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Da rua para a galeria
Adriana Feder
Do Diário do Grande ABC
09/03/2010 | 07:00
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O artista e professor universitário Célio Rosa, morador de Santo André, sempre esteve mergulhado nas artes plásticas. Mas uma vertente começou a atrair mais a sua atenção: o grafite. "As paredes das ruas deixaram de ser pichadas apenas com nomes de políticos e passaram a ser suporte de uma expressão artística de qualidade gráfica excelente", afirma.

Foi então que, a partir de 2007, ele decidiu documentar a arte urbana por meio de fotografias. Em seguida, achou que poderia passar aquilo para as telas. "Tento captar o que os artistas fizeram nas ruas e passar para tela com uma linguagem própria. Meu objetivo é divulgar que as paredes, os muros, os tapumes de obra, passaram a ser um suporte de artes plásticas. Muitas vezes as pessoas passam rápido de carro, de ônibus, mesmo a pé, e não percebem a pintura. O trabalho do grafiteiro é uma expressão artística que não podemos ignorar", diz.

O grafite na tela rendeu 23 obras feitas com tinta a óleo que estão a partir de amanhã, às 19h30, na exposição Território Livre, na Pinacoteca Municipal de São Caetano (Avenida Dr. Augusto de Toledo, 255), realizada pela Fundação Pró-Memória e Secretaria de Cultura da cidade.

Para complementar as obras de Rosa, quatro grafiteiros do Grande ABC - Jorge Tavares, Fabrício PB, Numa Junior e Job Leocadio - produziram trabalhos no próprio local . "Eles fizeram os grafites direto nos painéis, que têm mais de seis metros de comprimento e se tornaram grandes telas", explica Cláudia Monteiro, curadora da exposição.

Job Leocadio, grafiteiro de São Caetano desde 1986 que já levou seu trabalho para Berlim e Praga, acredita que transportar a arte da rua para a mostra é uma experiência enriquecedora. "O grafite quer romper a arte tradicional de galerias, mas elas são um veículo importante para o reconhecimento do grafite em si" diz Job, que também ensina a linguagem a jovens carentes.

Job vai expor um poste de rua cheio de fios emaranhados que representa a superpopulação dos centros urbanos. "Meu grafite fala do mundo caótico, da modernidade, da velocidade de informação. Não é leve, mas é belo", explica.

Ao contrário das linhas e cores escuras de Job, os outros artistas optaram por mais colorido e formas figurativas. É o caso de Fabrício PB, que trabalha com anti-heróis e trará um pouco da arquitetura de São Caetano com esses personagens de desenho.

Território Livre Exposição. Pinacoteca de São Caetano até 30 de abril, com visitação de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, e aos sábados, das 9h às 13h. A entrada é gratuita. Mais informações, na Secult, pelos telefones 4232-1237 ou 4232-1294.




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