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Política cambial inibe geração de empregos
Por Priscila Dal Poggetto
Do Diário do Grande ABC
09/05/2007 | 07:06
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Cerca de 2 milhões de empregos deixarão de ser gerados até 2011 nas seis principais regiões metropolitanas brasileiras se a atual política cambial for mantida. A avaliação, divulgada terça-feira, foi feita pela Fecomercio SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo). A faixa que mais será prejudicada pela falta de oportunidades é a dos jovens adultos, que hoje corresponde a 50% da população desempregada.

“O Brasil está falsamente beneficiado pelo processo de intensa valorização do real. O efeito cambial demora três anos para ser sentido”, destaca o presidente do Conselho de Planejamento Estratégico da Fecomercio SP, Paulo Rabello de Castro, que comparou o efeito cambial ao uso de anabolizantes. “O efeito não é equilibrado.”

A ilusão a que Castro se refere está no fato de que a valorização do real estimula o poder de compra do mercado interno, mas torna o salário do consumidor mais caro. Resultado, o Brasil perde a competitividade em relação aos concorrentes externos e emprega menos. Além disso, o desequilíbrio aumenta a necessidade extra de arrecadação tributária, para se manter a estabilidade da moeda.

De acordo com dados do Banco Central, em março deste ano um trabalhador no Brasil chegou a custar US$ 95,9 por hora. No mês, o dólar chegou a R$ 2,1067. Já em dezembro de 2002 – quando um dólar atingiu R$ 3,798 – cada trabalhador custava, em média, US$ 40,4, por hora.

Juros - A base do estudo aponta que a continuidade da atual política de juros – com cortes de 0,25 p.p. por reunião –, combinada com a manutenção das reservas acima de US$ 120 bilhões e do risco-país em 160 pontos-base fará a taxa de câmbio migrar para R$ 1,90 por dólar, já no terceiro trimestre deste ano. Ou seja, para a Fecomercio SP, a distorção cambial é ocasionada pela taxa de juros elevada, somada ao acúmulo de reservas internacionais e aos preços de commodities brasileiras em valorização. “Se não houver queda mais acelerada da taxa de juros e relaxamento de certas regras de crédito, a economia irá perder muito”, ressalta Castro.

Mudanças - O presidente do conselho da Fecomercio SP discorda dos cortes de 0,25 ponto percentual na Selic feitos a cada reunião do Copom (Comitê de Política Monetária). “O Banco Central erra por excesso de prudência. Essa pequena redução só deve ser feita quando o juro está na ponta do equilíbrio, o que não é a realidade, hoje.”, diz Paulo Rabello de Castro, que sugere a queda de um ponto percentual. Além disso, defende a redução imediata dos recolhimentos compulsórios, “sobretudo nos depósitos à vista”, e a reformulação do conselho monetário, para que haja a participação de especialistas independentes para aliar a estabilidade dos preços à expansão da renda e do emprego. “Hoje o que existe é um conselho de coisa nenhuma”, protesta o representante da Fecomercio SP.




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