemia do novo coronavírus, as empresas do Grande ABC implantaram mudanças dentro das unidades e também anunciaram ações para minimizar os impactos econômicos. Dentro do plano de contingenciamento da Unipar, localizada em Santo André, foram implantadas máquinas e impressão de QR Code para aposentar o uso das canetas durante a identificação de fornecedores na recepção das fábricas, além do monitoramento do transporte de volumes.

“Instauramos ainda procedimentos como a medição da temperatura de todas as pessoas que acessam a fábrica, inspeções especiais de entrada dos motoristas com carregamentos nos sites, para operações de importação e exportação de insumos, e fizemos a projeção de estoques de produção de PVC, soda, cloro e clorados”, disse o diretor-presidente da companhia, Mauricio Russomanno. A companhia também passou a dimensionar a priorização de entregas dos insumos, com foco nas operações sanitárias, mais urgentes em meio à situação grave de saúde pública.

BRASKEM
A petroquímica Braskem disponibilizará a partir de abril uma nova expansão das linhas de crédito. Para todos os clientes adimplentes e com crédito já aprovado, uma linha adicional de R$ 1 bilhão ao custo de 100% do CDI poderá ser utilizada na compra de resinas plásticas, soda cáustica, solventes e especialidades químicas.

Disponível por prazo de 60 dias, o crédito poderá ser utilizado pelo cliente para compra de volumes adicionais, com maior flexibilidade nos prazos de faturamento de seus pedidos. 




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